sábado, 13 de junho de 2015

Apoiem antes a malta nova, pá!


Vou confessar-vos uma coisa: gosto mais da nossa selecção de Sub-20 do que da "A", ou principal, ou aquilo que a quiserem chamar - eu chamo-o muitas vezes de "desocupados". A forma diametralmente oposta como correspondem às expectativas que eles próprios criam causam-me uma certa azia, como o feijão frade, só que aqui é mais um "fujam, fraude". Com os miúdos é outra história, vão ali, não se metem com merdas nem tretas, e fazem aquilo a que a camisola que ostentam os obriga: ganham. Escrevo estas linhas no dia em que a selecção de Portugal venceu a Nova Zelândia por 2-1 nos oitavos-de-final do mundial desta categoria de futebol jovem, e ficou também a conhecer o adversário dos quartos-de-final: o Brasil. Ora isto, meus amigos, é uma daquelas sortes mesmo filha-da-puta, da mais reles que se pode imaginar. O Brasil e Portugal a jogarem nos quartos-de-final? As duas melhores selecções do torneio? Que venceram todas as partidas da fase de grupos com uma perna atrás das costas? Não que eu tenha receio do Brasil, e se for para ganhar o mundial, que seja vencendo equipas fortes - ou teoricamente  fortes, nem que seja de nome, pois nos mundiais de futebol jovem as coisas são o que são. A França é a actual campeã em título, conquistado à dois anos na Turquia, e para este nem sequer se qualificou; claro que não são os mesmo rapazes.  O que me aborrece é que os restantes encontros dos quartos-de-final tenham a Alemanha a jogar ali com o Mali, enquanto aos Estados Unidos servem-lhe a Sérvia, e para o Uzebequistão, coração? O Senegal, nada mal. E das opções que temos para as meias-finais? Oh, Alemanha contra Estados Unidos, ou quem a ganhar a qualquer um destes, e para Portugal ou Brasil, o vencedor do Uze-coisos e Senegal, e a estes últimos os nossos rapazes já deram deram uma "coça" de 3-0 logo na abertura. Foi o aperitivo: Senegal com sal.



Como já referi, Portugal venceu a Nova Zelândia por 2-1, e apesar disto não parecer grande coisa, importa referir que estes tipos que não sabem dar um pontapé numa bola como deve ser (rugby, bah...) são o país organizador, portanto convém não os humilhar, e até dar um bocadinho de colorido aos "all blacks", marcando apenas o golo decisivo a três minutos do fim, dando-lhes a entender que dali podiam levar alguma coisa, coitados. E com esta vão quatro vitórias noutras tantas partidas, e tem sido este o timbre da nossa selecção jovem quando participa nesta prova: com excepção do primeiro mundial em que participaram em 1979 (portanto não conta...), 1993 e 2007 (aqui o treinador era o José Couceiro, pois...) os nossos rapazes deram sempre boa conta de si cada vez que se qualificam entre o restrito lote de 5 ou 6 selecções europeias. Dois títulos em 1989 e 1991, finalista vencido em 2011 e 3º lugar em 1995, isto em nove participações, com um saldo de 24 vitórias em 44 jogos! E olhem que isto dos Sub-20 são como os melões: só se sabe quando são abertos. Vai na volta e temos uma "excelente equipa" como  o Japão (finalista em 1999), um "sensacional" Iraque (semi-finalista em 2013) ou "uma surpreendente" Hungria (terceiro lugar em 2009). Há selecções que raramente participam e aparecem de repente com uma geração que chega a umas meias-finais, ou melhor - lembrem-se que quando Portugal ganhou pela primeira vez em 89 era apenas a segunda vez que participava, e ninguém dava nada por eles. Por outro lado, os nossos "A" vão sempre com as expectativas mais elevadas, acarinhados pelo país inteiro, e quando fazem merda (quase sempre) vêm com desculpas semelhantes à do dançarino que diz que "a pista está torta". Apenas 13 vitórias em 26 partidas, contra Coreias, Estados Unidos (duas vezes, sempre sem ganhar!) e afins? Vão aprender com os miúdos. Esses dão-nos alegrias e ninguém os vai levar ao aeroporto, e se os vão esperar no regresso é porque ganharam. Isto por falar em dar o crédito a quem o merece, não é por nada...


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