Sangue de cão

1) Um grupo de tristes quis aparecer na televisão, e conseguiu. Cerca de 40 elementos de duas daquelas tenebrosas associações de operários invadiu ontem as instalações da TDM exigindo mais notícias locais, e dizendo-se “fartos de notícias sobre cheias” (lol, a sério). O líder de uma das associações exigiu falar com o director da TDM, Leong Kam Chun. Como Leong não apareceu (era Domingo...), o “operário” regou uma fotografia do director com sangue de cão e rasgou-a. A polícia foi chamada a intervir, e um operador de imagem da TDM sofreu uma ferida na perna, e foi assistido no hospital. No meio de tanta palhaçada, estes gajos até têm alguma razão. Os noticiários do canal chinês da TDM e a imprensa chinesa em Macau não informa condignamente a população sobre a actualidade local. Analiso regularmente as notícias da imprensa portuguesa e da chinesa aqui em casa com a patroa e as diferenças nos conteúdos são enormes. Talvez porque não lhes interesse muito que a opinião pública tenha, bem...opinião? Não sei, mas lá que têm razão têm. Aquilo do sangue de cão é que era mesmo escusado.

2) Tenho andado bastante distraído nos últimos dias, e perdi o início da recente onda de paranóia pela “segurança dos estrangeiros do território”. Hoje fiquei a saber de mais um caso, ou quase-caso, e tudo não passam de situações perfeitamente normais. Em primeiro lugar não reconheço que nenhuma das vítimas tenha sido atacada pelo simples facto de não ser chinesa, e em segundo lugar estas são situações que acontecem em qualquer parte do mundo. Macau não é nem podia ser a cidade mais segura do mundo, e não é nem nunca foi um oásis de segurança. Acontecem rixas, discussões, brigas, conflitos e tudo mais, e sendo a comunidade portuguesa uma das comunidades do território, é normal que por vezes se vejam envolvidos. Era o que faltava agora que ninguém nos pudesse tocar, e vice-versa, só pelo facto de sermos portugueses. Ainda somos uma quantidade significativa de gente. No entanto posso garantir que não existe má vontade nem nenhum tipo de ódio latente aos portugueses. E porque haveria de existir? Afinal salvámos a vida a estes gajos, um dia.