Mil e uma escolhas

Chega a altura de planear as férias, e para já vou adiantando ao prezado leitor que o blogue vai estar encerrado para férias do final de Julho até mais ou menos meados de Agosto. Vou de férias aqui perto, buscar qualquer coisa de sol e praia e desenjoar um bocado de Macau. Os meus amigos que não vão este ano a Portugal (a esmagadora maioria deles, o que prova o grande calibre das minhas amizade, eheh) vão todos dar um pulinho aqui perto, ora ao Japão, ora à Malásia, ora à Tailândia, nem que seja por apenas poucos dias. Não há nada de mais deprimente que passar as férias em Macau. Existe mesmo a necessidade de sair, nem que seja ali ao lado, a Zhuhai. Tenho um amigo que não sai do território há três anos e já está a ficar maluco, coitado.

Quando me perguntam qual o melhor sítio para passar férias, respondo sempre que “depende”, mas as escolhas são muitas. Existem destinos paradisíacos para se fazer férias na Ásia oriental, e tudo depende do gosto, da bolsa ou do tempo. Para quem gosta apenas de praias paradisíacas de águas azuis e límpidas, qualquer coisa serve. Pode-se optar por um resort de luxo, para os mais endinheirados, por um simples bungalow, para a classe média-alta onde eu e a maioria do leitor se deve incluir, e finalmente uma pensãozita qualquer na aldeia mais próxima, para quem não tem muito dinheiro ou para quem está simplesmente à procura de aventura (ou sarilhos, mais uma vez, depende do sítio). Para quem tem mesmo mais tempo, o melhor é mesmo fazer um tour por países próximos uns dos outros mas que nunca visitou, como Tailândia/Laos, Vietname/Cambodja ou Singapura/Malásia. Ou um safari no Nepal. Hainão, uma ilha da China que era considerado até há alguns anos um destino “esquisito” é hoje tudo aquilo que esta linda imagem da baía de Sanya demonstra. Tudo experiências muito giras e gratificantes.

Sofro do coração quando oiço pessoas a dizer que vão à Tailândia, acrescentando depois um “onde mais?”. Existe há muitos anos uma conspiração das agências de viagens que têm muitos mais pacotes para a Tailândia que para outro sítio qualquer das vizinhanças. Já sei que sou suspeito, e alguns leitores mais grunhos acusam-me de ter um problema mal resolvido com a Tailândia, mas é tudo uma questão de opção: existem mil e um sítios tão bons ou melhores (claro que existem sempre outros piores) que as Pattayas, Pipis, Kho Samui e etc. – tudo sítios que conheço maravilhosamente bem, tenho só maravilhas a dizer, mas agora quero conhecer outros, porra. Às vezes a Tailândia parece o Algarve dos portugueses pobrezinhos.

O meu único problema com a Tailândia prende-se com a marginalidade de Bangkok e de outras paragens turísticas onde estrangeiros embebedados aproveitam para fazer coisas que são completamente ilegais no seu país, aproveitando-se para isso da corrupção do Governo, a passividade (e por vezes cumplicidade) das autoridades e do carácter frágil e empobrecido do povo tailandês. É difícil absorver a experiência cultural que é passar férias num país estrangeiro quando nos está um bife ao lado a vomitar nos cantos dos templos.

Mas este problema não é exclusivo da Tailândia (mais uma vez, algumas partes da Tailândia apenas), mas também da Indonésia, das Filipinas, da China, do Laos ou do Vietname. Em Mindanao os rebeldes cortam a cabeça a turistas, os polícias em Manila são os maiores ladrões do mundo, no sul do Bornéu ainda há canibais e já rebentaram umas bombinhas em Bali. Mas não se admite que a Tailândia seja vista como única opção, e refúgio de todos os males do mundo.

Há lá disto e muito mais, e também há muita coisa boa. A comida, por exemplo, é imbatível, e desde que não se saia do “paraíso” do resort a não ser para o aeroporto, então a impressão é mesmo muito boa. Por isso decida onde vai passar as férias este ano, caro leitor, mas sempre em mente que as opções são várias. Enriqueça a sua experiência de viver aqui na Ásia e visite destinos que ainda não viu. São mil e uma maneiras diferentes de passar as merecidas férias.