Está a demorar a ir abaixo o último grande bairro de lata de Macau. Situado na Ilha Verde, o tal bairro tinha 1400 barracas nos anos 80, e mesmo quando cheguei a Macau (achei aquilo muito pitoresco) deviam ser ainda mais de um milhar. É complicado arrancar as pessoas das barracas, sabemos disso muito bem. Estas pessoas nasceram, cresceram e viveram em barracas, é tudo o que têm, e a ideia de “sair dali”, mesmo que seja para uma habitação condigna, é como que levar tudo deles. São pessoas que estão muito bem assim, e não lhes interessa muito se o mundo evoluíu, se é possível viver com alguma dignidade, são das barracas, pronto.
Durante os últimos dias a polícia registou no bairro de lata 25 incidentes que envolveram roubo, agressão ou uso de arma proibida, sendo o mais famoso aquele que se registou no dia 30, com um pai de família “barraquenha” a ser barbaramente agredido em frente ao filho menor, acabando no hospital esvaído em sangue. Ontem vi na TV a senhora proprietária daquela barraca a receber 65 mil patacas em dinheiro vivo de indemnização. Estava ali toda contente, a contar as notas antes de as enfiar num saco imundo que iria levar com o resto do ferro-velho, perdão, da mobília, numa carrinha daquelas que se alugam a 30 patacas à hora. Ainda disse poeticamente que “a barraca vale mais de cem mil patacas”, enquanto se babava para as notas de 500 e 1000 patacas que contava avidamente.
Olhando para a barraca, que estava nesse momento a ser demolida, deixa muito pouco a desejar à criatividade ou ao mínimo conceito racional de arquitectura. Era assim um barracão alto, estilo granja, de chapa, que mais parecia uma daquelas garagens onde os mecânicos penduram calendários com gajas nuas. A julgar pela facilidade com que as escavadoras derrubaram a parte superior da barrca, dava a entender que entrava ali imensa água quando chovia, e era talvez uma questão de tempo que a barraca caísse em cima da cabeça dos seus residentes, o que se calhar era uma forma eficaz de resolver o problema. Era um monte de lixo que ali estava deixado no meio de um terreno público, e ainda foi preciso pagar 65 mil patacas para tirar aquela merda dali.
Restavam hoje três barracas, uma delas muito
sui generis. Trata-se de uma espécie de restaurante, que nem chega a tasca, imundo e que caso a ASAE estivesse em Macau, mandava incinerar por razões de saúde pública. O café serve
mins, chás com leite e outras porcarias em condições sanitárias que deixam muito a desejar, e é considerado “pitoresco” por alguns
connaisseurs da treta. Alguns chegam mesmo a garantir que é "muito saboroso". Se calhar é da caspa ou do ranho que cai lá para dentro, ou do característico cheiro a chulé. O proprietário deste café – que vai ser indemnizado pelo “incómodo”, obviamente – diz que “espera que se mantenham as características deste local”. Meus amigos, que “características” são estas? Do miserabilismo onde se pode comer por cinco patacas mesmo arriscando uma salmonela? Do lixo, dos ratos e dos cães abandonados? Isto das barracas no meio da cidade não interessa a ninguém, e é uma vergonha que em Macau apenas se tenha debelado este problema em 2011. Na India estão a mijar-se de riso.
É preciso fazer desaparecer as barracas, e reprimir todas as tentativas de formação de barracas que não sejam de feira, e apenas em locais previamente designados. Uma vez levei uns amigos meus ingleses que me visitavam para aquela parte da cidade (queria levá-los ao Lam Mau, mas fomos lá parar), e um deles perguntou-me “se corríamos perigo ali”, em plena luz do dia. É verdadeiramente assustador que na cidade do grande capital, na meca do jogo, hajam sítios onde os putos andam a brincar na terra com a caca dos cães e com a pila à mostra. Ou roupa pendurada com uma carripana abandonada a fazer de suporte de varal. Ou cuecas penduradas nas janelas, com visão completa da rua para o esplendor do barracão. Quando vou a algum país com barracas, vejo-me à rasca para explicar aos meus filhos o que é aquilo e porque há pessoas a viver ali.
