Foi finalmente apresentada a lista "de matriz portuguesa" às eleições para a Assembleia Legislativa. A lista chama-se "Voz Plural, Gentes de Macau" (VPGM) e prima pela originalidade, pela juventude e pela multiculturalidade. Essa promessa foi cumprida, pelo menos. Originalidade porque se apresenta como uma lista cheia de caras novas, quando as suas antecessoras, a "Macau Sempre" e a "Por Macau" pautavam-se pela aposta nas mesmas caras de sempre. Resta conhecer em detalhe as suas prospostas.
Juventude porque dos doze elementos da lista, 11 têm menos de 50 anos, e três deles menos de 30. Nestas coisas da política, alguém com 50 anos é considerado "um jovem", enquanto alguém na casa dos 30 é considerado "um velho", o que perpetua o conceito de que a política é "uma coisa de velhos". Multicultural porque conta com sete macaenses, um deles de origem cabo-verdiana e outro de origem indiana, dois portugueses metropolitanos, dois chineses de Macau e até um filipino.
Como se esperava, Casimiro Pinto encabeça a lista. Casimiro Pinto, também conhecido por Miro, é intérprete-tradutor dos SAFP de profissão, cantor, compositor e apresentador por vocação. Miro tem sido a cara do "sangue novo" que a comunidade macaense prometeu injectar na sua já tradicional estrutura política. De fora ficam "os mesmos de sempre", resta saber se é mesmo "para dar lugar aos novos", ou para evitar os ultra-violentos raios ultravioletas de uma mais que provável derrota.
Dos restantes elementos da lista temos pessoas de vários quadrantes e profissões. O nº 2 é Jorge Godinho, português radicado em Macau, doutorado em Direito e professor universitário. A nº 3 é Jenny Lao, professora do Instituto Inter-Universitário de apenas 29 anos, investigadora na área dos negócios tradicionais e das famílias de Macau e da vida associativa do território, e directora da revista Sign-In. Duas apostas que provam que a escolha no campo do ensino superior e da investigação não acabam em Agnes Lam.
A nº 4 é, na minha humilde opinião, a maior e mais agradável surpresa. Nem mais nem menos que Paula Carion, 26 anos (a mais jovem da lista), tradutora de chinês-inglês, actriz nos tempos livres e karateca medalhada nos Jogos Asiáticos. Já imaginaram a nossa Paula lá na AL? Cada vez que Au Kam San proferisse insultos da mesma estirpe com que brindou ontem o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Lau Sio Io, levava um golpe que lhe estragava aquele novo penteado que ainda não se percebe muito bem se é retro, ou avant-garde.
Mário Évora, o nº 5, é o veterano da lista. Nascido em Macau há 55 anos, filho de pais cabo-verdianos, é director do Serviço de Cardiologia e Director hospitalar do CHCSJ. Uma mais valia a assinalar. Os restantes elementos são Isa Manhão (empresária de relações públicas), Rodantes di Tuejano (dirigente de uma associação de filipinos; teria um peso enorme se a maioria dos dez mil filipinos em Macau pudesse votar), Pedro Lobo (professor da EPM), Sharoz Pernencar (professor de português da Escola Luso-Chinesa), Guiomar Pedruco (empresária, ex-Miss Macau), Chiang Tat Chi (arquitecto) e Herman Comandante (funcionário público). Um pouco de tudo.
Não vou fazer campanha eleitoral aqui no blogue, e não vou dizer se vou ou não votar nesta ou em outra lista. Prefiro esperar pelo fim da campanha eleitoral, para depois da devida reflexão, fazer a escolha mais acertada. Mas esta lista surpreende pela positiva, e vem calar muitas vozes (incluíndo a minha) que criticaram o timing, a ideia e a própria razão de existir de uma lista desta natureza. Mas com ou sem derrota, a aposta foi bem feita. Congratulo-me que, apresentando uma lista, seja esta. Estão de parabéns. Agora venham daí essas propostas!
6 comentários:
Pois, realmente também não sei se são bons ou maus. Mas uma coisa é certa: a diversidade que esta lista apresenta é de louvar. Isto sim, é uma lista gira, multiétnica, representando Macau ou, pelo menos, aquilo que eu gostava que Macau fosse realmente.
Lista de matriz portuguesa???? diz ele
com um membro filipino que é lider de uma associação de filipinos em Macau.
Se calhar a minha avó é de Cebu e eu não sei
Ao que isto chegou.
como já andam quase todos à bulha.... o final triste adivinha-se....
MATRIZ: que dá origem; principal; lugar onde alguma coisa se gera.
Numa região em que os portugueses serão 0,5%, no máximo, o anónimo das 22:02 considera que uma lista de 12 em que 9 são portugueses ou de origem portuguesa não pode ser considerada de matriz portuguesa. Tem um filipino, se calhar é de matriz filipina, pronto. E se calhar não se perdia nada se o anónimo tivesse uma avó de Cebu. Era capaz de lhe abrir um bocadinho os horizontes.
tenho duvidas que vai conseguir eleger um deputado...e eles tiveram a coragem de fazar uma lista de 15 pessoas...tantas pessoas para que?
há aqui um que deixou a mulher para ficar com a empregada de certeza...
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