sexta-feira, 10 de abril de 2009

Os blogues dos outros


Pela noitinha ouvi um pateta americano, correspondente da maior caixa de mentiras global que dá pelo nome de CNN. Lá estava na discursata combinada a verborreia do dinheiro que gosta de brincar ao povo e às revoluções: a alusão à "clique palaciana", ao exército, à burocracia e à monarquia. Claro, terão de passar sobre 300.00 militares e um milhão de funcionários da Coroa, mais três milhões de quadros liberais para, finalmente, aqui instalarem umas novas Filipinas. Terão, sobretudo de passar por cima de um povo compacto que nasceu, foi educado e cresceu ao longo de décadas no culto da lealdade para com a monarquia. Esse dia, estou certo, nunca acontecerá.

Miguel Castelo-Branco, Combustões

As funcionárias da Loja do Cidadão de Faro, que abriu portas no início do mês, estão proibidas de usar saias curtas, decotes, saltos altos ou ainda roupa interior escura, gangas e perfumes "agressivos". As novas regras terão sido denunciadas por uma funcionária ao "Correio da Manhã" que indica que as instruções foram dadas numa acção de formação antes da abertura. Uma responsável da agência que fez a dita cuja formação confirmou ao mesmo jornal a proibição do uso de decotes exagerados, perfumes agressivos e gangas, mas negou, por outro lado, a referência a saltos altos e a roupa interior escura. Bem... Nem tudo é mau... Nem sei como é que a tal Agência de Modernização Administrativa não sugeriu o uso da "burka"...

Livreira Júnior, A Leste da Solum

Que as autoridades judiciais do Malawi negassem a Madonna a adopção instantânea de uma órfã natural daquele país alegando que também ela teria de cumprir as formalidades exigidas em todos os processos de adopção, é compreensível. Mas justificar uma nega - como ouvi aqui há dias nos noticiários - argumentando que é contra as políticas do Malawi entregar crianças órfãs em lares destruídos (segundo a imprensa cor-de-rosa Madonna separou-se recentemente) é de uma arrogância inqualifícável. Não discuto a sobranceria da star ao pretender levar para casa de um momento para o outro a criança que talvez por moda decidiu resgatar de um orfanato africano, mas pior é o que está na origem desta decisão judicial. É também de arrogância que se trata. E da pior: joga-se assim o futuro de uma criança a quem por milagre quase saiu a sorte grande. Madonna vai recorrer. Faz bem. Se gosta e pode fazer de Pai Natal, só lhe posso desejar o maior sucesso.

Teresa Ribeiro, Delito de Opinião

Hoje, no Marquês de Pombal, assisti a mais uma cena insólita, daquelas que só mesmo neste País. Parado no sinal de trânsito, vejo uma rapariga adolescente a lavar os vidros aos automobilistas, que apitavam e diziam que não estavam interessados em ficar com o vidro da frente dos seus carros com uma espuma grossa que não sai facilmente. Depois vejo outra, com a mesma atitude, agressiva e a quase riscar os vidros, tal era a força empregue. As duas exigem em troca uma moeda. Cenas destas são, infelizmente, habituais na cidade de Lisboa, invadida por estas seitas há alguns anos. O pior disto tudo é que hoje, a dois passos, estava uma agente da PSP/Divisão de Trânsito que assistiu a tudo impávida e serena. Ignorava certamente que para além da tentativa de extorsão de dinheiro, a espuma em causa prejudica a circulação rodoviária porque é potenciadora de acidentes. A cara da mulher-polícia revelava só uma coisa: medo. Muito medo.

Francisco Almeida Leite, Corta-Fitas

A melhor aluna portuguesa é... russa. Em 2008 obteve a melhor nota do país no 12º ano: 19,7 valores. Alena tem 18 anos, nasceu na Rússia, escolheu Bioquímica e ganha prémios atrás de prémios internacionais... ao piano. Parabéns. Faz-me lembrar um estudante português que era o melhor na... Austrália.

