Já aqui falei das
parafilias, as tais obsessões fora do normal. Hoje chegou o dia de falar de fobias, um tema igualmente diverso e interessante. Designa-se por "fobia" o medo tido por irracional de certas pessoas, animais, objectos ou factores naturais e do dia-a-dia. Tal como as parafilias, basta juntar o nome grego do medo em questão, e acrescentar-lhe "phobia", do grego
phóbos, que significa isso mesmo: medo.
Algumas são perfeitamente conhecidas e utilizadas frequentemente na nossa língua: a
homofobia, literalmente "medo do mesmo", utilizada frequentemente para designar o repúdio pelos homossexuais, a
xenofobia, o medo de estrangeiros, a
claustrofobia, medo dos lugares fechados,
aracnofobia (medo das aranhas), ou a
acrofobia, o medo das alturas, também designada por "vertigo". Existem alguns medos relacionados com a saúde bastante comuns e justificáveis, como a
cancerofobia (medo do cancro) ou a
diabetofobia (medo dos diabetes). Alguns um tanto ou quanto estranhos, como a
dermatofobia (medo de lesões na pele), a
albuminurofobia (medo de doenças renais) ou a
meningitofobia (medo de doenças cerebrais). Outras são completamente absurdas, como a
genofobia (medo de joelhos) ou a
cardiofobia (medo do coração).
Há fobias bastante difíceis de explicar. Por exemplo sabia que a
agateofobia é o medo da insanidade? Uma verdadeira contradição em termos. A
alliumfobia é o medo do alho, e a
melissofobia é o medo de abelhas, essas simpáticas criaturas que pousam de flor em flor, e a
selenofobia é o medo da Lua? Verdadeiros casos de psicose. Quem é que pode ter medo das abelhinhas? Sinceramente. A
sesquipedalofobia (ou
hipopotomonstrosesquipedaliofobia) é o medo de palavtas compridas, um mal que se verifica especialmente entre jovens que se expressam através de forums de internet e mensagens de telemóvel. José Socrates até pode ter sido um engenheiro medíocre, e talvez sofra de
simetrofobia, ou seja, o medo da simetria. Mas não levem a mal o nosso PM, que é completamente insuspeito de sofrer de
pteromeranofobia, ou medo de mentir. Isto é apenas fruto da minha
politocofobia. Isso mesmo.
O tipo de macho lusitano que normalmente visita o Bairro do Oriente não deve ter problemas de
heterofobia (medo do sexo oposto),
colpofobia (medo dos genitais femininos) ou
genofobia (medo das relações sexuais), mas talvez lá no fundo pode sofrer um pouco de
fronemofobia (medo de pensar), principalmente quando o faz com a cabeça de baixo. Só não consigo entender a
itifalofobia, o medo de ver um pénis erecto ou ter o pénis erecto (!). O próprio pénis??? Um verdadeiro problema. Ainda no campo sentimental temos a
filofobia (medo de se apaixonar), a
virginitofobia (medo de ser violado/a), a
zelofobia (medo dos ciúmes),
filemafobia (medo de beijar), ou a
hedonofobia (medo de sentir prazer). Uma verdadeira loja dos horrores. Quem sabe ainda se nos tempos que correm é preciso alguma
hierofobia (medo de padres e coisas sagradas), por causa dessa autêntica onda de
contreltofobia (medo do abuso sexual) que por aí anda?
A xenofobia, ou medo de estrangeiros, divide-se em muitos ramos curiosos: a
francofobia (medo de franceses), a
japanofobia (medo de japoneses), a
judeofobia (judeus),
russofobia (russos) ou
sinofobia (chineses). Há quem tenha preocupações a longo prazo, como a
satanofobia (medo de Satanás),
zeusofobia (medo de Deus ou deuses), a
ouranofobia (medo do paraíso), ou a
estigiofobia (medo do Inferno), mas no fundo o que todos sofrem mesmo é de
tanatofobia (medo da morte), portanto não sejam tão
escatofóbicos (medo das fezes, pensei que ficava aqui bem). Quem se preocupa mesmo com a saúde é
farmacofobo (tem medo das drogas),
enofobo (vinho),
luifobo (sífilis), que são tudo coisas prejudiciais à saúde. Já quem tem
iatrofobia (medo de médicos),
dentofobia (medo de dentistas) ou
ablutofobia (medo de tomar banho), deve repensar o seu estilo de vida.
Existem ainda mil e uma outras fobias interessantes, e nem há espaço para todas. Procurem saber mais sobre a
automisofobia (medo de ficar sujo), a
catisofobia (medo de sentar) a
ideofobia (medo das ideias),
metrofobia (medo da poesia) ou a
novercafobia (medo da madrasta), e não se inibam de procurar a vossa fobia. E sem qualquer
alodoxafobia (medo de opiniões),
atelofobia (medo da imperfeição) ou
gelotofobia (medo de se rirem de mim), é assim que concluo esta modesta posta. Lá estou eu com a minha
ereutrofobia, outra vez...