No dia 3 de Julho de 1969, em pleno
summer of love, o guitarrista dos Rolling Stones, Brian Jones, é encontrado afogado na sua piscina depois de um dia a consumir drogas e álcool. Jones foi pai aos 17 anos (a namorada tinha 14 e o bebé foi dado para a adopção) e foi co-fundador e guitarrista dos Xutos & Pontapés ingleses. Incorporava tudo daquilo que se veio designar mais tarde por "sex, drugs and rock'n'roll", ou na versão lusitana, "amor, loucura e morte".
Em Setembro do ano seguinte morre Jimmy Hendrix, mítico guitarrista norte-americano, um símbolo da música e da liberdade com um estilo ainda hoje único e inimitável. Hendrix morreu intoxicado no próprio vómito depois de ter misturado álcool com compridos para dormir. No mês seguinte morre Janis Joplin, célebra cantora
hippie, com uma overdose de heroína, e em Julho de 1971 morre Jim Morrison, poeta maldito e vocalista dos Doors.
Portanto no espaço de dois anos morre um inglês loirinho, um afro-americano, uma mulher e um norte-americano branco, todos eles músicos. Normal, considerando que se tratava da primeira geração do pós-guerra, uma das poucas em toda a história a viver um período de relativa de paz e prosperidade acompanhados de um progresso fantástico na área da tecnologia e dos audio-visuais. Eram muito criativos, e dados a excessos e loucuras que não estão ao acesso de qualquer um dos mortais.
Contudo estas personagens tinham uma única coisa em comum: morreram com 27 anos de idade! Nasceu então o famoso "clube dos 27", que designa todos os jovens artistas mais ou menos famosos que morrem aos 27. Fico satisfeito por não ter morrido aos 27, famoso ou não, porque essa é uma idade estupidamente trágica para se morrer. Um gajo com vinte e sete anos não sabe nada. É um nésciozinho que ainda não provou umas colheres cheias de realidade agridoce. Enfim, são uns putos que não sabem nada.
O tal "Clube dos 27" terá sido iniciado na realidade pelo guitarrista de blues negro norte-americano Robert Johnson, que morreu em 1938 envenenado por estriquinina de uma garrafa de whiskey aberta que lhe ofereceram. Depois de Jim Morrison, o último membro digno de constar deste reservado clube, morreram mais artistas aos 27 durante os anos 70 e 80, e o único cujo génio e irreverência se aproxima dos quatro referidos terá sido o artista plástico Jean-Michel Basquiat, que incorporava mais ou menos o espírito do "Clube dos 27". Em 1994 o pindérico do Kurt Cobain enconstou uma pistola à cabeça e rebentou os miolos, e há quem sofra de mau gosto musical que o inclua na lista. Eu digo que se rebentou com os miolos é porque queria mesmo morrer, e assim não conta.
Amy Winehouse desaparaceu ontem também aos 27 anos. Duvido que a Amy Winehouse quisesse morrer, mas também já há muito tempo que a rapariga não sabia o que fazia, e isso era uma pena. Quando ouvi Amy Winehouse pela primeira vez parecia Aretha Franklin dos bons velhos tempos, fiquei maravilhado. No entanto não considero que se trate de nenhum génio imortal. Amy Winehouse fez dois discos bons, tem meia dúzia de músicas fantásticas, mas a sua glória é facilmente perecível. Não fica na galeria dos deuses mais do que na galeria de bêbados infelizes que morreram - por acaso - com 27 anos.
5 comentários:
Menos uma drogada e bebada no mundo.Não faz falta.
o kurt não foi uma pistola, foi uma caçadeira, á homem.
Comparar com os Xutos , vai lá vai
Tás louco também...
Xutos e pontapés ingleses ?? ó Leocas tem júizo pá, que comparação mais idiota, tu é que precisavas de levar uns xutos nessa cabeça para ver se acordas!!!
Realmente os Xutos não têm nada a ver com os Rolling Stones. Ambos são a banda rock mais antiga do seu país, e ambos mantêm o mesmo vocalista e guitarrista desde a formação inicial. Nem fui eu quem chamou ao Zé Pedro "o Keith Richards português". Só o vosso provincianismo é que não permite misturar uma banda estrangeira com uma banda portuguesa. Fica "foleiro" não é? Coitados...
Cumprimentos.
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