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Na década de sessenta, quem usasse isqueiro (e não fósforos) para acender o seu cigarro, tinha de pagar uma licença ao estado português. O fisco dispunha mesmo de zelosos funcionários, os “fiscais de isqueiro”, que, ao detectarem um cidadão a usar isqueiro em espaço público, o interpelavam para verificação da licença ou, caso esta não existisse, aplicar a respectiva sanção. Esta estranha licença era justificada pelo Estado Novo com a protecção à indústria fosforeira nacional, então de importância (como agora se diz) estratégica. Assim, os utilizadores de isqueiro subsidiavam os apoios à indústria fosforeira. Ridículo e obsoleto, não é? Que dizer então da actual taxa do audiovisual?

Paulo Morais, Blasfémias

Mário Lino esteve uma lástima nos Prós & Contras, cada vez com mais dificuldade em "vender o seu" TGV, que não passa pelo novo Aeroporto de Alcochete e entra em Lisboa pela zona norte congestionada! As teorias da sempre presente Ana Vitorino ( é ela que manda em Lino! ) foram facilmente desmontadas pelo economista Catroga e por mais técnicos presentes. Esperemos que Cavaco seja mais explícito na condenação das obras megalómanas que nesta altura de crise, não acrescentando nada ao país para além de aumento de despesa e endividamento, seriam o golpe final na falência do estado.

Carlos, Galo Verde

Não tem nenhum fundamento, nem poderia ter num Estado de Direito, a ideia de que a liberdade de informação e de opinião inclui a liberdade de injuriar e de difamar, quando se trata de atacar políticos. Nem os políticos sofrem de nenhuma privação congénita do direito ao bom nome e reputação, nem os jornalistas e comentadores gozam de nenhuma imunidade, nem muito menos irresponsabilidade, penal. As queixas penais de políticos por motivo de injúria ou difamação não constituem nenhum "atentado à liberdade expressão" nem "ataque aos jornalistas" (aliás, se a queixa se revelar infundada, será um tiro pela culatra...), mas sim o exercício de um elementar direito de defesa de direitos de personalidade. Por mais que isso custe a alguns jornalistas e comentadores, os políticos não perdem o direito à defesa da honra só por o serem.

Aditamento
A defesa de um "direito à injúria e à difamação de políticos" é especialmente censurável quando se trata de militantes partidários na pele de jornalistas e de comentadores.

Aditamento 2
Se acham que não cometeram nenhum crime, porque é que os visados e os seus defensores ficam tão irados? Não seria melhor fazerem valer os seus argumentos nos tribunais, como convém num Estado de Direito?


Vital Moreira, Causa Nossa

Almoçar numa tasquinha tem as suas vantagens culinárias, económicas, morais e augustas. Augusto é o dono da tasquinha. É um tipo sorridente que, na sua simpatia desluvada, pega no pão e nos serve sem remorsos. Nestes tempos de crise, um sorriso vale bem o risco de uma intoxicação alimentar. Outra vantagem em almoçar em pé e rodeado de funcionários públicos de meia-idade é descobrir a filosofia que se escapa entre uma dentada no panado e meia taça de tinto pela goela abaixo. O tema de hoje - já um clássico - era a juventude. A juventude que já não respeita nada. Uma senhora, que debicava uma salada sem tempero, ainda disse que antigamente pelo menos havia alegria no trabalho. A conversou logo regressou ao tema da juventude. O orador desta tarde ilustrou a sua teoria da degenerescência da juventude com um episódio ocorrido há...33 anos. Estava ele no autocarro com a sua senhora, grávida de 8 meses; pediu a um jovem para ceder o lugar à senhora, ao que o jovem respondeu que a gravidez não era uma doença mas um estado natural e que, defendido por esta irrefutável argumentação científica, nada o obrigava a levantar-se. Então, o nosso orador, com o vigor que lhe adivinho com 33 anos a menos, ordenou à sua senhora que se sentasse ao colo do delinquente: "Não te preocupes. Faz aquilo que te digo. Sempre me obedeceste, por isso senta-te em cima dele." Há 33 anos era assim. A juventude já estava perdida mas as mulheres ainda nos obedeciam.

