sábado, 3 de maio de 2008

Macau em festa


Passavam 44 minutos das 15 horas quando o Chefe do Executivo Edmund Ho entregou a tocha olímpica ao primeiro transportador; Leong Hong Man, atleta de Wushu, era o primeiro a transportar a chama olímpica em Macau. Ainda na Doca dos Pescadores entregou-a ao bilionário Stanley Ho, que apesar de ter dado apenas alguns passos, mostrou-se extremamente bem disposto e cheio de fervor patriótico, e afirmou que pelo seu país transportaria a tocha "até ao fim do mundo".

Entre as personalidades convidadas para transportar a tocha destacaram-se Costa Antunes, director dos Serviços de Turismo, Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau ou Paula Carion, atleta de judo medalhada nos últimos Jogos Asiáticos. A cantora de Hong Kong Miriam Yeung, que esteve na base de uma polémica que levou ao afastamento do deputado José Pereira Coutinho, usou os seus 30 segundos para gritar "yeah! yeah!" enquanto sacudia o punho esquerdo.

Foi um lugar comum. Todos sorriam para ficar bem na fotografia e mandavam adeuzinhos enquanto seguravam na tocha. O ar mais grave terá sido o de Leong Heng Teng, que levou a tocha de volta à Doca dos Pescadores e terminou a relay de Macau. Devido a uns atrasos "à portuguesa" (herança cultural?) a tocha nunca chegou a passar pelo Leal Senado. Não se sabe se desta vez os comerciantes da Av. Almeida Ribeiro alegaram transtorno para o comércio (sou tão mauzinho, não sou?) para que se dispensasse a passagem pela principal artéria do território.

Milhares de residentes saíram à rua, juntando-se a eles os turistas, muitos deles vindos da China Continental. A generalidade - mesmo os ocidentais - parece concordar com a ideia de que as reivindicações dos manifestantes deviam ser feita em sede própria, e longe, portanto, do evento da passagem da tocha olímpica. Um grupo de cristãos filipinos (Jesus Rocks?) juntou-se à festa para "abençoar os Jogos", segundo eles.

A tocha olímpica passou hoje por Macau pela primeira vez na História, e provavelmente a última, pelo menos em muitos anos. A passagem foi pacífica e sem qualquer tipo de incidentes semelhantes aos que aconteceram noutras etapas da passagem do fogo Olímpico, o que leva a questionar o tremendo aparato de segurança que se verificou. Aparentemente Macau não está na agenda dos apoiantes da causa tibetana, e os activistas de sofá ficaram em casa a ver pela TV.

Por falar em TV, veja aqui, aqui e aqui a reportagem da TDM.

8 comentários:

Anónimo disse...

só haverá festa em Macau, se o nosso vitório estivesse cá!

Anónimo disse...

Leocardo, gostei tanto do seu texto que não resisti e traduzi o post inteiro para o Global Voices, espero que não se incomode!

Eis os links:

http://pt.globalvoicesonline.org/2008/05/03/macau-torcida-animada-durante-passagem-da-tocha-olimpica/
http://www.globalvoicesonline.org/2008/05/03/macau-wild-cheers-as-the-olympic-torch-is-paraded/

Leocardo disse...

Uau, obrigado. Não que eu considere este texto de elevado calibre literário, mas obrigado. Beijos.

Anónimo disse...

viva vitório!

Anónimo disse...

Pois, viva, mas longe...

Anónimo disse...

Não exatamente literário, mas uma boa e completa reportagem dos fatos do dia. Gosto do teu senso de humor e espero que os leitores o percebam, :)

Anónimo disse...

A propósito, virou o destaque do dia:

http://www.globalvoicesonline.org/

E não sou eu quem os escolhe!

Anónimo disse...

Paula Carion is a Karate athlete, not Judo...