sábado, 13 de novembro de 2010

Os blogues dos outros


Este vai ser um fim-de-semana de porra. Chegam hoje os altos dignatários para a reunião do Fórum Macau. Já se escreveu tudo acerca da reunião. Da importância da mesma, do papel de plataforma, da crescente importância do Fórum, da elevação do estatuto do mesmo que a presença de Wen Jiabao (sobretudo ele) confirma. Da vinda de José Sócrates. De José Ramos Horta. Enfim, já está tudo dito e escrito. Falta algo muito importante - o fim-de-semana, com as restrições ao trânsito, com as manifestações anunciadas, com o movimento de pessoas, com a segurança acrescida, com a preparação do circuito para o Grande Prémio, foi para o galheiro! Repito, vai ser um fim-de-semana de porra!

Pedro Coimbra, Devaneios a Oriente

Os cromos do Partido Democrático de Hong Kong são uns tipos simpáticos. Quando apanham um dirigente chinês à mão de semear fazem aquela cena "acudam que aqui há ladrão". Insistem que Macau é um prolongamento do tabuleiro político de Hong Kong, uma espécie de quintal das traseiras da luta de classes. Mas não é. Aliás não o é há 450 anos. Sempre foi diferente. A única ligação que há entre Macau e Hong Kong (para além do jet-foil) é que até ao século XIX quando os portugueses tinham o exclusivo do comércio com a China e o Japão os comerciantes ingleses tiveram que se alojar em Macau e daqui demandar os portos chineses. Depois de derrotarem e humilharem os chineses na Guerra do Ópio tomaram o penhasco de Hong Kong e ali fizeram o seu domínio. Á moda de Gibraltar. Mas Macau seguiu o seu caminho. Conta-se durante a guerra do ópio (não tenho de cor a data) o capitão da frota inglesa tentou convencer o governador português a também declarar guerra à China usando Macau para atacar as forças imperiais chinesas. Conta a história que o governador irritado mandou o dito capitão à merda, o que irritou o "bife" que ameaçou ocupar Macau. Durante cinco dias a frota inglesa sitiou Macau até que se retirou para Hong Kong. Desde essa altura se percebe que nada do que vem de Hong Kong é bom para Macau. Nada temos a aprender com eles, apesar de uns outros cromos, por exemplo o Sr. Procurador, acharem que o sistema da common law é excelente para Macau. Deus nos livre de tamanho embrulho.

Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho

José Sócrates pode ter estado à beira de se dirigir ao Centro Hospital Conde S. Januário, em Macau, em face das feridas nas pernas em consequência das mordidelas que o atingiram nas últimas horas. Bolas, que assim que apanharam o secretário-geral longe do Largo do Rato, apareceram sete cães ao osso. E o osso foi a canela do líder socialista. Antes, todos faziam vénias à boa maneira japonesa, no intuito de uma boa nomeação para um qualquer tacho. Agora, que já sentem a mudança de chefe de governo como algo inevitável, até lhe arrancam a pele e os cabelos a sangue frio. Coisa muito feia. Feíssima, por aproveitarem a ausência em Macau para colocarem em parangonas que o "chefe" tem de ir para a rua. Lá diz o povo cheio de sabedoria, que há homens piores que os cães, porque não conhecem o dono...

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Uma história trágica, misteriosa, sinistra por vezes na impiedade com que as elites que nos governam parecem tudo fazer para afundar o direito à felicidade daqueles que aqui ficaram nas praias à espera do barco para o exílio, para a emigração ou para o império. Houve sempre, na 25ª hora, quando todas as portas pareciam fechadas e o triunfo da morte se anunciava, um recobro de energia ou um milagre. O milagre pode estar aí, a minutos da costa, em inexauríveis lençóis de ouro negro que as companhias de prospecção dão como certos. O milagre pode chegar amanhã sob a forma de um mandarim de óculos fundo-de-garrafa. Pena tenho que tudo isso, a acontecer, venha caucionar a madracice de um povo que desaprendeu a arte de ser grande, lançou para um canto a sua vocação marítima e imperial e mantenha no poder uma geração de governantes amadores, semi-letrados e irrelevantes que não mereciam o poder nem o conquistaram. Já estou suficientemente experimentado para saber como seriam aplicadas as receitas do ouro negro, como sei que a compra da dívida pelos chineses terminaria com mais empréstimos, mais endividamento e mais despesismo. Dizia ontem Pacheco Pereira que o BE e o PC querem uma revolução. Talvez tenham razão, pois basta andar pela rua para nos apercebermos que é isso precisamente o que querem os portugueses: uma revolução. Eu não pediria uma revolução de rua, nem da base para o topo, nem do topo para a base, mas uma revolução na cultura democrática, na transparência, no serviço público, no amor da pátria, do seu passado como da sua destinação; em suma, pediria pouco menos que o impossível. Mas tenho fé, pois a razão há muito me contou o final da história. Que venha o milagre!

Miguel Castelo-Branco, Combustões

Quais são os requisitos necessários para estar no Facebook ?
- Excesso de tempo livre ou uma vontade indomável de inventar desculpas para não trabalhar
- Auto-estima necessariamente desregulada (ausente ou em excesso)
- Inexistência de amigos a sério
- Vontade de engatar (ou tentar), em regra por parte de quem não tem arte ou qualidades naturais para o fazer pessoalmente
- Falta de vergonha na cara
Quem está no Facebook ?
- Em geral, atrasados mentais
- Gente que desconhece em absoluto o significado das palavras “privacidade”, “recato” e “pudor”
- Gente que, por um motivo ou outro, tem pouco que fazer
- Gente que até trabalha ou estuda (uma minoria) mas é pouco criteriosa quanto à forma como gasta o seu tempo livre
- Gente excessivamente envergonhada ou excessivamente desavergonhada
- Gente que quer engatar gente (sobretudo casadas e casados)
- Gente só
- Gente triste
- Gente que não tem uma vida própria
- Gente que não interessa ao Menino Jesus
Para que serve o Facebook ?
- Para engatar
- Para engatar
- Para engatar
- Para gastar o tempo livre de uma maneira cretina e improfícua, com o convencimento de que se está a “fazer” algo, quando na realidade não se está
- Para divulgar fotos pessoais e por vezes íntimas (incluindo fotos de terceiros que não o autorizaram e, pior, por vezes da própria família, incluindo, Deus me valha, dos inocentes filhotes, que não fizeram mal nenhum para que tal lhes acontecesse)
- Para praticar masturbações públicas (eu venho-me com este filme, com aquele local, com um certo livro, etc.), pensando-se que isso interessa sinceramente a alguém


Roberto, O Dono da Loja

4 comentários:

Anónimo disse...

Adoro ver aqueles deputados do Partido Democrático de Hong Kong,o Long Hair,o careca e gajo de óculos,faz falta estes este tipo de deputados que diz as verdades todas mesmo quando os outros não querem ouvir:È pena não haver deputados assim em Portugal para o Sócrates ouvir das boas.

Anónimo disse...

o texto sobre o facebook está épico :)

Anónimo disse...

O texto do Facebook está bom, mas comete o erro de ignorar que há gente que só usa o Facebook MESMO para reencontrar amigos de quem o rasto andava perdido e que não aceita "amizades" de gente que não conhece.

Anónimo disse...

Acho que o João Severino estava a referir-se ao editorial do Rocha Dinis sobre o Socrates, ao dizer que ele nao dura muito mais no Governo. Boa!