Bruno Vieira Amaral, Circo da Lama

Parece claro que uma parte substancial da população detesta Sócrates. Uma outra, porventura não inferior, não pode ver Barroso nem pintado. Logo, o PS está a pedir-nos que votemos simultaneamente nas europeias em duas personalidades que, em conjunto, quase fazem o pleno do ódio popular. Pior que pouco inteligente, a estratégia é suicida. Mais grave ainda, dizer-se que Barroso é o candidato de Portugal à Presidência da Comissão Europeia mesmo que o Partido Socialista Europeu saia vitorioso das eleições de Junho próximo equivale a retirar-lhes importância. Nestas circunstâncias, para quê votar? Só se for, claro está, para infligir uma derrota à coligação Sócrates/ Barroso. Vamos a isso?

João Pinto e Castro, Blogo Existo

estava deitado na cama. como não tinha nada que fazer, fui fazendo tempo até adormecer. e se fosse verdade que tempo e espaço são a mesma coisa, teria dormido muito mais à larga.

João Gaspar, Last Breath

Enquanto a Antártida se liquefaz, as contas do BPP continuam congeladas.

João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

8 comentários:

joãoeduardoseverino disse...

Obrigado pelo destaque. Abraço

Anónimo disse...

Atendendo, para além de uma infinidade de outras coisas, ao exemplo da Loja do Cidadão de Faro, nota-se perfeitamente que a única diferença entre Salazar e Sócrates é que o primeiro conseguia manter os níveis de criminalidade baixíssimos.

Anónimo disse...

Em Macau esse tipo de exigências são prática comum. Perguntem a quem trabalha para o Governo, em escolas, hoteis e casinos, (ou seja, a grande maioria dos assalariados).

Anónimo disse...

Corrijo o MEU último post, claro que se é maioria, já é grande. Desculpem o pleonasmo.

Anónimo disse...

Eu trabalho numa escola e ninguém me diz como me hei-de vestir. Se me disserem, ao contrário dos professores chineses, ignoro-os e eles desistem.

Anónimo disse...

O último anónimo deve andar arredado/a da realidade das escolas chinesas de Macau, trabalhar na EPM ou numa das intituições de ensino superior não é a mesma coisa. Nas escolas chinesas não é permitido usar jeans, decotes, saias curtas, cavas ou alças, roupas justas, pintar o cabelo, usar cortes de cabelo mais ousados, usar maquilhagem mais ousada como um simples batom vermelho, usar verniz das unhas, acessórios vistosos... entre outras exigências. Os próprios alunos fazem essa fiscalização aos professores! Sei de casos de professoras chinesas a quem alunos perguntaram porque naquele dia estavam a usar roupa tão justa, e isto alunos com menos de dois dígitos de idade!

Anónimo das 15:41 disse...

O anónimo das 5:49 disse: "perguntem a quem trabalha para o Governo". Era a isso que eu estava a responder. Não trabalho na EPM nem no ensino superior, trabalho para o governo, e por isso não desconheço realidade nenhuma. Essas escolas chinesas de que está a falar são privadas.

Anónimo disse...

Foi um mal-entendido, pois ao dizer quem trabalha para o Governo, em escolas, casinos e hoteis não me referia às escolas públicas, das quais nada conheço. Para isso basta ver que inclui hoteis e casinos na equação que como é óbvio não pertencem ao Governo. Um mal-entendido, ou mal explicado, eheheh.

De qualquer forma fico contente que nas escolas públicas essa questão seja mais aberta, pois nas privadas chega-se a cair no ridículo, com alunos e professores.