Ser português. Tenho dias de que me orgulho, outros que nem tanto. Enquanto tento perceber porque celebramos o nosso dia uma data em que perdemos a independência (e logo para os espanhóis) e em que morreu o nosso maior símbolo nacional (e tinha que ser um poeta), levanto um copo à nossa nação velhinha e imortal, e faço um brinde.
Somos um país simpático, à beira-mar plantado. Fomos um dia uma grande potência, um pouco à semelhança do que são hoje os Estados Unidos da América, se bem que há 500 anos eramos, assumidamente, uma potência colonizadora. Apesar de não termos o mínimo jeitinho de mandar em ninguém, espalhámos a semente da lusitanidade, e ainda hoje conseguimos encontrar sempre algures no mundo qualquer coisinha de que nos podemos orgulhar: um monumento, um vestígio, uma tribo qualquer que tem qualquer coisa a ver connosco.
Acho que ser português é melhor que ser inglês, francês ou espanhol. Dá-nos menos responsabilidade. Na hora das grandes decisões ninguém olha para nós ou nos pede a opinião. Ser português tem graça. A selecção nacional, por exemplo, reflecte a nossa grande ambição apesar da pequenez. Somos um país de dez milhões, o 77º no mundo atrás de banalidades como o Zimbabwe, a Guatemala, o Cambodja ou o Níger, mas queremos ser grandinhos como a China, a Alemanha ou a Espanha. Estamos ali na pontinha da Europa, e as más-linguas (normalmente holandeses e belgas) chamam-nos "o cu da Europa". Se os senhores percebessem alguma coisa de geografia e anatomia, viam que o "cu da Europa" é a Coreia. Nós somos a proa, a primeira coisa que se vê da América.
O que não falta são coisas de que nos possamos orgulhar: uma costa maravilhosa, o melhor clima do mundo, a paz, uma culinária entre as melhores do mundo. Os problemas estruturais e funcionais não são nada perante as coisas positivas. Têm isto tudo, e depois um pouco de nada. Conseguem viver assim? Eu digo que sim, mas sou suspeito. Deixei o nosso adorado rectângulo há quase 20 anos e não penso em voltar tão cedo para ficar. Mas hoje está de parabéns. Feliz aniversário, Portugal.
5 comentários:
maiie nada...quem e' q manda
Só não percebo por que é que não tenciona voltar. Se eu tivesse essa ideia de que Portugal é um paraíso, não queria estar tão longe. Quando se trata de Portugal, há qualquer coisa no Leocardo que não bate certo.
De resto, da história também me orgulho. Quanto ao que Portugal é hoje, mete-me nojo. Também não quero voltar, mas pelo que acabo de explicar. E o Leocardo, é porquê?
Porque estou radicado aqui, não porque Portugal "me mete nojo". Mas isso não quer dizer que não volte um dia.
Cumprimentos.
Eu vivo aqui há imensos anos, sempre a pensar que gostava de voltar, mas... para morrer de fome com a precaridade dos salários e dos empregos? Portugal é um país bonito sim, bom clima, paisagens e praias soberbas, gastronomia fantástica, ainda existe por lá muita gente boa, o pior é... o governo! Sim senhor, aquele país tão pequenino e está muito mal governado, bateu no fundo há já muitos anos, dificil de lá sair, a marginalidade e os vigaristas são os reis daquele pais. E por aqui me fico!
Não me "mete nojo". Mete-me nojo mesmo, sem aspas. Se não percebia porquê, talvez com a explicação da Irene Abreu lá tenha chegado.
Porque está radicado aqui? Está porque quer. Se se quiser radicar lá, radica-se também. "Porque estou radicado aqui" não é justificação nenhuma.
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