sábado, 15 de maio de 2010

Provedor do leitor


Leitor mui cristão deixou o seguinte comentário ao post “Papismos”:

Ser contra o aborto ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo é ser retrógrado? Quer dizer que os não-católicos que pensam assim também são retrógrados? Significa isso que todos têm de ser gays e começarem a praticar abortos para deixarem de ser retrógrados?Enfim, sinais dos tempos. Não se esqueça de escrever um post onde faz uma petição para a remoção das quinas da bandeira portuguesa, isso deve ser retrógrado. Um dos significados da bandeira nacional foi dada por D. Afonso Henriques ao dizer que através das quinas os portugueses ou seriam fiéis à Cruz ou seriam traidores apóstatas. E já Camões escrevia que "até entre os portugueses, traidores houve algumas vezes". Profecias que se cumprem? Não. São retrógradas...

Muito bem, eu aqui até dou o braço a torcer. O post “Papismos” não foi bem conseguido, era sexta-feira à noite, e eu estava demasiado cansado para escrever. Devia ter guardado o que tinha para dizer para hoje. Não sei se o leitor tem acompanhado o blogue nos últimos dois anos e meio, mas eu também sou contra o aborto e contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas não faço disso um cavalo de batalha. As razões que me levam a ser contra essas duas “conquistas” dos cidadãos que optam por essas vias não se prendem com a religião, e o facto da Igreja ter insistido tanto nesse combate através de argumentos ocos foi bem aproveitado pelos defensores dessas duas causas.

Sou contra o aborto porque é um passo atrás em séculos de progresso e investigação no campo da contracepção (que a Igreja também é contra, é preciso não esquecer) e do planeamento familiar, e sou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo porque entendo que as opções sexuais de cada um não devem constituir letra da lei. Mas tudo bem, respeito a democracia, a vontade da maioria e tudo mais, ao contrário da Igreja, que na forma do Papa veio a Portugal mandar recados no sentido contrário. Só que felizmente para uma minoria informada, uma vez que a esmagadora maioria, onde eu me insiro, respeitou, calou-se e também festejou, só que depois tem todo o direito de comentar o resultado. Não viu lá as pessoas com as bandeiras negras, não se ouviu falar da campanha "Preservativos ao Papa", nem foi dado um minuto de antena para se perguntar a uma vítima de pedofilia da Igreja o que pensa da vinda do Papa a Portugal. Então, não se respeitaram os valores?

Não entendo como é que os católicos portugueses são tão complacentes com Ratzinger, um Papa tão conservador e inflexível. Talvez seja a sua aparência germânica que os faz lembrar do seu antecessor Wojtyla, mais querido e progressista. Seria interessante ver como reagiriam os portugueses a um papa africano ou asiático, e sobretudo ver como reagiriam a um papa que pegasse na Igreja Católica e a obrigasse a entrar com os dois pés no século XXI.

A mensagem que Ratzinger veio trazer a Portugal numa altura em que a igreja Católica atravessa uma das suas maiores crises de sempre foi esta: somos os mesmos, não mudamos uma palavra, e se não gostam comam menos.

Não me revejo no seu argumento “histórico”, também utilizado por alguns intelectualóides da direita cristã. A História é a História, está registada, e não podemos mudá-la. Claro que é muito giro ver as quinas, as cruzes de Cristo, os mosteiros, as capelas, as igrejas, as muralhas, a cristianização e a língua, e vivo em Macau e devia perceber isso, etc, etc. Só que nada disso interfere de alguma forma na nossa vida quotidiana. Ver na vinda de um papa conservador e rígido uma coisa linda de ir às lágrimas, não passa de histeria e populismo. Não viu lá o Marco Paulo nas transmissões da RTPi?

Não nos valem de muito nos dias de hoje os princípios e os ideias cristãos, porque a Igreja Católica teima em não aceitar alguns princípios, como o das liberdades individuais ou a liberdade de expressão. Já sei que vai dizer que “no Islão é pior”, e falar de bombas e não sei quê, mas como não vivo “no Islão”, isto é uma realidade que as pessoas “do Islão” têm com que se preocupar, e não nós. Temos que combater todos os criminosos e julgá-los pelas nossas leis, independentemente das suas origens, cor ou credo.

Para perceber isto, basta ler o comentário enfurecido de um anónimo no post “Vídeo da Semana”, esta semana dedicado à visita do Papa a Portugal, com o tema “Come a Papa, Joana Come a Papa”:

Eu nem sequer sou católico praticante mas sinceramente é triste que seja isto que tenha a dizer depois destes dias da visita do Papa a Portugal.

A sua completa pobreza de espírito e falta de qualquer sensibilidade ou até respeito minimo para com este acontecimento que tocou o Portugal profundo e milhões de portugueses (crentes e não crentes) num momento de enormes dificuldades (que você felizmente nem sequer as partilha nesse lado do mundo) é confrangedora.

Você pode não gostar da religião católica ou do Papa do seja lá do que for. E tem liberdade para escrever o que quiser ou brincar como quiser com os temas que quiser.

