1) O Novo Macau Democrático (NMD) apresentou ontem duas listas às eleições de 20 de Setembro para a Assembleia Legislativa: uma liderada por Ng Kwok Cheong, e outra liderada por Au Kam San, os dois deputados do NMD actualmente na AL. Uma experiência nova, que visa arriscar a eleição de um terceiro ou mesmo um quarto deputado. Ng Kwok Cheong vai ter como nº 2 o nosso conhecido Paul Chan Wai Chi, presidente do NMD e colunista no Hoje Macau. Au Kam San vai trabalhar mais na zona norte da cidade, tentando captar os votos dos mais jovens. O NMD conseguiu 17 mil votos em 2001, 23 mil em 2005 e é provável que aumente este ano a sua votação. Caso a lista de Ng Kwok Cheong obtenha entre 15 e 20 mil votos, elege dois deputados, e caso Au Kam San coniga mais que 7 mil votos, poderá também ser eleito. Isto é provavelmente o cenário mais optimista. É pouco provável que os eleitores do NMD se desdobrem de forma a que quatro deputados sejam eleitos pelos democratas. O slogan da campanha é 1+1=4, mas 1+1=3 sempre é melhor que 1+1=2.
2) Realizou-se ontem um jantar no restaurante Fat Siu Lau entre elementos da comunidade macaense, que decidiram finalmente avançar com uma lista para as eleições, que será apresentada até à próxima semana. É quase certo que o jovem Casimiro Pinto fará parte da lista macaense, ficando por saber se como cabeça-de-lista, ou como nº 2. Uma boa notícia para a comunidade, que assim dissipa quaisquer dúvidas que podessem exisitir quanto à importância política da comunidade, e a participação na vida política da RAEM, nomeadamente nas eleições directas ao orgão máximo legislativo local. O que é muito pouco provável é que consigam eleger um deputado, mas a campanha sempre servirá para expôr as ideias da comunidade. O pior que pode acontecer é obter um número de votos pior que em 2005, 892 - quase tantos como os votos em branco. Isto seria uma humilhante derrota e o vazar de sentido de uuma candidatura futura, mas talvez aquilo que menos interessa. Apresentando-se como uma comunidade "apaziguadora" com um papel "diplomático", é difícil conseguir um apoio de qualquer um dos sectores tradicionais, ou de alguma fatia indecisa do eleitorado. Ir lá para dizer que sim a tudo, para quê? Uma lista da comunidade portuguesa com probabilidades de resultar teria que passar por um entendimento entre a elite macaense, a Casa de Portugal, e especialmente a classe média macaense e os funcionários públicos. Neste caso a lista teria que ser liderada por José Pereira Coutinho, que como se sabe, demarcou-se dos restantes e volta a concorrer com a Nova Esperança, contando com a forte base da ATFPM. Concordo com o editorial de Ricardo Pinto na edição de hoje do Ponto Final. Pereira Coutinho tem que se distanciar de uma vez por todas da elite, pensar apenas no seu eleitorado e deixar de uma vez por todas as guerras de palavras, primando mais pelo desportivismo. É quase uma certeza que quem vai votar na lista macaense nunca votaria na Nova Esperança, e a existência da primeira não vai roubar um número de votos significativo à sua lista.
7 comentários:
É mesmo um exercício de democracia destes democratas, diria mesmo que se trata de engenharia democrática.
Acho que em qualquer outro lado os eleitores não gostariam de ser usados e puniriam exemplarmente a baixeza mas estamos em Macau.
Baixeza? Não é baixeza. Eles assumiram a estratégia publicamente e explicaram-na de forma muito clara. Um vai para a zona norte e o outro para o resto do território. Pedem aos seus apoiantes de uma zona que votem num e aos restantes que votem no outro, de modo a favorecerem globalmente os intentos do NMD. Onde é que está a baixeza?
O anónimo das 12:33 é fã da Agnes Lam.
O que é BAIXO é um sistema em que uma lista consegue o DOBRO dos votos de outra, e elege o MESMO número de deputados. Fazem bem em apresentar duas listas, e espero que consigam ter sucesso.
Sou o anónimo da 12:33.
Não há dúvida que os povos têm os governantes que merecem.
Os deputados eleitos são ordenados pelo método de Hondt, método utilizado em todas as democracias do mundo. Se são poucos os deputados eleitos desta forma é outra história.
O que se trata aqui é mesmo de um aproveitamento baixo do sistema que permite a um partido maior apropriar-se do espaço que seria preenchido por um mais pequeno.
Isso é pouco democrático.
Não estou aqui a defender nenhum partido ou pessoa em particular, apenas a constatar, mas já vi que aqui é normal, eu é que estou mal.
São ordenados pelo método de Hondt? O último anónimo não sabe do que fala. O método utilizado em Macau tem um forte desvio em relação ao método de Hondt, tal como é utilizado em Portugal, por exemplo. Aqui, os votos são divididos sucessivamente por 1,2,4, 8... Isto significa que a eleição do terceiro deputado implica ter mais do quádruplo dos votos de quem elege um deputado. Percebeu?
Ó anónimo das 12:33, se quiser ver baixeza a sério concentre-se na política portuguesa. Aí é que é.
Enviar um comentário