Será que é preciso um Terminator para acabar com as barracas da Ilha Verde? Pois, mas isto é um assunto muito sensível, que na administração portuguesa “foi impossível de resolver”, e agora é preciso fazer à força, com gritos, porrada e mulheres histéricas. E como as cenas são normalmente de violência e descontentamento, não falta a cobertura televisiva, que dá tempo de antena a gente importante de capacete com uma cara muito aflita. Uma grande pedra a escaldar nas mãos das Obras Públicas, do Instituto de Habitação e do Governo em geral. Vamos esperar que se resolva a bem, e sobretudo depressa.
22 comentários:
Bem, pelos vistos está quase resolvido. Eram barracas à portuguesa, com certeza!
á tuguesa não é decerto porque lá não recebes cash por algo que construiste ilegalmente.
Tá bem que te podem EMPRESTAR ( se tiveres crianças e fores duma minoria )um apartamento naqueles bairros dos prédios coloridos, literalmente, mas cash? lol.
Há coisas que só em Macau....
então e esse balancete de dezembro acerca das audiências por aqui, Leocardo?
Ui, se o pagamento foi feito em "cash", sem deixar pegadas para trás, a malta do CCAC já tem com que se entreter no novo ano! Bora lá Vasco, toca a investigar!
AA
Em Portugal quem vive em Barracas tem sempre uma boa casa a sua espera quando são desalojados da barraca.Vivem depois em Bairros Sociais.
Conheço o problema. Já em 1991 não havia barracas em Macau. Havia, sim, milhares de "habitações informais". Muitos dos que as habitavam pagavam renda aos proprietários, que viviam em casas decentes. Quando se procedia à demolição, entre ameaças aos funcionários do IHM e respectivas famílias,o proprietário (que tinha sido recenseado como habitante permanente) recebia uma outra habitação social, enquanto que o habitante efectivo ficava talvez no Centro de Habitação Temporária. Dentro dessa "informalidade" havia muito negócio pouco claro montado que, para permitir a demolição, implicava indemnizações também "informais", muito longe do conhecimento oficial. Assi san Macau!
Por outras palavras,há muita corrupção em Macau nestas demolições.Assi san Macau.
o Pinto da Costa ía gostar de Macau....
O Luís Filipe Vieira visitou Macau o ano passado por alguma razão. De certeza que não foi para festejar os êxitos da Casa do Benfica de Macau.
AA
O traficante corrupto de pneus com drogas do benfica também ia gostar de Macau.Aliás já esteve em Macau há uns meses atrás.
http://www.youtube.com/watch?v=FRleLZY8iqs
Voçê tem provas do que está aí a cagar?
é que ao contrário do Pinto da Costa, o LFV não tem 50 processos em tribunal, entre os quais agressões á mulher.
E o Pinto da Costa já foi condenado por corrupção, mas como estamos em Portugal e mesmo com 3 anos de suspenção, o Costa continuava a assistir aos jogos na bancada presidencial....
gente sem vergonha é assim.
"Voçê"? "suspenção"? Olhe que ainda vem aí o paranóico do costume dizer que eu ando a escrever comentários anónimos ☺
Cumprimentos
"Voçê tem provas do que está aí a cagar?"
Já viste os links do video e o video???Voces benfiquistas falam dos outros mas não olham para o espelho,porque será???E voces são tão burros que nem sabem que o vosso presidente tem cadastro no tribunal,já foi condenado no tribunal por tráfico de pneus.Já foram enganados pelo corrupto do vale azevedo,agora é o kadaffi dos pneus com drogas.
O pinto da costa já foi condenado por corrupção???????????????????????????????????????????????????????????????????????????Mas quando foi isso???Prova lá????????????????????????????????O Pinto da costa foi ABSOLVIDO de TUDO,se querem condenar o pinto da costa e o fcporto arranjem outra coisa,metam novamente a puta escritora com a travesti da Leonor Pinhão a escrever mais livros ahahahahahahahha.
Além de analfabeto,é burro,só podia ser benfiquista, ahahahahah.
é só veneno, esta malta do FCP.
que tristeza.
Veneno tens no CU.
é incrível como seja qual for o tema que o Leocardo lance, vai sempre dar ao mesmo: bola.
É o Ouroboros, o eterno retorno :/
o quem??!
Chamar travesti à Leonor Pinhão é que não está certo. Os travestis são-no por opção. A Leonor Pinhão não pôde escolher, nasceu hermafrodita.
Ser hermafrodita é bom,assim pode foder a si próprio ou própria ahahahahah.
Só que a Leonor Pinhão é tão feia, tão feia, que até se recusa a ir para a cama com ela própria.
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