quinta-feira, 11 de junho de 2009

Novo fôlego


Há um novo dado sobre a participação política da comunidade macaense nas eleições de 20 de Setembro próximo para a Assembleia Legislativa. Segundo noticiou o Hoje Macau, a comunidade está a considerar uma aliança com Agnes Lam, a candidata da Associação de Energia Cívica, que apresentou a semana passada a sua candidatura. Agnes Lam confirmou contactos, e a comunidade macaense vê nesta possível aliança uma forma de preservar “o seu espaço politico” no xadrez politico da RAEM.

Agora isto ultrapassa a minha ingénua compreensão. Onde é que Agnes Lam se encaixa nos interesses da comunidade macaense? Que interesse pode esta união eleitoral ter para a comunidade? E acima de tudo, o que valem os 700 ou 800 votos que estão em cima da mesa neste questão? É quase certo que uma candidatura macaense não dará resultado, como ficou provado em eleições anteriores. A elite macaense e os seus poucos amigos não são em número suficiente para ter peso numa eleição onde são necessários vários milhares de votos para garantir um lugar na AL. Contudo, esta espécie de aproximação não me surpreende, tal é o corropio de elogios e a publicidade que tem sido dada a Agnes Lam pela imprensa em português, e pelos opinion-makers que lá labutam.

Miguel Senna Fernandes tem dúvidas. Segundo o presidente da Associação dos Macaenses, citado pelo HM, a lista de Agnes Lam tem um papel de “confrontação” (nada provado, digo eu), enquanto o papel da comunidade é “diplomático”, ou seja, nem os macaenses querem uma refrega com o Executivo, nem Agnes Lam estaria interessada no papel apaziguador da comunidade macaense. Se o problema de José Pereira Coutinho, que por acaso até é macaense, é a atitude constestatária quanto a muitas das políticas do Governo, o que faz o presidente da ATFPM menos capaz de representar a comunidade do que Agnes Lam?

Se numa eleição onde a ousadia de questionar o sistema ou a uma “máquina” eleitoral afinada para ir buscar os votos aos respectivos grupos de interesse (como têm a ATFPM, os kai-fong ou os operários), e a comunidade macaense não tem nem uma coisa nem outra, torna-se muito difícil encontrar quem lhes queira dar a mão, tirar vantagem de uma eventual aliança. O ideal seria deixar ao critério da comunidade em quem votar. Ao contrário do que possa pensar, os macaenses não acabam nem vão deixar de ter importância se não tiverem uma participação nestas eleições. Não se desvaneceram no passado, não ia ser agora que isso ia acontecer. Se quiserem apresentar uma lista própria, têm pelo menos esse mérito. Se querem evitar mais uma humilhante derrota, podem participar votando, sem que apoiem assumidamente uma das listas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Moral da história: vale tudo para tentar tirar votos ao PC.