Mas será que custa assim tanto, num acto de sensatez, pelo menos fazer um esforço minimo para, num momento de grande crise, dor e angustia que assola na sua terra Natal, pelo menos abster-se de gozar (ou ridicularizar) com um tema que mexe com sentimentos profundos da fé de muitos milhões de portugueses?

Já que não é crente nem tem qualquer interesse na religião, será que custa assim tanto pelo menos ignorar o assunto por completo? Em vez de estar constantemente a lançar farpas que sabe muito bem que ferem a sensibilidade de muitos leitores que nunca lhe fizeram mal nenhum?


“Dor e angústia na sua Terra Natal”??? Meu amigo, mas quem morreu, aqui? Tudo bem consigo? Precisa de alguma ajudinha? Parlez-vous Français? Hoje em dia já não se pode dedicar nada a ninguém. A inocente canção “Come a Papa, Joana Come a Papa” não pode ser associada ao Papa, mesmo que estas duas palavras com significados diferentes sejam escritas e lidas na mesma forma. E esta regra está escrita nos autos de inquisição, suponho? O meu amigo não percebe que não brincando com a religião estamos a desrespeitar todas as coisas com que podemos brincar? Porque havia a religião de ser diferente? A “fé” é qualquer coisa de palpável? Que se possa roubar, partir ou lesar? Não seja tão "Diácono Remédios", se faz favor.

Ainda como resposta a este comentário anterior, outro anónimo disse:

Anónimo das 9:22, ainda não viu que não vale a pena? As pessoas fazem o que querem... e depois é o que se vê (ou se verá)...

Desconfio que isto não era um membro do clero a esconjurar-me, mas mais um senhor qualquer a lançar ameaças veladas, tipo processos judiciais e outras armas dos cobardes. Se calhar vive disso e não sabe fazer outra coisa. Gostava de acreditar que é só alguém a praticar "bullying", uma vez que viu na televisão e achou giro.




Grato pela atenção dispensada.

24 comentários:

Anónimo disse...

agora percebo porque os paneleiros odeiam tanto o papa.

Leocardo disse...

?

Anónimo disse...

Você realmente nem sequer deve saber muito bem o que se passa na sua "terra Natal", nem na tal "dor e angústia" que o comentador está a falar.

Não deve saber da gravissima crise que Portugal vive (ainda pior do que a dos ultimos 10 anos).

Do aumento de todos os impostos para níveis recorde, incluindo nos produtos de primeira necessidade que foram anunciados há 2 dias.

Da taxa de desemprego que é a mais alta dos ultimos 20 anos, e que afecta principalmente os jovens (que nem sequer têm culpa neste estado das coisas).

Dos níveis de pobreza e fome que se registam e estão a olhos vistos por todo o lado.

Claro que não sabe. Quando vive-se longe e não se sente a crise na pele, isto tudo parecem simples lamechices.

Eu felizmente também não tenho sofrido muito com os efeitos desta crise. Mas vivo em Portugal, e vejo o que se passa à minha volta todos os dias.

E ao ver milhões que fieis encontrarem um pouco de conforto, esperança e fé numa personagem como o Papa, posso não alinhar ou participar ou até rever-me em tal veneração quase cega, mas pelo menos respeito o sentimento dos outros. Faço silêncio e respeito os momentos que para muitos são considerados sagrados.

Isso infelizmente é coisa que o Leocardo não sabe fazer. E pior que isso, nem sabe ter a humildade de o admitir.

E não venha fazer-se de ingénuo com essa da "inocente canção" no video, e tal... porque isto é apenas mais um das largas dezenas de posts provocadores que você já dedicou ao tema (que ainda por cima não lhe interessa nada), mas ao qual gosta sempre de voltar.

Anónimo disse...

Epa, este comentador das 6:39 é que é um grande ingénuo.

Será que ainda não percebeu que quanto mais debatem este tema, mais o palerma que escreve este blog gosta de revisitá-lo para manter isto animado?

O gajo não está está minimamente interessado em analisar o que pensa ou defende o Papa ou a Igreja, mas como tem de encher chouriços todos os dias, há de explorar este filão até que os leitores estejam tão completamente
fartos.

Portanto, como diz a música, come a papa, Joana come a papa...

E os leitores continuarão a comer até vomitarem de tanto(a) papa...

Anónimo disse...

Não percebo tanta polémica por causa de mais uma posta ao nível rasteirinho de um escriba que não sabe diferenciar entre "há" e "à".

No dia em que conseguir escrever português pode ser que consiga ter nível para provocar. Até lá...

Lúcio disse...

Isto é tudo uma questão de marketing, meus amigos.

Enquanto o peixe continuar a vender, deixem lá o Leocardo continuar a explorar a sua lota.

Já agora, já viram a confusão que vai na Tailândia? Sr.Cambeta, que tal uns updates da situação em Bangkok?

Muda o disco e toca o mesmo... disse...

