quarta-feira, 10 de junho de 2009

Isto de ser português


Ser português. Tenho dias de que me orgulho, outros que nem tanto. Enquanto tento perceber porque celebramos o nosso dia uma data em que perdemos a independência (e logo para os espanhóis) e em que morreu o nosso maior símbolo nacional (e tinha que ser um poeta), levanto um copo à nossa nação velhinha e imortal, e faço um brinde.

Somos um país simpático, à beira-mar plantado. Fomos um dia uma grande potência, um pouco à semelhança do que são hoje os Estados Unidos da América, se bem que há 500 anos eramos, assumidamente, uma potência colonizadora. Apesar de não termos o mínimo jeitinho de mandar em ninguém, espalhámos a semente da lusitanidade, e ainda hoje conseguimos encontrar sempre algures no mundo qualquer coisinha de que nos podemos orgulhar: um monumento, um vestígio, uma tribo qualquer que tem qualquer coisa a ver connosco.

Acho que ser português é melhor que ser inglês, francês ou espanhol. Dá-nos menos responsabilidade. Na hora das grandes decisões ninguém olha para nós ou nos pede a opinião. Ser português tem graça. A selecção nacional, por exemplo, reflecte a nossa grande ambição apesar da pequenez. Somos um país de dez milhões, o 77º no mundo atrás de banalidades como o Zimbabwe, a Guatemala, o Cambodja ou o Níger, mas queremos ser grandinhos como a China, a Alemanha ou a Espanha. Estamos ali na pontinha da Europa, e as más-linguas (normalmente holandeses e belgas) chamam-nos "o cu da Europa". Se os senhores percebessem alguma coisa de geografia e anatomia, viam que o "cu da Europa" é a Coreia. Nós somos a proa, a primeira coisa que se vê da América.

O que não falta são coisas de que nos possamos orgulhar: uma costa maravilhosa, o melhor clima do mundo, a paz, uma culinária entre as melhores do mundo. Os problemas estruturais e funcionais não são nada perante as coisas positivas. Têm isto tudo, e depois um pouco de nada. Conseguem viver assim? Eu digo que sim, mas sou suspeito. Deixei o nosso adorado rectângulo há quase 20 anos e não penso em voltar tão cedo para ficar. Mas hoje está de parabéns. Feliz aniversário, Portugal.

5 comentários:

Anónimo disse...

maiie nada...quem e' q manda

Português Enojado disse...

Só não percebo por que é que não tenciona voltar. Se eu tivesse essa ideia de que Portugal é um paraíso, não queria estar tão longe. Quando se trata de Portugal, há qualquer coisa no Leocardo que não bate certo.

De resto, da história também me orgulho. Quanto ao que Portugal é hoje, mete-me nojo. Também não quero voltar, mas pelo que acabo de explicar. E o Leocardo, é porquê?

Leocardo disse...

Porque estou radicado aqui, não porque Portugal "me mete nojo". Mas isso não quer dizer que não volte um dia.

Cumprimentos.

Irene Fernandes Abreu disse...

Eu vivo aqui há imensos anos, sempre a pensar que gostava de voltar, mas... para morrer de fome com a precaridade dos salários e dos empregos? Portugal é um país bonito sim, bom clima, paisagens e praias soberbas, gastronomia fantástica, ainda existe por lá muita gente boa, o pior é... o governo! Sim senhor, aquele país tão pequenino e está muito mal governado, bateu no fundo há já muitos anos, dificil de lá sair, a marginalidade e os vigaristas são os reis daquele pais. E por aqui me fico!

Anónimo disse...

Não me "mete nojo". Mete-me nojo mesmo, sem aspas. Se não percebia porquê, talvez com a explicação da Irene Abreu lá tenha chegado.

Porque está radicado aqui? Está porque quer. Se se quiser radicar lá, radica-se também. "Porque estou radicado aqui" não é justificação nenhuma.