Fico satisfeito que os comerciantes de Macau voltem aos bancos da escola para aprender inglês. Acho isso bastante positivo, pois antes de mais nada, o saber não ocupa lugar. Quanto ao inglês propriamente dito, "i couldn't care less". Não é língua oficial, portanto é uma língua estrangeira. Irrita-me quando estou com aquelas pessoas portuguesas que falam inglês com outros portugueses só para que os estrangeiros presentes não pensem que estamos a falar mal. Patético.
Quando cheguei a Macau no início dos anos 90 pensei que a maioria da população falaria português (ingenuidade minha) ou inglês. Puro engano. Já devo ter escrito isto no blogue centenas de vezes, mas mais uma vez: "o que andam a ensinar a estes gajos na escola?". É que nem os mais jovens falam inglês. O inglês não é útil, ninguém está realmente interessado em meter-se com estrangeiros, e idas ao estrangeiro só de "tour".
Compreendo que seja complicado para um chinês a viver na China aprender inglês. É uma língua muito mais articulada que o chinês, cujas palavras são basicamente compostas por monossílabos. Depois há o problema do "erre", que os mandarins conseguem ultrapassar mais ou menos bem, mas os cantonenses nem por isso. Depois existe o factor da memória e do RAM, pois quando é preciso aprender milhares de caracteres chineses desde os três ou quatro anos de idade, não sobra espaço para muito mais.
Reparem como nem uma temporada no estrangeiro parece resolver o problema, e para isso basta olhar, por exemplo, para as nossas elites. O próprio CE, Chui Sai On, estudou no Hawaii e no Texas, mas está longe de falar um excelente inglês. O mesmo se passava com o anterior CE, Edmundo Ho, que estudou no Canadá. Isto não os desvaloriza um cêntimo, não têm obrigação nenhuma de saber inglês, e só o usavam normalmente para ser simpáticos com a imprensa estrangeira. Mas isto é bem demonstrativo do desinteresse: falar inglês em Macau não é decisivo para uma carreira de sucesso.
Além disso o Mandarim é falado por 1200 milhões de pessoas, o que já é de si mercado suficiente para encher a barriga, mas logo em cima temos o inglês com 1800 milhões de falantes, e precisamos de olhar para cima. Depois do falhanço do esperanto (o que estavam aqueles gajos a pensar?), o inglês "ficou" simplesmente como a língua internacional, como a língua franca, e é de esperar que alguém minimamente educado e sofisticado consiga expressar-se pelo menos um pouco na língua dos bifes e dos camones.
O objectivo desta iniciativa é, obviamente, tornar Macau uma cidade mais internacional, e isso passa, claro está, pelo turismo e pelo comércio local. Os hotéis, casinos, bancos, agentes de viagens e consultórios de dentista já estarão bem dotados de falantes de inglês, portanto agora isto passa mais pelo contacto da população com os estrangeiros que visitam o território. Esta iniciativa faz lembrar um pouco uma semelhante levada a cabo em Pequim por altura dos Jogos Olímpicos de 2008, e que não parece ter tido efeitos permanentes. Era bom que resultasse em Macau, pelo menos um bocadinho.
12 comentários:
O mais interessante destas figurinhas cá da terra, que tanto mal dizem do português, é que nem Mandarim sabem falar em condições. Como diz o Leo muito bem, o inglês é língua estrangeira, mas o mandarim não é. Antes de irem pelas orelhas aprender o inglês, deveriam era voltar á escolinha aprender a língua da pátria-mãe...
AA
Uma coisa é saber falar ingles e outra coisa é falar ingles com sotaque.Que eu saiba os madeirenses,açorianos,alentejanos,portuenses são portugueses apesar de falarem portugues com sotaque.Há muitos chineses que falam bem ingles só que falam com sotaque,o mesmo passa com os portugueses que falam muito bem ingles mas sempre aquele sotaque tipico de quem é portugues.Por exemplo o Mourinho.Em Hong Kong quase toda a gente sabe falar inglês,até o varredor de lixo.Quem não sai de Macau ou de Hong Kong não precisa Mandarim para nada,porque quase todos os chineses de Macau e Hong Kong não sabem mandarim,só sabem cantonense,embora o Mandarim seja lingua oficial de China e não cantonense
O Cristiano Ronaldo também fala mal ingles e russo mas no entanto faz sexo com várias delas.
O que é eu mais gosto é de os ouvir a dizer "I sink..." em vez de "I think...".
O Sócrates é que fala muito bem ingles: http://www.youtube.com/watch?v=MND0XT0WVJ4
o CE tb nao sabe Mandarin
Também há muitos portugueses que dizem "I sink" ou "I tink"... Para já não falar no "h" em início de palavra: 80% dos portugueses põem o "h" onde não devem e tiram-no de onde devia estar. Já o maior problema dos chineses, no geral, é omitirem os sons consonânticos no fim das palavras, o que torna algumas palavras imperceptíveis (não se percebe, por exemplo, a diferença entre "car", "card" e "cart"). Mas é inegável que os chineses de Macau cada vez sabem mais inglês.
Os chineses quando dizem "Show" em ingles dizem sempre "sou" :)
Quando os chineses me perguntam a idade em inglês engolem o "old" e dizem "how () are you?". Eu respondo sempre "great, thank you".
Os ingleses da inglaterra quando falam ingles parecem que tem uma batata na boca,acho que é a melhor maneira de um gajo aprender ingles,mete uma batata na boca e começa depois falar ingles.
Não gosto nada de dizer "thank you" porque soa a "fuck you",digo sempre thanks para não haver confusão
Sim, sem dúvida... Cada vez que ouço "thank you" percebo sempre "fuck you"... Um dia destes lavo os ouvidos.
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