quinta-feira, 1 de julho de 2010

Cruz Vermelha chinesa processada


Um editor homossexual chinês fez história ao tornar-se a primeira pessoa a processar a Cruz Vermelha chinesa por lhe ter recusado uma doação de sangue. O caso vai agora ser julgado no supremo tribunal popular em Pequim.

Wang Zhizeng (pseudónimo) foi doar sangue no edifício Xidan a 6 de Junho, e assumiu a sua orientação sexual no questionário de saúde, e foi-lhe dito pelos oficiais da Cruz Vermelha que não podia ser doador. "Não estamos a sugerir que os homossexuais, tanto homens como mulheres, não podem dar sangue como precaução. "Estamos apenas a seguir recomendações base do Ministério da Saúde", respondeu um elemento da Cruz Vermelha da capital chinesa.

Wang sente-se discriminado: "Que mal tem ser homossexual?". Li Yilong, responsável pela "Red Ribbon", o primeiro grupo social em Pequim que se dedica ao apoio de doentes com SIDA, diz que o sangue de Wang foi recusado porque "a maioria da opinião pública ainda pensa nos homossexuais como um grupo de risco do HIV/SIDA". "Existe um "período janela" para o HIV/SIDA, quando a pessoa é portadora, mas o vírus não consegue ser ainda detectado nos testes. Mesmo assim o portador torna-se contagioso", diz Li.

Entretanto Lu Jun, director do centro Yirening de Pequim, uma organização que promove a justiça social, diz que a recusa em aceitar doações de homossexuais "não se baseia em princípios científicos": "O procedimento é baseado na identidade, e não no comportamento do indivíduo", diz Lu, acrescentando que "os grupos de risco do HIV/SIDA não são os homossexuais, mas sim pessoas com vários parceiros sexuais".

Li Yinhe, uma pioneira no campo da investigação da sexualidade humana na China, criticou a recusa em aceitar doações, quando há um ano foi recusada uma doação a uma lésbica. Segundo esta especialista, a taxa de infecção por HIV/SIDA em heterossexuais em 2007 foi muito mais elevada que em homossexuais: 38% contra apenas 3,3%, o que tornaria mais lógico "recusar doações da parte de heterossexuais".

Huang Yizhi, advogada de Wang Zizheng, diz que a homossexualidade do seu cliente "é uma mera proclividade", que não implica um comportamento sexual promíscuo. "Ser homossexual não significa sempre ter relações homossexuais", diz Huang.

Wang Zizheng diz-se "confiante" na sua vitória neste caso, acrescentando que "concorda com restrições quanto aos homossexuais", mas que estas "têm que ser baseadas em factos científicos". Tudo o que ele pede é um pedido de desculpas da Cruz Vermelha, e que lhe seja permitido doar sangue. "De milhões de homossexuais na China, algum tem que lutar pelos seus direitos", disse Wang.

1 comentário:

Anónimo disse...

porque que tantos paneleiros tem que dar sangue???eles querem é show off e mais nada