Por vezes deparamo-nos com comportamentos e hábitos muito diferentes dos nossos e daqueles com que escolhemos conviver no nosso dia-a-dia. O civismo, ou a falta dele, não é exclusivo de uma nacionalidade ou etnia. Numa cidade tão heterogénea como Macau, podemos encontrar porcalhões de todas as origens, raças e credos. O pior é que ao fim de um tempo, começamos a deixar de nos importar com certas atitudes, ou pior, começamos a adquirir alguns hábitos estranhos, como cuspir os ossos da galinha em cima da mesa ou arrotar sonoramente em público. No entanto, gostava de deixar umas recomendações em forma de itens numerados de modo a facilitar a consulta, de uma meia dúzia de coisas que ainda não consigo ultrapassar:
- Não interessa se você é velho ou pobre. Isso não lhe dá o direito de carregar carrinhos de cartão no meio da rua ou ocupando o passeio todo, nem de vasculhar nas latas do lixo deitando a porcaria toda no chão.
- Por falar em cartão, era muito simpático que recolhessem as caixas de cartão dos supermercados o mais tarde possível, e não a qualquer hora do dia, muitas vezes deixando a carrinha a barrar a porta, ou incomodando os clientes.
- Por falar em lixo, bem sei que com o calor que se faz sentir seja quase impossível aproximar-se dos latões, devido ao desagradável cheiro. Contudo, pense um pouco nos outros, e tente acomodar os dejectos dentro dos latões, em vez de os atirar a cinco metros ou mais de distância. Se as gentes de Macau fossem conhecidas pela pontaria, tinhamos uma boa equipa de basquetebol. O que não é o caso.
- Ainda quanto ao lixo. De modo a evitar alguns nauseabundos cheiros, era bom que acomodassem os líquidos e os restos de comida em pequenos sacos de plástico devidamente fechados, em vez de os misturar com o outro lixo. Isto talvez possa parecer uma novidade, mas o cartão e o papel absorvem o líquido, deixando entranhado o cheiro!
- O uso da máscara é uma excelente ideia, em tempos de pandemia de gripe. No entanto era bom que as dispusessem no primeiro caixote do lixo que encontrassem à saída do hospital ou do centro de saúde, e não no chão. Deve existir pelo menos um desses caixotes do lixo num raio de 200 metros.
- Quando apanha o autocarro, e este já se encontra lotado, não adianta empurrar para entrar primeiro. Vai ficar de pé na mesma, e irrita os restantes passageiros que querem entrar e estavam à espera há mais tempo.
- Ainda no autocarro, dê o lugar aos passageiros idosos, grávidas, deficientes ou com crianças ao colo. Existem quatro lugares destinados a estes passageiros, devidamente sinalizados. Esses sinais não são uma brincadeira. Existe uma lei que obriga os passageiros válidos e ceder o lugar a esses passageiros.
- Ao conduzir, não fale no telemóvel. Não só se sujeita a multa, como ainda é perigoso. Macau é pequeno, e seja o que for que tem que dizer, pode esperar mais uns dez minutos.
- Ainda quanto ao telemóvel, não segure a porta do elevador onde vai entrar "porque está a acabar de fazer uma chamada importante". É importante para si, e não para as restantes pessoas que estão no elevador e querem ir à sua vida. Ligue mais tarde.
- Por falar em elevador, não empurre para sair caso esteja num elevador cheio, ou num daqueles que fez uma paragem mais rápida que o normal. A sua vida vale tanto quanto a das outras pessoas.
- Se não estiver a chover, não abra o guarda-chuva na rua para fazer de guarda-sol. Já várias vezes ia tendo um olho arrancado pelos varões (sim, sou um gajo alto). Opte por um boné ou um sempre estético chapéu de palha.
- Preste atenção quando anda na rua. Olhe para a frente, não mande mensagens no telemóvel enquanto anda, e não ande de dedo espetado na rua enquanto conversa com um amigo ou amiga.
São pequenos conselhos que nos podem ajudar a viver melhor, e com menos stress. Tenho a certeza que os leitores deparam-se com muitos outros nas suas lides diárias. Mas muitas vezes, ou por esquecimento ou por egoísmo caimos na tentação de irritar o vizinho do lado com a busca do nosso próprio espaço. Se todos ajudarmos um bocadinho, podemos tornar Macau uma cidade melhor para viver.