segunda-feira, 5 de abril de 2010

Diz que não se sabe quem são


Uma sondagem publicada na edição de quinta-feira do Hoje Macau conclui que os jovens em Macau têm imensas dúvidas sobre a sua real identidade. Uns 46% dizem que são macaenses da China, 22% dizem que são macaenses, 21% chineses e finalmente 11% chinês de Macau. Não sei se algo ficou perdido na tradução, mas assumo que os 46% que se dizem “macaenses da China” são os ou mun yan, chineses de terceira e quarta geração. O grande grosso da população chinesa entre os 18 e os 35 anos é constituída por indivíduos de etnia chinesa, cujos avós ou bisavós vieram do continente chinês. Não são um caso único na Ásia, uma vez que estão ao lado dos honconguenses, taiwaneses, ou ainda singaporeanos e malaios de etnia chinesa. Neste grupo inclui-se, por exemplo, a minha mulher e todos os seus primos e primas – que são bastantes.

O ou mun yan identifica-se como chinês, pois é essa a sua etnia, mas politicamente falando, o caso muda bastante de figura. Estes ou mun yan têm pouca ou nenhuma relação com a China continental, ao contrário de seus pais, que ainda vão tendo uma casinha em Zhuhai ou perto de Guangzhou. Ainda que se orgulhem dos feitos recentes da China no plano económico ou que vibrem com os sucessos dos atletas chineses, não se identificam com os hábitos e costumes daqueles do outro lado das Portas do Cerco, a quem chamam “tai lok yan”, ou seja, “pessoas da terra grande”, a imensa China. Não é portanto de admirar que um terço deles optasse por outra nacionalidade.

Mas é fácil lançar a confusão entre as gentes no que toca à designação em português a atribuir ao ou mun yan. Se nasceu em Macau, é obviamente macaense, mas os “macaenses” são, no termo mais utilizado, os “filhos da terra”, os “portugueses de Macau”, ou seja o que quiserem chamar ao cruzamento de portugueses e chineses que escreveu uma linda página na história de Macau. Só que “ou mun yan” significa literalmente “pessoa de Macau”, portanto seria mais correcto utilizar “macaenses”. Que é “chinês”, não há dúvidas, mas os ou mun yan têm nacionalidade portuguesa, apesar da esmagadora maioria deles nunca ter ido a Portugal ou falar uma frase completa e com sentido em português. Conheço chineses residentes de Macau que nasceram na China e não têm, portanto, nacionalidade portuguesa, e invejam os ou mun yan pelo documento que lhes permite viajar, estudar ou trabalhar numa miríade de sítios sem se preocuparem com vistos, mas os próprios ou mun yan não dão muita importância à nacionalidade.

A designação “chinês de Macau”, essa é provavelmente a tradução mais acertada. Como Macau não é um estado e o estatuto de residente é independente da origem, etnia ou nacionalidade, ficam numa perspectiva meio apátrida, “chineses de Macau”. A próxima geração, a dos filhos dos ou mun yan, será decisiva para a identificação dos chineses nascidos em Macau. O objectivo do Governo Central é, claro está, a aproximação, a miscigenação, a maior identificação com os valores da Pátria numa campanha que chamam, como não podia deixar de ser, “amar a Pátria”. Para que em 2049 os ou mun yan já se sintam parte da grande China, que se quer cada vez mais nova, forte e diversificada. Aqui parece ser mais fácil, só Taiwan parece mais difícil de resolver.

7 comentários:

Anónimo disse...

Já dizia o Sócrates:"não sou grego nem ateniense,sou um cidadão do mundo".Comigo também funciona assim,não fui eu que pedi para ter nascido portugues e em macau,não tenho culpa disso,podia ter nascido em qualquer parte do mundo.O que interessa é 1 tipo ter saude,dinheiro e ser feliz,o resto é conversa de treta.

Anónimo disse...

Que salada russa....chinesa? Hugo Zador

Anónimo disse...

Hugo Zador não é Cambeta. Hugo Zador sou eu.

Anónimo disse...

Porcos ou beatos - o nível é o mesmo: muito baixo

Leocardo disse...

Já usei a borrachinha. Que nojo.

Anónimo disse...

Zador é Zador. O Cambeta poeta chinês da Vencedora é o quê?

Anónimo disse...

Anómino das 16.10h: pergunta-lhe a ele. Zador há só um (graças a Deus).