domingo, 18 de julho de 2010

O Bairro do Oriente recomenda...



Macau à noite (e á chuva...)

Vem caminhar comigo à chuva em Macau, meu amor. Juntos de guarda-chuvas e corações abertos decalcamos as ruas pretas e molhadas, pisando o chão liso e borrado, as pedras soltas da calçada, a merda do cão. Foi num dia assim que te conheci, de capa plástica amarela, e sorrias para mim no meio dos vendilhões, pregoeiros e tancareiras. Acicatado pelo perfume do gengibre e do balichão, fui-me chegando perto. E foi debaixo daquela casa velha e dos pivetes fumegantes que te dei pela primeira vez a mão. Só faltava que estivesses de cabaia e cabelo longo e preso. Depois por ti foi-se o cabelo, a barba e o brinco, e eu era um homem novo, mais gentil. Era já Agosto e ainda chovia, como no primeiro dia. Cansava-me molhar os pés, maçavam-me os transportes públicos, os guarda-chuva e o cheiro ácido do lixo quente e ensopado. Com os primeiros fumos do chung yun e o calor tórrido do chu su andámos de mão dada, suspirando por mais chuva. E fomos para sempre um, e só.

4 comentários:

Anónimo disse...

Esta deve ser para fazer concorrência ao Carlos Morais José, não?

Anónimo disse...

Um dia destes o Nobel vem para Macau.

Anónimo disse...

Lindo texto. Parabéns!

Anónimo disse...

pahahahahaahahhhahahhahahahhahahhahahahhahahahhahahahahahhahahahahahahhahahahahahahahhaahahahhahahahhahahahahahhahahahahahahahahhahahahahahahahhahahahahahahhahahahhahahahahahhahahahahah


foda-se, muito bom, Leocas.. Parece aquelas secas na livraria portuguesa em 1996 quando os livros escolares para setembro chegavam em fevereiro do ano seguinte....

á Leocas!!


AA