sábado, 6 de junho de 2015

Barça ganha Champions (que tédio...)



 O Barcelona venceu esta noite a Liga dos Campeões, ao derrotar na final a Juventus por 3-1, em partida disputada no Alianz Arena de Berlim, na Alemanha. Uma final entre aquelas que se podem considerar as equipas mais merecedoras, em que ficou evidente a razão porque a competição é também conhecida por "liga milionária" - só os dois onze iniciais valiam qualquer coisa como 1606 milhões de euros. Eu escrevo por extenso, para quem pensar que é engano: Mil seiscentos e seis milhões de euros. Este dinheiro todo é quanto valiam aqueles 22 palermas que iam a correr ali atrás da bola, capisce? (Não me admira que alguns árbitros sejam sacanas; deve ser inveja) Ah, pois, por falar em "capisce", os italianos não se deram bem com a "arte" dos catalães, e talvez tenham desiludido um pouco nesse particular. As equipas italianas - com a Juventus à cabeça - são conhecidas pelo seu estilo de futebol que adquiriu no exterior a designação de "figlio di puttanna" (eles chamam-lhe "catanaccio", ou "ravioli", ou "rigoletto", não sei bem), que consiste em não deixar o adversário jogar, andar por ali a trocar a bola a meio do campo e a cair na relva, e estrategicamente marcar um golo que lhes garanta a vitória - ou não, pois se 0-0 lhes der jeito, assim fica - enquanto o público assiste, aborrecido até aos ossos. Acho que dever ser por isso que lá em Itália chamam ao futebol de "calcio": é preciso ossos rijos para a humidade daquele jogo não dar cabo do esqueleto.

Bom, mas o Barcelona entrou "a matar", e marcou logo aos quatro minutos pelo croata Ivan Rakitic, numa jogada onde a velocidade de processamento tenha baralhado a defesa juventina, que acusa alguma veterania: desde o próprio Buffon, com 37 anos, contam com Barzagli e Evra com 34 cada, e há quem diga que escutou Pirlo, de 36, vir de lá do meio-campo, muito devagarinho, para ralhar com aquela rapaziada do Barcelona: "Isto hoje já não se respeita nem os vecchi testicoli". E depois tossiu. Pode ser que tenha havido quem pensasse que iríamos ter goleada "das antigas", até porque Messi "marca sempre" (atenção: não sou eu que afirmo isto a toda a hora), mas a Juventus conseguiu "mastigar" bem o jogo, qual linguine alle vongole , e ainda marcaram "un gole" (gostaram?) aos 55 minutos pelo espanhol Morata, que já tinha marcado ao Real Madrid - aparentemente só marca aos seus, o COBARDE. Ahem, bem, o treinador Massimo Allegri e a sua equipa já esfregavam as mãos de contentes com a perspectiva de prolongamento e desempate nas grandes penalidades, quando aos 68 minutos o uruguaio Luis Suarez lhes faz uma desfeita, marcando o golo que dava vantagem aos catalães. Ui, e logo quem! Suarez festejou efusivamente, ao ponto de ver um cartão amarelo, mas não mordeu ninguém, para desilusão de uma pequena excursão de vampiros que se tinha deslocado de comboio da Roménia. Também não seria de esperar outra coisa, pois Giorgio Chiellini, um dos pitéus predilectos de Suarez não tinha sido sequer convocado. Ainda lhe perguntaram se queria provar um pedaço de Bonucci, mas ele recusou, alegando ser "exigente e rigoroso na dieta".

Depois do segundo golo do Barcelona assistiu-se a algo mais raro do que a passagem pela Terra do cometa Halley (ou outra porra qualquer, quem é que perde tempo a lembrar-se dos nomes de entulho cósmico?): a Juventus a atacar! A querer marcar! Desesperadamente, até! Sim, e ao ponto de fazerem aquilo que nunca fazem, isto é, desguarnecer a rectaguarda (e fazem bem, pois), e com isso levaram com um terceiro golo, da autoria do brasileiro Neymar. Já passavam seis minutos da hora, e aquele foi como que o cálice de "brandy" para quem gosta de ver a Juventus ou outras equipas fanfarronas levar nas ventas. Só é pena que do outro lado tenha estado outra equipa da mesma estirpe, o Barcelona, que conquista pela quinta vez o título europeu. Luis Enrique faz o "pleno", ou seja conquista o campeonato, taça e europa logo no seu ano de estreia, e falta pouco para que comecem a dizer que o gajo é o maior e não-sei-que-mais, quando até o Ray Charles ganhava pelo menos qualquer coisita envergando a braçadeira de treinador daquela equipa. E escolhi Ray Charles não só porque era cego, mas também porque era americano, e nunca deve ter ouvido falar da Champions na vida. Ah sim, vida que por acaso até já lhe findou, coitado. É só para que vejam como assim, é fácil. Até para o ano!


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