sexta-feira, 5 de junho de 2009

Três pontos


1) Respondendo a um comentário de um(a) leitor(a), gostava de deixar claro que já falei aqui do IPOR inúmeras vezes, o que se pode verificar facilmente através de uma simples busca na pesquisa do blogue. Também já falei aqui do desinteresse e do desinvestimento do Estado Português em Macau, o que fincou bem vincado neste post, publicado há mais de um ano. A publicação dos novos estatutos do IPOR que o reduzem a uma simples escola de línguas e fazem prever o seu desaparecimento a curto prazo não é surpresa para ninguém, e só peca por tardia. Hoje o JTM noticiou que o tal representante do Estado Português já não vem para as comemorações do 10 de Junho, e não surpreenderá se mais uma vez o Governo de Portugal não mande ninguém. O conselho que tenho a dar aos portugueses em Macau é o seguinte: se forem residentes permanentes da RAEM, façam valer os vossos direitos através das instituições do território, assim como qualquer outro residente de pleno direito. Se querem investir em Macau, façam-no, mas não esperem regalias especiais ou um tratamento diferenciado de um outro qualquer investidor estrangeiro. Se não são nem residentes permanentes, nem investidores, façam como se diz na minha terra: "desamerdem-se". Sempre é melhor que pensar com o coração, só para depois o verem despedaçado.

2) Ng kwok Cheong disse à agência lusa, em declarações publicadas na terça-feira no Hoje Macau: "Vinte anos depois do massacre na praça de Tiananmen, o pró-democrata Ng Kuok Cheong defende que Pequim “já teve o seu castigo” ao passar a integrar o mundo capitalista, ao ser a “fábrica do capitalismo”. Deputado à Assembleia Legislativa pela Associação do Novo Macau Democrático, Ng Kuok Cheong era, em 1989, director do departamento de crédito e empréstimos do Banco da China, cargo que abandonaria depois de se envolver nas manifestações de apoio aos estudantes que decorreram no território e juntaram cerca de cem mil pessoas. Apesar de sublinhar ser um opositor do regime, Ng Kuok Cheong salienta a sua condição de cidadão chinês e lembra que a repressão autorizada pelo partido contra os estudantes acabou por “destruir” o socialismo na China. Contribuiu mesmo para acabar com o campo comunista e com a experiência do socialismo no mundo. “Há vinte anos, Deng Xiao Ping e os outros líderes sublinharam que tudo tinha sido feito para proteger o socialismo e o partido, que queriam proteger o país da entrada do capitalismo do ocidente, mas deixaram cair Marx, Engels, Lenine e também Mao Tse Tung, passaram a integrar o mundo capitalista, passaram a ser a fábrica do capitalismo" (...) Duas décadas depois, Ng Kuok Cheong reconhece que muita coisa mudou no mundo e na China e explica porque continua, ano após ano, a recordar o 4 de Junho. “O problema é que o partido continua a controlar a informação e quando isso acontece qual é verdadeiramente a conquista, o que é a real actuação do Governo?”, questiona.". E foi só isto. No vejo aqui onde o líder do NMD diz que a China estaria melhor sem as reformas, ou onde vem demonstrar algum tipo de apoio às ideias de Marx, Engels, Lenine e Mao, ou afirmar-se estalinista. Não compreendo o editorial do director do JTM, José Rocha Dinis, publicado na edição do JTM de quarta-feira, especialmente quando o mesmo artigo foi publicado ipsis verbis nesse mesmo jornal no dia anterior. Ou há aqui alguma confusão, ou muito má vontade.

3) O Clarim publica hoje uma reportagem de José Miguel Encarnação sobre a actualidade política no território, onde se pode ler no último parágrafo: "A missão de Agnes Lam. A docente da Universidade de Macau, Agnes Lam, confirmou no início da semana que é candidata à Assembleia Legislativa. De acordo com fonte bem informada, trata-se de «uma candidatura encomendada pelo Governo», que tem como objectivo «retirar votos aos democratas. Os estudantes universitários costumam votar no Novo Macau Democrático e um voto pode fazer toda a diferença». Agnes Lam irá apresentar-se às eleições auto-rotulada como defensora da classe média, esquecendo-se, no entanto, que «a ATFPM já representa os funcionários públicos e a associação de Chan Meng Kam [Associação dos Cidadãos Unidos de Macau] controla a zona Norte da cidade».". Isto não surpreendende ninguém. Há já muito que se percebem quais as verdadeiras intenções de Agnes Lam ao concorrer à AL. Só não vê quem não quer.

2 comentários:

Victor disse...

Discordo de muitas opiniões e afirmações do deputado Ng Kuok Cheong, mas tenho de confessar que gostei de ler a entrevista que deu à agência lusa e a analáse que fez dos acontecimentos e impacto que tiveram no desenvolvimento político e económico da China.

Quanto ao editorial do JTM, acho sinceramente que o autor não entendeu minimamente o que foi dito na entrevista. Não há outra explicação.

Anónimo disse...

Plenamente de acordo com o Victor. Ou então há muito má vontade do RD, o que também não surpreende ninguém. Basta ver o que ele tem escrito ao longo dos anos sobre os deputados do NMD.