Sempre fui pontual e destesto gente que se atrasa. O princípio da pontualidade é um sinal inequívoco de civismo. Sempre que tenho uma reunião ou um encontro ou um jantar, chego sempre ligeiramente adiantado por respeito à outra parte. No caso da reunião, se as partes chegarem cinco minutos mais cedo sempre dá para um pézinho de conversa para que se quebre o gelo, antes da ordem de trabalhos.
Chegar atrasado é uma falta de respeito. Quem se atrasa não significa que é alguém muito importante ou que tem uma agenda muito cheia. Nem sei como casei com a minha mulher, pois nos nossos primeiros encontros chegava sempre pelo menos meia hora atrasada. Nada me irrita mais do que sair atrasado de casa. Não sei se já repararam mas em Macau o trânsito está sempre mais caótico perto das 9 horas. É gente que para estar no serviço às 9 sai de casa cinco minutos antes.
Nós portugueses somos atrasados por natureza. Não é raro ouvir uma coversa do tipo “olha lá Zé, a que horas é o concerto?” e a resposta “às 3, mas aquilo nunca começa antes das três e meia”. O pior é que têm quase sempre razão. Os eventos começam atrasados, e normalmente porque se cuida de um detalhe de somenos importância ou espera-se por alguém que não faz falta nenhuma.
O pior são os atrasados que se convencem que o mundo espera por eles. Os que chegam quinze minutos ou mais atrasados ao cinema, incomodando os restantes espectadores, ou reclamam se chegam a uma repartição depois da hora do encerramento. Se o tempo, esse conceito instrinsicamente humano, é igual para todos, qual a razão de se chegar atrasado? Arrogância? Desprezo pelo próximo? Tudo isso? Às vezes apetecia-me mesmo ser suíço.
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