A primeira vez que vi Alexandra Lencastre foi em finais dos anos 80, no papel de “Guiomar” da série portuguesa da Rua Sésamo. Foi amor à primeira vista. Loirinha, estatura média, sorriso fácil de orelha a orelha, sinal sexy por cima do lábio, linda de morrer. Seguiu-se a série juvenil “Os melhores anos”, em que encarnou a professora Margarida, uma daquelas professoras que todos tivemos no Liceu e que nos fazia as hormonas adolescentes saltar mais que pipocas. Em “Banqueira do Povo” desempenhou o papel que faltava para confirmar que se tratava de um grande pedaço de mulher, interpretando Isabel, uma “femme fatale”, sedutora e traiçoeira, a quem bastava cerrar aqueles olhinhos de fada e avançar de peito cheio para um homem para que este lhe ficasse completamente nas mãos.
Em 1993 vim para Macau e ficou mais difícil seguir a sua carreira. Sei que por volta desse ano fez um “talk-show” intitulado “Na cama com Alexandra Lencastre”, em que entrevistava convidados na cama, como o nome indica. Mas sem privilégios de outra natureza para os entrevistados, claro. Foi um erro de casting; alguém confundiu a sensualidade angelical da Alexandra com a badalhoquice da Madonna. Depois disso só a voltei a ver anos depois na série “Não és homem não és nada”, no papel de Vitória, a proprietária de uma revista. Apesar dos anos terem também passado por ela, mostrou que continuava a ser encantadora no filme “O Delfim” de Fernando Lopes, baseado na obra homónima de José Cardoso Pires, em que vestiu a pele de Maria das Mercês.
O que sei da vida pessoal da Alexandra é o que menos interessa. Sei que foi companheira de Virgílio Castelo, esteve casada com um indivíduo holandês com um ar muito nórdico, e actualmente não sei quem tem o prazer de disfrutar dos seus favores amorosos – e como já disse, não interessa. O que me interessa da Alexandra é a sua persona de actriz, que enche o ecrã com a sua dócil e tentadora presença. Fiquei agora a saber que se submeteu a uma operação plástica há mais ou menos um mês, alegadamente para eliminar as rugas que a sua condição de mulher de 47 anos implica.
A fotografia de cima mostra a Alexandra Lencastre que todos conhecemos e aprendemos a amar, sensual como sempre. A foto de baixo mostra uma senhora que mais parece a sua irmã mais velha e desconhecida, uma caricatura da primeira. Tenho a certeza que a Alexandra, tal como estava, ia continuar a seduzir e fazer os homens sonhar, mesmo até depois dos 60 anos. Assim estragou tudo. Foi pior a emenda que o soneto. Já tenho saudades da “nossa” Alexandra Lencastre, que perdemos o mês passado.
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