sábado, 17 de maio de 2008

A nossa pequena Makati







A história da comunidade filipina em Macau conta-se em poucas palavras. Ou não? Bem, durante os tempos da administração portuguesa cingiam-se a menos de 5 mil, e muito mal organizados. Trabalhavam sobretudo para a comunidade portuguesa, como empregadas de limpeza ou amas. Os homens eram seguranças ou cozinheiros. Depois da transferência de soberania, quando se temia a debandada dos filipinos, o seu número aumentou, e hoje são perto de dez mil. Os filipinos, conhecidos por ser um povo trabalhador e asseado, conquistaram a confiança dos chineses.

Perto da Rotunda Carlos da Maia, conhecida por "três candeeiros", existia um pequeno centro comercial onde funcionavam um cabeleiro, uma mercearia e um clube de vídeo filipinos. Devido a esse ajuntamento pouco comum chamavam-lhe "little Makati", sendo que Makati é a zona comercial por excelência de Manila. Existia também um cabeleireiro na Travessa da União, junto à Rua do Almirante Costa Cabral, e chegou a haver por uns tempos um restaurante filipino na Rua Central, em frente à PJ.

Mas hoje uma das comunidades mais visíveis do território conseguiu finalmente organizar-se e ganhar o seu espaço. Entre a Rua dos Cules e a Rua da Alfândega, não muito longe do Largo do Senado, a comunidade junta-se e goza de praticamente todas as comodidades que encontraria no seu país natal. Não faltam os supermercados, a comida take-away, o inevitável cabeleireiro, os cybercafés, as lojas door-to-door onde podem despachar encomendas para as Filipinas e mesmo uma padaria!

Os estrangeiros são sempre impecavelmente recebidos nestas lojas, e os produtos pinoys são de uma inexcedível qualidade, posso garantir. As senhoras, especialmente, podem dar lá um pulinho e adquirir cosméticos a um preço bastante mais acessível que o normal. A nossa pequena Makati é um toque especial neste verdadeiro caldeirão de cheiros e sabores que é Macau.

9 comentários:

Anónimo disse...

alguns anos atrás eles se juntaram na Areia Preta, no Bairro chamado HOI Pan, onde também houve uma padaria e pelo menos 2 mercadorias,e faz tempo houv e um restaurante filipino ao pé da Sé, onde fica agora está um restaurante portuguesa, lá servia a 20 mop uma refeição completa, mas nunca mais vi algo parecido aqui

Leocardo disse...

Esse Restaurante perto da Sé era o Bahay ng Kubo, e era uma porcaria; comidaservida em pratos de plástico. Só durou uns meses.

Anónimo disse...

o Leocardo...acho que este restaurante deve ter durado pelo menos 1 ano e a comida não era assim tão má, era de facto tipo fastfood mas tinha um chouriço muito bom e pra mim melhor que a portugesa.Passado quase 10 anos as filipinas continua sa ser empregadas domésticas e os homens seguranças e empregados e mesa...so vejo um pequeno grupo que trabalha no Venetian já com experiência nos casinos nas Filipinas e que ocupa cargos executivos...

Anónimo disse...

O que é triste é saber que há filipinos em Macau há mais de dez anos e continuam sem direito a BIR. Por que será? Será isso a tal "multiculturalidade" de Macau?

Leocardo disse...

A atribuição de BIR não privilegia o esforço ou a legalidade, mas pode ser comprado através do investimento ou adquirido através de subterfúgios como o casamento. Já abordei o assunto no anterior blogue e quem sabe se volto lá neste, em breve. Cumprimentos.

Anónimo disse...

na minha opinião o pior são os filhos dos filipinos trabalhadores não residente que nasceram no território pois estes, apesar de ter nascidado e educados ( muitos deles na escola luso-chinesa) não têm direito a residência e um dia se não arranjarem emprego são recambiados a Filipinas, uma terra que mal conhecem

Anónimo disse...

Sou professor e sei de alguns casos, aqueles que temos na escola, de estudantes filipinos que possuem BIR. Talvez estejam mal informados os caros leitores do Bairro do Oriente.

Jorge

Anónimo disse...

Jorge: Não duvido que conheça os casos que diz conhecer. Mas isso são as excepções. Provavelmente esses conheciam alguém que lhes deu uma ajudinha ou têm mais dinheiro do que a maioria dos filipinos. Digo-lhe que, neste aspecto, estou suficientemente informado e conheço um número exorbitante de casos que vão em sentido contrário. Uma senhora, por exemplo, que trabalha ininterruptamente em Macau há doze anos e continua a ser "trabalhadora não residente". Até o nome do seu estatuto é ridículo, quando ela não tem feito outra coisa senão trabalhar e residir em Macau. E, já que está ligado ao ensino, talvez não lhe seja difícil descobrir as dezenas ou centenas de crianças filipinas que correm o risco de não poder continuar a frequentar a escola por não lhes ser reconhecido o estatuto de "residente". O Pedro aponta esse gravíssimo problema. E o Leocardo, no seu último comentário, também explica o porquê destas injustiças: só o dinheiro conta.

Leocardo disse...

Existem 400 filipinos residentes permanentes na RAEM, o que é manifestamente pouco para um total de 10 mil. Talvez os alunos do Jorge sejam alguns desses.

Cumprimentos