quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Esperamos sentados


Gostei bastante (mais uma vez) do artigo assinado por Paulo Reis na edição de hoje do Hoje Macau, dedicado ao Hotel Bela Vista, que serve actualmente de residência ao cônsul-geral de Portugal em Macau. Era um tema que queria abordar há já algum tempo, e queria aproveitar agora a deixa.

O hotel Bela Vista, um dos edifícios mais belos de Macau, está vedado ao grande público desde os anos 90, altura em que foi concedido gratuitamente por um período de 50 anos (os tais 50 anos) ao Governo português, para "instalar o cônsul-geral e outros funcionários consulares". O edifício foi construído em finais do século XIX, e foi primeiro propriedade de um casal inglês. O Hotel Boa Vista, como era conhecido, mudou para o nome actual em 1936, quando reabriu para acolher refugiados portugueses da Guerra do Pacífico.

Foi adquirido pelo governo de Macau ainda durante o tempo da administração portuguesa em 1990, e fechado em Abril de 1999. O hotel abre ao grande público ocasionalmente, ora no 10 de Junho, dia de Portugal, ora durante a visita de alguma alta individualidade do Estado português. Escusado será dizer que ao cidadão chinês médio, que não se interessa por altas individualidades do Estado português, é-lhe impossível visitar o hotel.

Paulo Reis sugere que o Bela Vista "devia ser também a sede da Casa de Portugal", ou "um ponto de encontro da comunidade portuguesa". Boa ideia, mas deixe-me acrescentar, da comunidade portuguesa, e não só. O hotel é antes de mais património de Macau, e toda a população deveria poder usufruir dele. O cônsul-geral de Portugal, actualmente o Dr. Manuel Cansado de Carvalho, não reside no hotel propriamente dito, mas numa moradia anexa.

O hotel está fechado, o andar superior está vedado, a mobília está lá toda, limpinha, impecável, e já tive oportunidade de visitar o seu interior várias vezes. No último dia 10 de Junho levei lá um casal amigo que se encontrava de passagem por Macau, mas a minha visita foi interrompida por uma menina que suponho ser a filha do sr. cônsul, e que se encontrava lá a brincar com os amiguinhos, e que me perguntou "se queria qualquer coisinha". Quando digo "menina" até estou a ser simpático, pois trata-se de uma "little lady" de pelo menos os seus 16 anos.

Talvez haja aqui alguém que se esquece que o Hotel Bela Vista não é propriedade privada, ou talvez tenha sido cometido algum excesso de zelo, não sei, mas a verdade é que virei as costas àquela suposta "figura de autoridade", e espero que para o ano a brincadeira não se repita. Não é para isto que serve o Hotel Bela Vista. O que vale é que no dia 20 de Dezembro de 2049 acaba a palhaçada. Mas por enquanto, o melhor é esperar sentado.

11 comentários:

Anónimo disse...

Caro Leocardo,

Um pequeno detalhe que fará toda a diferença: O consul de Portugal vive no antigo Bela Vista e não numa residência anexa. Essa residência deveria ser a casa do presidente do IPOR, mas deve estar podre pelas infiltrações e falta de manutenção.
Também concordo que a casa poderia ter outro fim, mas também não podemos invadir o espaço privado de quem lá vive! É que de facto vive mesmo!
obrigado por me conceder este seu espaço

atenciosamente

um curioso de Macau

Anónimo disse...

Então o Leocardo invadiu a privacidade da família do Sr. Cônsul? Deve ter sido sem querer.

AA

Leocardo disse...

Invadi o quê? Foi no dia 10 de Junho. E aquela não é a casa DO sr. cônsul.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Não terá por acaso invadido os aposentos da filha do Sr. Cônsul por engano? Errar é humano.

AA

Leocardo disse...

Não, garanto que a menina estava a brincar com os amigos no salão do 1º andar. E importa sublinhar que todos os anos me passeava por lá - bem como outras pessoas - sem qualquer problema.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Ó pá, deixem-se de parvoíces com o Consulado -- onde é que se viu invadir qualquer consulado português no mundo com a maralha. É mesmo ideia abrilina e parola.
Reconquistem a Santa Sancha ou reclamem o clube militar! É mais à mão, tem comes, salas, e não há meninas consulares à mão, mas simples mão de obra estrangeira, de que o Leocas tanto gosta...

Leocardo disse...

Agradeço o entusiasmo do anónimo das 18:48, mas esquece-se de um pequeno grande detalhe: ninguém está aqui a falar do Consulado Geral de Portugal, esse sito no antigo Hospital de S. Rafael, na Rua Pedro Nolasco da Silva. É lógico que não tenho nada a dizer sobre esse edifício, esse sim propriedade do Estado Português, onde funcionam os serviços consulares.

O que estamos aqui a falar é da residência do cônsul-geral, na Av. Tanque do Mainato, à Penha, um local fabuloso que em vez de servir a população serve para a menina brincar com os amigos. Só isso. Esclarecido, agora?

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Com 16 aninhos, o Leocardo também se podia ter juntado à brincadeira...

Anónimo disse...

Estou esclarecido Leocardo e até nem discordo totalmente. Contudo já viu os catitinhas dos diplomatas portugueses abrir alguma das palacianas residências consulares (ver Rio de Ja.) por esse mundo fora à maralha? Aliás há-de dizer-me que país o faz às suas comunidades.. Ó fazes! A malta da Caravela e a lateirada que por aí anda no Afonso refastelada no Bela Vista hahahah! E porque não a associação das mulheres democráticas a jogar mahjong? Também são "população"... Continuo: ocupação democrática do Clube Militar JÁ!! O Geraldes até é capitão de Abril!!

Anónimo disse...

O que acho piada é que com esta historia em que puxas dos galões por teres virado as costas a uma menina de 16 anos - a filha do Consul - ela ficou a saber que tu és, ó leocas!!!

És muito burro, meu!

Anónimo disse...

lol.

Pede-se informações à filha do cônsul sobre quem é o Leocardo. Está tudo nas suas mãos, menina!