sexta-feira, 18 de abril de 2008

Sans internet


O último episódio da série norte-americana South Park, transmitida todas as quartas na Comedy Central, levantou uma questão muito curiosa: o que seria de nós sem a internet? O episódio é uma paródia de As Vinhas da Ira, de Steinbeck. Uma família do Colorado sem internet muda-se para a Califórnia na esperança de encontrar "alguma internet". Subitamente vê-se numa espécie de campo de concentração onde cada habitante pode usar a internet 40 segundos por dia.

O acesso da internet ao cidadão comum generalizou-se em meados dos anos 90, e desde então nunca mais deixou de fazer parte do nosso dia-a-dia. É praticamente impossível imaginar o mundo real sem a sua componente virtual. Em retrospectiva, foi a febre do e-mail, do IRC, do ICQ, hoje temos o MySpace, o I-chat, o MSN, e por aí fora. Para muitos é um sofrimento passar um dia sem ver o e-mail, ler os seus websites favoritos (o Bairro do Oriente, por exemplo!), ou contactar com os seus amores virtuais. O prefixo “cyber” passou a fazer parte do quotidiano; é o cybersexo, os cybercafés, sempre um cyber-qualquer-coisa.

Eu próprio quando vou de férias para qualquer sítio onde não tenho internet sinto a falta de qualquer coisa. Quando se dão problemas técnicos e ficamos sem computador em casa, está ali um buraco como se faltasse qualquer coisa de muito querido. Tenho mesmo dúvidas se os sintomas de desabituação da internet não serão semelhantes aos da nicotina, e se haverá alguma relação intima entre a falta de internet e a impotência sexual. A falta deste hábito deixa-nos irritados, indispostos, com um sabor amargo na boca e uma tolerância muito limitada. Uma vez que volta perdemos horas a ver "o que perdemos". É que não há televisão, jornal ou, aham, serão em família, que substitua o mundo virtual.

Resistem apenas os mais velhos ou os mais ignorantes. Mera burrice. É o mesmo medo que tiveram quando nos anos 30 do século XX viram o automóvel: "No meu tempo tinhamos a carroça e ninguém se queixava!". Ou nos anos 50 quando a televisão tomou o lugar do rádio, ou quando foram descobertas as vacinas para a poliomelite ou o tétano. Os mais velhos têm medo das novidades porque sabem que não as podem usufruir. Coitados. O que vale é que mesmo esses casos vão sendo cada vez mais raros...

2 comentários:

Anónimo disse...

eu assumo: sou completamente dependente... E do Bairro do Oriente também!

Leocardo disse...

Uau! Obrigado :)