sexta-feira, 16 de julho de 2010

Página 11


Fazia esta manhã a habitual leitura dos jornais, e fiquei pasmado com a página 11 do Hoje Macau. Antes de continuar este post, gostava de deixar claro que acho que José Drummond é um excelente artista plástico, e uma das poucas pessoas da comunidade portuguesa em Macau que se mexe pela arte.

Posto isto, considero que a crítica de Carlos Morais José, elogiosa por sinal, é bastante, digamos, “especializada”. Senão vejamos, sobre um trabalho de JD intitulado “The Pretender” temos três planos de uma fotografia de uma menina chinesa de pé numa floresta, com um ar triste, num vestido tradicional da província de (insira uma aqui), CMJ diz que: “Drummond transporta para o centro da imagem para aí desvelar, evocando formalmente o registo da bailarina na caixa de música, os fragmentos que entende melhor a significarem. The Pretender, não por acaso em suporte vídeo, conduz-nos a uma realidade virtual onde se expõem as pós-identidades – formalização de um conjunto de estereótipos rapidamente interiorizados no confronto com o Espectáculo e desenhado num complexo processo de identificações a esses neo-arquétipos. Estamos, porém, longe da representação e, pelo contrário, em plena vida, iluminada pela intervenção da esperança do sonho, poluída pela disseminação do controlo. Há neste exercício uma dimensão perturbante de realidade, de documentário, que perversamente capta e inclui o espectador num estranho looping de existenz.”

Depois sobre “The Aestheticist” uma imagem de um negativo de uma fotografia de mulher pintado com marcadores cinzento e vermelho (à direita na imagem), lemos que: “The Aestheticist se debruça sobre o mundo da representação, primitivizando os seus mais glamorosos ícones, numa intervenção plástica sobre figuras femininas na publicidade. Como o nome indica, é condensado no dualismo das cores a expressão fundamental do ícone. Este ainda subjuga ou não, depois da intervenção estética? Conseguiu esta reduzi-lo a uma expressão ainda eficiente, no seu primitivismo? Ao colocar estas questões The Aestheticist abre-se às inquietações do gosto, à formatação do belo, à simplificação do erotismo. E, como o nome também implica, a brutalidade da intervenção transforma-se em statement, plenamente irónico, sarcasticamente bruto, tremendamente eficaz.”

Finalmente em “The Fighter”, uma sequência de “peças construídas sobre folhetos de sauna erótica”, vemos esta imagem à esquerda, que dá a entender que a menina da sauna foi infectada pelo vírus ébola, ficamos a saber que: “Aterramos (...) no trabalho de um objecto que remete para uma existência, eivada de realidade e sobre a qual existe o ferro de um símbolo, conotado com o prazer e a infâmia. Drummond inverte o sentido da comunicação e as imagens, basicamente, devolvem o que lhes é atribuído, erigindo-se em espelhos de impurezas e medos primitivos. Uma vez mais, ironicamente, poder-se-ia perguntar: Escoou-se totalmente o carácter pretensamente sedutor das imagens originais? Ou, no rumor lento e real do desejo, sobrará ainda espaço para o inominável pútrido, para o interior oculto dos corpos e das mentes? O que vemos quando olhamos e que olhar não usa a faculdade de julgar? The Fighter reintroduz ferozmente nesta exposição um carácter agonístico, político, beligerante, confrontacional.”

Meus amigos, eu não percebo nada de arte, mas sinceramente, isso tudo está ali? Qual o microscópio que se usa para ver “plena vida, iluminada pela intervenção da esperança do sonho, poluída pela disseminação do controlo” ou “espelhos de impurezas e medos primitivos”? E finalmente, aquilo era para ser lido por quem?

20 comentários:

Anónimo disse...

A arte é mesmo assim Leocardo. Nós os normais é que somos estúpidos. Eu aconselhava o Leocardo a fumar uma broca e a recitar as palavras do Morais observando os rabiscos do Drummond. Vai ver que é uma experiência única, "sobrenatural".


AA

Leocardo disse...

Se o diz...

Cumprimentos.

Inspector de Gramática disse...

Frase gramaticalmente incorrecta: " E finalmente, aquilo era para quem ler? "
Correcção: "E finalmente, aquilo era para ser lido por quem? "

Leocardo disse...

Obrigado.

Anónimo disse...

Ultimamente tens andado muito azedo para com o Hoje. O que é que o CMJ te fez, pá? Ainda há pouco tempo te masturbavas aqui no blogue com o tipo. E já tinha acontecido o mesmo com o Falcão. Será que foi porque o CMJ publicou o artigo do Falcão, em que este último te mandava foder? Ou é porque os gajos à farta com o teu FCPorvo.

Anónimo disse...

Como mostrou o anónimo das 12:08, o texto não era mesmo para básicos como tu.

Anónimo disse...

Não, era para os milhares que agora vão a correr ver a obra do Drummond...

José Saramago disse...

Pois é! A arte tem somente essa afinidade com o blogue do Leocas: Não é para todos. A diferença é que a arte obriga a um exercício elitista (porque inteligente) de sensibilidade racional, moral e emocional enquanto a merda que o Leocardo escreve requere apenas a breve distração proporcionada por um exercício de defecação literal, metafórico e onomatopaico!

CAAPRUUXXEE!!!(Acciona-se o autoclismo)

Até amanhã Leocas!

Leocardo disse...

Isto anda animado por aqui.

Gostava em primeiro lugar de agradecer o elogio do último anónimo, cuja retórica me faz desconfiar que possui a mesma capacidade craniana de um Cro-Magnon Contudo admiro a sua coragem, por frequentar pasquim de tão reles qualidade como é este blogue. Deve vir aqui porque é masoquista.

Em segundo lugar, não estou azedo com ninguém. Só desconfio que alguém pensa que o simples facto de comentar um artigo de jornal devia ser considerado um crime daqueles contemplados no articulado da Lei 2/2009, mas tudo bem.

Finalmente, gramática à parte, continuo com uma pergunta para responder: o artigo era para ser lido por quem?

Cumprimentos!

Anónimo disse...

O Leocardo é um FDP de um sabujo que tenta dar graxa aos jornalistas para que eles o mencionem nos jornais. É por isso que o Leocardo tem simpatias ciclicas para ver se pega.

Leocardo disse...

Não desista do seu emprego para se tornar psicanalista. Não tem jeitinho nenhum.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

a arte é mesmo assim,é preciso ter veia de artista.por exemplo uma posta de merda para 1 artista não é uma posta de merda,é uma obra de arte.Por isso que se vendem quadros de merda por milhões.Arte é mesmo assim.

Anónimo disse...

Acho que o CMJ anda a escrever textos de madrugada, depois de uns uísques...

Anónimo disse...

Ainda alinho na ideia dos charros.

Anónimo disse...

Ou, se calhar, as duas ideias estão certas: a do anónimo das 17.05 e a do anónimo das 19.35. O "savoir-faire" na combinação de ambas também pode ser uma forma de arte, só por si. É o chamado "mandar para a veia", mas em sentido figurado, entendendo-se aqui "veia" como "veia artística". Um arrebatamento dos sentidos, portanto.

Anónimo disse...

Pesnava que esse pseudo artista fosse apenas arrauaceiro profissional...

Anónimo disse...

O anónimo das 13:24 acertou em cheio.

Leocardo disse...

O anónimo das 13:24 já tem pelo menos um cliente para as suas sessões de psicanálise: o anónimo das 02:41.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Diga-se com todas as letra: essa obra de arte é uma bela merda! E não tem outro nome!

Anónimo disse...

aquilo q o JD fez diga-se q n tem pes nem cabeca