Arménia - bem podia ser o nome de uma das conquistas do viril e incansável Cristiano Ronaldo, sorridente abono-de-família da selecção portuguesa, que sem ele estaria ao mesmo nível, ou mesmo abaixo, do seu adversário deste Sábado no Grupo I de qualificação para o Euro 2016. O jogo foi frente à Arménia, em Yerevan, e no lançamento do encontro o treinador Fernando Santos tinha-se queixado do "demasiado calor" que se fazia sentir na capital daquela ex-república soviética. Ora o que se passou foi que um tal sr. Rui Patrício resolveu improvisar uma churrascaria no Estádio Vazgen Sargsyan Hanrapetakan Marzadasht, e desconfio que não fosse pelo nome pouco (nada, mesmo) comercial do estabelecimento, teriam saído mais do que os dois frangos para a mesa dos armenos, que só viram a refeição estragada pela inspiração de CR7, que resolveu sozinho o problema que representou os dois "brindes" com os colegas presentearam a Arménia. Mas os arménios não são propriamente uns coxos; o seu ala-esquerdo Ghazaryan alinha no campeonato grego, o central Gael Andonyan é nascido em França e pertence aos quadros do Marselha, o guardião Berezovskyi, e apesar dos seus 40 anos, é dono da baliza do Dinamo de Moscovo, e a grande estrela da equipa, o médio-centro Henrikh Mkitharyan é um dos titulares da formação do Borussia Dortmund dos últimos dois anos, e antes já se tinha destacado pelos ucranianos do Shakthar Donetsk. Mesmo o autor do primeiro golo, Marcos Pizzelli, é como o nome indica um brasileiro naturalizado arménio. Nascido em Piracicaba, alinha actualmente no Aktobe, do Cazaquistão, depois de uma passagem pelo campeonato russo. Este Sábado quis mostrar como é capaz de marcar livres, e Rui Patrício, um rapaz educado, nem se mexeu enquanto contemplava a obra de arte do seu colega de profissão. Decorriam 14 minutos e Portugal encontrava-se a perder num terreno onde nunca tinha ganho, uma estatística que foi recordada amiúde, mas não pode chamar a este um "borrego" que Portugal demorou a "esfolar". A primeira vez que a nossa selecção jogou frente à Arménia em Yerevan foi na qualificação para o mundial de 1998, em França, e do empate sem golos que eventualmente custou a Portugal a qualificação, recorda-se o "penalty" falhado por Oceano. Dez anos mais tarde, em 2007 e em jogo de qualificação para o Euro do ano seguinte as duas formações voltaram a empatar, desta feita a um golo, e por Portugal marcou Cristiano Ronaldo. Desta feita o melhor jogador do mundo marcou por três vezes, a primeira aos 29, de penalty, e por mais duas no segundo tempo aos 55 e aos 58 minutos, dando a entender que lhe foi dada autorização para "desatar o nó" que a Arménia insistia em manter tão apertado. Só que pouco depois Tiago viu o segundo amarelo e foi expulso, decorriam 62 minutos, e dez minutos depois a equipa da casa reduziu, com mais uma oferta de Rui Patrício, e se quisermos olhar para as coisas do lado do "copo meio cheio", o jogo teve uma ponta final emocionante. E Portugal venceu, valha-nos isso, liderando confortavelmente o grupo com 12 pontos, mais dois que a Dinamarca e mais cinco que o terceiro, a Albânia. Recorde-se que os dois primeiros qualificam-se directamente para a fase final do próximo ano a disputar-se em França, uma vez que o torneio foi alargado para 24 equipas.
E este alargamento veio mesmo a calhar para algumas selecções que raras vezes ou mesmo nunca conseguem obter a qualificação para fases finais de torneios continentais. Assim a Islândia lidera o Grupo A, o País de Gales o Grupo, a Eslováquia o Grupo C, só com vitórias, inclusive sobre a Espanha, e a Áustria está na frente do Grupo G, com resultados que têm sido pouco habituais, numa selecção que este século só se conseguiu qualificar para o Euro 2008, e como país organizador. Entretanto no Grupo F encontramos Roménia, Irlanda do Norte e Hungria nos três primeiros lugares com 14, 13 e 11 pontos respectivamente, seguidos das Ilhas Faroé com seis, Finlândia com quatro e em último com apenas dois pontos, a...Grécia? Aquela Grécia que aprendemos a odiar aquando do Euro 2004, quando usurparam o título que era de Portugal? A mesma Grécia que ainda no ano passado chegou à segunda fase do mundial do Brasil, fazendo melhor que Portugal, Inglaterra e Espanha, e com Fernando Santos ao comando? E que saudades devem ter os gregos do seleccionador português, pois desde que este saiu os helénicos não ganharam uma única vez. A situação já tinha chegado ao limite em Novembro, com uma derrota em casa frente às tais Ilhas Faroé, que não ganhavam um jogo oficial há 3 anos, e levou ao despedimento do técnico italiano Claudio Ranieri. Com o uruguaio Sergio Markarian no banco, conseguiram um empate na Hungria, considerado um resultado menos mau, mas no Sábado voltaram a perder com as Ilhas Faroé, desta feita em Torshavn, capital daquele protectorado dinamarquês com menos de 50 mil habitantes, onde os gregos devem ser idolatrados, e os adeptos do futebol desejavam que todas as outras selecções fossem como eles. É a crise...
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