segunda-feira, 27 de abril de 2009

O fim do mundo?


O vírus H1N1 faz-me lembrar as mil e uma teorias sobre o fim do mundo. Não sei bem porquê. Talvez seja a sensação de que afinal somos mesmo muito vulnerávelzinhos, e basta qualquer coisa de microscópico ou invisível para nos ceifar da face deste planeta. O fim do mundo propriamente dito é, logicamente, inevitável. Teve um início, que ninguém sabe muito bem como foi, e vai ter um fim muito mais previsível. Mesmo os mais optimistas sabem que daqui a muitos milhões de anos o Sol vai dizer “chega”, e dar-se-á início ao processo de dilatação do astro-rei que o fará acabar como uma mera estrela anâ. Mas aí já não estamos cá. Depois do início desse processo, restam-nos alguns anos. Mil milhões no máximo. Depois acabou.

Quando era mais novo, em plena Guerra Fria, os mais velhos especulavam muito sobre o “fim do mundo”. Que “isto ia acabar”, e tinham pena de nós, os mais novos, que “não iam ver isto” ("isto", ainda estou para saber o quê). Outros vaticinavam o ano 2000 como a data do fim, como se uma data civil tivesse alguma importância cósmica, ou fosse o ano em que um dia o líder de uma qualquer potência nuclear acordasse mal disposto e resolvesse mandar tudo pelos ares. Entretanto o muro caíu, mas a paz não chegou. Ainda se fala de um elusivo botão que “pode acabar com tudo”. Pessoalmente acho difícil que alguém possa carregar num simples botão e desencadear um processo que leve ao terminus do planeta. Mas nunca se sabe. As grandes potências continuam a armar-se até aos dentes para uma guerra que “ninguém quer”. Nada disto faz sentido.

Ameaças não faltam. Tivemos a peste negra, a gripe espanhola, as duas guerras, a crise dos mísseis de Cuba, a SIDA, o Y2K, e agora as gripes. Com a sorte de hoje nos podermos precaver, com os avanços das comunicações e da medicina. Os coitados que sucumbiram à peste negra ou à gripe espanhola ainda devem estar para saber o que foi aquilo. Houvesse Tamiflu e seria tudo diferente. É mesmo uma chatice que agora em tempos de crise económica e recessão apareça um vírus novo. Quer dizer, não se faz. Podia pelo menos dar mais um tempo até se iniciar a retoma. E mais preocupado fico quando vejo a comunidade médica e científica com um ar muito grave a anunciar as possíveis consequências de uma pandemia. É aterrador.

Mas daí ao fim do mundo vai uma grande distância. Claro que tenho pena das pessoas que morreram e que muito provavelmente vão morrer de gripe suína. Claro que me preocupo que a gripe chegue a Macau, com a população em geral e com os meus em particular. Mas não será o quasi-pânico que se começa agora a sentir mais uma orquestração dos media, das catrefadas de informação que recebemos quase ao segundo? Gostava de acreditar que sim. Se calhar estou em estado de negação, por enquanto. Era irónico que o vírus pode destruír a vida humana viesse dos porcos. E logo dos porcos...

4 comentários:

Anónimo disse...

esta gripe suina baralhou o leocardo...e esqueceu de criticar o programa semanal da HKTVB sobre culinaria...

Leocardo disse...

Baralhou porquê? Não esqueci, só que não sou espectador assíduo.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

mas não devia perder, pois não sabe o que perdeu...

Leocardo disse...

Ah, diga, vá lá ;)