Macau à noite (e á chuva...)Vem caminhar comigo à chuva em Macau, meu amor. Juntos de guarda-chuvas e corações abertos decalcamos as ruas pretas e molhadas, pisando o chão liso e borrado, as pedras soltas da calçada, a merda do cão. Foi num dia assim que te conheci, de capa plástica amarela, e sorrias para mim no meio dos vendilhões, pregoeiros e tancareiras. Acicatado pelo perfume do gengibre e do balichão, fui-me chegando perto. E foi debaixo daquela casa velha e dos pivetes fumegantes que te dei pela primeira vez a mão. Só faltava que estivesses de cabaia e cabelo longo e preso. Depois por ti foi-se o cabelo, a barba e o brinco, e eu era um homem novo, mais gentil. Era já Agosto e ainda chovia, como no primeiro dia. Cansava-me molhar os pés, maçavam-me os transportes públicos, os guarda-chuva e o cheiro ácido do lixo quente e ensopado. Com os primeiros fumos do
chung yun e o calor tórrido do
chu su andámos de mão dada, suspirando por mais chuva. E fomos para sempre um, e só.
4 comentários:
Esta deve ser para fazer concorrência ao Carlos Morais José, não?
Um dia destes o Nobel vem para Macau.
Lindo texto. Parabéns!
pahahahahaahahhhahahhahahahhahahhahahahhahahahhahahahahahhahahahahahahhahahahahahahahhaahahahhahahahhahahahahahhahahahahahahahahhahahahahahahahhahahahahahahhahahahhahahahahahhahahahahah
foda-se, muito bom, Leocas.. Parece aquelas secas na livraria portuguesa em 1996 quando os livros escolares para setembro chegavam em fevereiro do ano seguinte....
á Leocas!!
AA
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