Sinceramente não entendo porque é que um blog "de Macau, sobre Macau", com o nome de "Bairro do Oriente", passa a vida a falar e repetir e repetir outra vez temas da Igreja e religião, quando ainda por cima o autor nem sequer é crente.

Que toque no assunto de vez em quando, ou quando a situação o justifique (como a visita do Papa a Portugal), ok, tudo bem.

Mas credo, isto já começa a cheirar mal. Já é doentio este constante bater na mesma tecla! Já sabemos pela enésima vez a sua posição sobre o assunto. Que a religião isto, que a Igreja aquilo, que o Papa acoloutro...

Vão ao search do blogspot, escrevam a palavra igreja ou religião e vejam a quantidade de texto e posts sobre o assunto que pululam neste blog, só desde desde Abril!

Bem sei que o tema dá discussão e que anima o blog, como diz o anónimo das 7:07.

Mas não acha que há temas muito mais interessantes e com o mesmo efeito?

BL disse...

O Leocardo tem o direito de escrever sobre o que quiser e os comentadores têm o direito de criticarem quando assim o acharem.

Não há necessidade de insultos (isto ao anónimo das 7:07) ok?


Bloom

Anónimo disse...

foda-se, vão mas é às putas (mas não deixem de ir à missa ao domingo) e deixem o leocardo em paz.

Anónimo disse...

Isto é um blog para cada um comentar o que quiser, e esteja descansado que as criticas de certeza que não perturbam a paz do Leocardo.

Parecem é incomodar mais a si!

Anónimo disse...

Ao senhor Lucio aconselho que deia uma vista de olohos pelo meu parco blog, lá encontrará todas as notícias, sobre o que se passa em Bangkok, quase em cima dos acontecimentos.
Eu vivi duarente 12 anos junto ao Estádio de Boxe em Lunpini, e morei no Bon Kai, ontem ontem decorreram os sangrentos acontecimentos.
http://cambetamacaubangkok.blogspot.com

Um abraço
António Cambeta

Anónimo disse...

Peço desculpas pelos dois erros, Olhos e não olohos, Durante e não duarente, onde, e não ontem.

António Cambeta

Anónimo disse...

Não são só os paneleiros que odeiam o Papa...

Anónimo disse...

"Anónimo das 9:22, ainda não viu que não vale a pena? As pessoas fazem o que querem... e depois é o que se vê (ou se verá)...

Desconfio que isto não era um membro do clero a esconjurar-me, mas mais um senhor qualquer a lançar ameaças veladas, tipo processos judiciais e outras armas dos cobardes. Se calhar vive disso e não sabe fazer outra coisa. Gostava de acreditar que é só alguém a praticar "bullying", uma vez que viu na televisão e achou giro."

Fear afterlife's consequences!!

Anónimo disse...

14 comentários. O odiometro a subir e o Leocardo a bater palmas. Ele deve estar sentadinho em frente ao PC a rir-se tanto que hoje nem se deu ao trabalho de fazer posts. Idiotas são os que lhe dão trela. E ele agradece...

Anónimo disse...

Concordo com o anónimo das 12:14.

E podem apostar que continuaremos a ter mais posts sobre este tema no blog por muito tempo.

Anónimo disse...

Dor e angústia dos que vivem em Portugal? Ha ha ha! Quem é que vota há 36 anos na mesma merda? Querem ver que sou eu, que nem lá estou?

Anónimo disse...

Senhor Cambeta, esses que referiu não são erros, são descuidos, erro é escrever "deia" quando o correcto é dê.

Anónimo disse...

" Quem é que vota há 36 anos na mesma merda?" costuma-se dizer que as moscas mudam mas a merda continua.Votar em quem quer que seja em Portugal é mesma coisa,é sempre a mesma merda,só as moscas é que mudam,porque Portugal é e será sempre um país de MERDA.

Anónimo disse...

" Quem é que vota há 36 anos na mesma merda?" ah pois,e tu oh anónimo das 08h11?Tinhas votado em quem então?Até parece que os portugueses tem outra escolha,como diz bem o anónimo anterior:as moscas mudam mas a merda continua lá!!!

Anónimo disse...

Não têm outra escolha, com a quantidade de partidos que há, à esquerda e à direita? Ah, já sei, acham que esses não contam para nada, seriam uma desgraça. Então preferem ficar com a desgraça certinha (PS e PSD) que já "alimentam" há quase 40 anos. Até parece que tinham alguma coisa a perder se variassem... Não há pior cegueira do que essa. O Bloco Central agradece. E eu estou-me nas tintas, porque não moro lá. Nem quero.

Anónimo disse...

Volta Salazar.

Anónimo disse...

à esquerda e à direitam é mesma merda,só as moscas que mudam mas a merda continua lá.Com Salazar foi a mesma merda.Portugal é mesmo 1 país de merda,o ultimo a sair de Portugal que apague a luz.

Anónimo disse...

Acho que já a apagaram, mesmo antes de o último ter saído.