Por dá cá aquele cartão

Por muito enternecedora que seja a imagem, não consigo ter pena das dezenas, senão mesmo centenas de velhas que andam por aí ao cartão e às latas. Não se pense que todas têm essa necessidade, a maioria são pensionistas que não têm nada que fazer e passam aí o dia a incomodar transeuntes, turistas e comerciantes, e a remexer os caixotes do lixo, sujando a via pública, para fazer meia dúzia de patacas extra.

Lembro-me uma vez de estar a beber uma Coca-Cola no Largo do Senado, e ter uma dessas velhas a fazer-me marcação cerrada, esperando que eu acabasse de beber para lhe dar a lata. Outras há que levam os carrinhos de cartão pelo meio da estrada, ignorando os automobilistas que apitam, em vão. Na semana passada quando chovia torrencialmente, fui ao 7-11 e deixei o guarda-chuva no bengaleiro, à entrada. Uma dessas velhas (com brincos de ouro, por sinal) roubou-me o guarda-chuva! Não porque estivesse a precisar, coitada e tal, mas provavelmente para vender e arrecadar mais umas patacas.

Já cheguei a ver duas delas a brigar, estalos e puxões de cabelo à mistura, junto de um caixote do lixo na Rua Central por causa de uma caixa de cartão. Não estou a dizer que deviam ser proibidas de andar por aí aos caixotes, ou sequer multadas por cagar o passeio quando o fazem, mas pena, não tenho. É uma questão de cultura, ao que parece.