Fui ontem ao final da tarde ao café “Margaret’s Café & Nata”, localizado no centro da cidade e conhecido regionalmente e até mundialmente pelos “Portuguese egg tarts”, uma versão corrompida dos nossos pastéis de nata e que estranhamente muitos dos nossos compatriotas se orgulham – é como se nos orgulhessemos de vinho do Porto espanhol . Já fui mal atendido várias vezes neste estabelecimento, e foi apenas por vontade da minha companhia, que tinha vontade de comer duas das tais “egg tarts”. Apesar de se tratar de uma sexta-feira à tarde, horário normalmente concorrido por turistas da China continental e de Hong Kong, a fila não era assim tão comprida, e deu para chegar ao balcão em menos de cinco minutos. Notei que estavam alguns clientes à espera das “egg tarts”, e haviam apenas três na prateleira da loja. Perguntei se precisava de esperar muito tempo por uma nova fornada, pois estava com alguma pressa. A menina da caixa perguntou-me quantas queria, pelo que repeti “duas”. Fez um longo silêncio e uma cara de parva, e simplesmente não respondeu, provavelmente consciente de que a resposta não iria satisfazer as minhas humildes pretensões: levar as “egg tarts” e sair dali para fora. Já com as 16 patacas contadas na mão, respondi-lhe então: “deixa lá, já não quero nada”. Fui até à Caravela com a minha companhia e ali lhe saciei o apetite pelos pastéis de nata, com um serviço bem mais profissional, simpático, quase familiar. E ainda por apenas mais duas patacas usufruíu da experiência de comer um produto mais próximo do original.
Detesto ter que despejar aqui esta litrada de fel, mas o que é demais já chateia. As últimas vezes que fui ao “Margaret’s” – e que se dividem em espaços de vários meses – tenho sempre alguma razão de queixa. O serviço é mediocre, e chega a dar a entender que existe uma certa má vontade por parte dos empregados e da proprietária. A fama do local precede-o, e para muitos dos turistas que visitam o território chega a ser um local de passagem obrigatório, isto apesar de se venderem imitações que são praticamente a mesma coisa em várias outras lojas do território. O volume de negócio permite-lhes dispensar clientes como eu que desejam apenas ser atendidos com o mínimo de consideração, e que pagam para ser servidos com alguma qualidade. Quanto à proprietária, a tal Margaret (nome de guerra daquela senhora chinesa excessivamente maquilhada que costuma ficar perto da caixa a ver as pataquinhas cair), a sua arrogância chega a ser quase cómica. Tudo o que a senhora fez para merecer este sucesso foi casar com o inventor das “egg tarts”. Big deal. Não criou nada, não contribuíu com um chavelho para o bem da humanidade, e comercializa um sub-produto que muita gente consome mais por moda do que por gosto. E quem gosta tem muito mau gosto, peço desculpa pela sinceridade. E mais uma vez saí de lá com a promessa de que nunca mais ponho lá os pés. Espero que desta seja mesmo de vez.
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