Good (Ying)luck

O Puea Thai, o partido da oposição na Tailândia, é o grande vencedor das eleições realizadas ontem no reinado do Sião. O partido conseguiu mesmo a maioria absoluta, com 265 assentos no Parlamento contra 159 do partido do Governo, desalojando os democratas do primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva, que já se demitiu da liderança do seu partido.

Agora a razão porque isto é notícia: o novo primeiro-ministro é...uma primeira-ministra, a primeira na história da Tailândia. E como se isso não bastasse, a senhora é nem mais nem menos que Yingluck Shinawatra, irmã mais nova de, adivinharam, Thaksin Shinawatra. Yingluck, de 44 anos, é vista como uma marioneta do irmão, que há cinco anos fugiu do país depois de acusações de corrupção e outros crimes de lesa-pátria (incluíndo o controverso lese-majesté ), deixando o país em ebulição, dando origem a tumultos liderados por camisas vermelhas e amarelas, que deixaram a Tailândia à beira da guerra civil.

A maioria obtida por Yingluck permite-lhe comando absoluto da nau que quer salvar do naufrágio, uma vez que na Tailândia é cada vez maior o fosso entre ricos e pobres. A sua popularidade deve-se sobretudo ao seu exilado e bilionário irmão, que é visto como um messias entre a maioria pobre e rural do país. Thaksin era conhecido por roubar em grandes quantidades (para ele), sem nunca se esquecer de distribuir um pouco pelos pobres. Os bagos de arroz compraram-lhe a gratidão eterna dos peões tailandeses.

Quem não gosta mesmo nada de Shinawatra são as elites e a aristocracia da Tailândia, que vêem neele um autocrata corrupto, que é uma ameaça para a reverendíssima monarquia e o status quo vigente. Quando chegou ao poder em 2001 Thaksin mudou a Tailândia para sempre, mexendo nos cismas que dividiam o país, e chegando mesmo a colocar em causa a própria monarquia, que é algo absolutamente peregrino. A não perder as cenas dos próximos capítulos, agora com uma versão feminina de Thaksin Shinawatra.