segunda-feira, 15 de junho de 2009

Chineses expulsos da Madeira


O SOS Racismo acusa o Serviço de Emigração e Fronteiras (SEF) de ceder a pressões populistas em tempos de crise utilizando "rasteiras" e "manobras para desmotivar imigrantes" que têm estabelecimentos comerciais em Portugal.

Um empresário chinês foi detido esta semana no Porto Santo pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), três meses depois de ter sido visado por um abaixo-assinado subscrito por empresários da ilha.

A operação culminou em Tribunal na passada quarta-feira com a aplicação da medida de coacção de identidade e residência até a sua expulsão, e teve como primeira consequência o encerramento da loja de pronto-a-vestir onde trabalhava com familiares e que tanto deu que falar na ilha.

Três meses antes, quando o comerciante se preparava para abrir o negócio, 90% dos empresários porto-santenses do ramo de pronto-a-vestir e acessórios puseram a circular um abaixo-assinado contra a abertura de mais uma loja chinesa.

"Uma invasão"que "põe em risco os estabelecimentos existentes e os postos de trabalho", dizia o documento entregue na autarquia porto-santense. O abaixo-assinado chegou também à Associação Comercial e Industrial do Porto Santo (ACIPS) que, de forma célere, tratou de encaminhar a reivindicação do tecido empresarial do sector para o SEF, para a Inspecção das Actividades Económicas e para a Direcção Regional dos Assuntos Fiscais.

As diligências deram frutos. Não no primeiro mês, nem no segundo, mas no terceiro. Não através da Inspecção das Actividades Económicas nem da Direcção dos Assuntos Fiscais, mas através do SEF. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras deteve o comerciante chinês por permanência ilegal no país, levou-o a Tribunal e agora espera-se a sua expulsão. O SOS Racismo estranha esta actuação, acusando o SEF de ceder a pressões populistas.

"Em tempos de crise é usual o SEF utilizar rasteiras e manobras para desmotivar os emigrantes que tenham estabelecimentos em Portugal", acusa Mamadu do SOS Racismo . A se confirmar este tipo de actuação no Porto Santo, Mamadu diz que o Ministério da Administração Interna tem o dever de pronunciar-se sobre o que considera ser uma "chantagem demagógica".

O SOS Racismo também não compreende a postura do Tribunal. Independentemente do tipo de visto (permanência ou de residência), o emigrante em situação ilegal teria pelo menos 10 dias para regularizar a situação a contar da data em que foi detectada pelo SEF.

"Mesmo com o visto caducado o próprio comerciante pode dirigir-se ao SEF para pedir a prorrogação de visto e pagar uma coima por permanência ilegal. No caso de ter visto de residência ou de permanência tem um período não inferior a 10 dias para esclarecer e/ou justificar a situação", explicou o dirigente da organização.

Mas àquilo que Mamadu denomina de "manifestação vergonhosa de racismo", o presidente da ACIPS chama de "concorrência desleal". "Essa gente tem que estar a operar no mercado em igualdade de circunstâncias, se estão no Porto Santo sem produtos de qualidade, sem guias de remessa, não se sabe se têm contabilidade, podem estar a fazer dumping", diz António Castro, salientando o facto de os investidores estrangeiros estarem isentos do pagamento de impostos durante os primeiros cinco anos de actividade.

Já o SOS Racismo, insiste, que o preconceito é fruto da ignorância.

In Expresso

3 comentários:

Anónimo disse...

Analfabetos burros que aproveitam os fundos comunitários a 120% (ou seja aproveitam os fundos que os espertos do continente dispensam).

Anónimo disse...

Se estava ilegal ou com visto que não lhe permitia ter um estabelecimento aberto, não há nada a dizer. Em Macau também é o que é com os Filipinos, alguns a residir cá há 10 anos e cujos filhos não têm sequer os mesmos direitos a frequentar a escola que os outros têm, e no entanto nunca ouvi chamarem Hitler ao Chefe do Executivo ou a qualquer outro membro do governo ou deputado (e há muitos a mostrarem racismo, sobretudo para com os filipinos).

Anónimo disse...

A situação da Madeira, é de facto xenófoba e sim, muitos dos madeirenses deixam-se levar pelas palavras do sábio Jardim, que de facto não deveria dizer metade do que diz, mas se vermos bem se não há espectáculo, antes, nas eleições não há plateia.
Porém é ridículo generalizar toda a população da Madeira visto que é impossível do mesmo modo generalizar toda a população Continental, mas de facto o problema é separá-los, porque no final do dia somos todos portugueses, e quer seja na Madeira, no Continente, na China, nos EUA, vai existir sempre gente racista, mal informada e preconceituosa. Começando pelas pessoas que generalizam um povo de 200'000 pessoas chamando-os analfabetos burros.