quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Isolados do mundo


Hoje foi a Hutchinson, uma das concessionárias da rede móvel em Macau, a fazer das suas. Entre pouco antes das as 12:00 e até às 18:30 os clientes daquela companhia ficaram sem serviço, ficaram sem rede, ficaram isolados do mundo, coitadinhos. Foi um apagão do estilo CTM, só que desta vez com uma das suas parceiras de vigarice. Como sou um rapaz muito ocupado e não tenho tempo a perder com parvoíces, fiquei sem perceber porque é que uma das minhas colegas me perguntou por volta da hora de almoço se eu usava Hutchinson ou CTM, bem como a outros dos meus colegas. Mais tarde fiquei a saber a razão do seu pranto: queria alguém com quem partilhar a sua miséria. Apesar de tudo, a CTM continua a ser o servidor preferencial dos pobres escravos das telecomunicações da RAEM. Desta feita quem ficou fornicado e mal pago foram os clientes da Hutchinson. Vi mais tarde nas notícias um grupo de clientes que se apinhou nas lojas da Hutchinson queixando-se da vida, e a querer saber o porquê da sua desgraça. Quase que choravam, os miseráveis. Alguns ficaram com menos cabelos, os que foram arrancados em desespero.

No Telejornal foram entrevistados alguns clientes da Hutchinson, e achei sobretudo graça a um chico-esperto que disse que "ficou à espera por chamadas toda a manhã", que não chegaram, obviamente, e agora queria saber "quem o vai indemnizar". Ah ah ah. Um indivíduo esquisito de camisola de alças e cara de parvo, daqueles que alega que "perde milhões" cada vez que fica sem telemóvel. Faz lembrar um bêbado famoso que certamente muitos leitores conhecem, que só faz merda e depois pede para ser indemnizado cada vez que leva porrada ou é corrido ao pontapé dos sítios que frequenta. Os restantes clientes da Hutchinson foram pedir explicações - mais por despeito do que por outra coisa - e os pobres funcionários da companhia lá foram explicando que foi uma avaria, e tal, e o que mais podem fazer? O Governo que pague, como costume. Não faz mal, que isto das concessionárias e dos monopólios faz dinheiro que chegue para compensar meia dúzia de parvalhões por uma ocasional falha. Amanhã voltam a facturar milhões.

Ainda me lemnbro do tempo em que as pessoas viviam sem telemóvel e sem internet. Eu próprio só tive o meu primeiro telemóvel quando tinha quase 30 anos, e nunca fiquei incomunicável por causa disso. Pode ser que muita gente não saiba, mas ainda existem redes fixas, campainhas de portas, ou aquela coisa muito arcaica chamada "e-mail", lembram-se? Hoje em dia alguém fica sem rede de telemóvel durante cinco minutos sente-se sozinho, abandonado, quase suicida. E berra a viva voz: "O que se passa! É uma injustiça!". É que no fim de contas andam a pagar centenas! (mais que milhares, centenas!) de patacas por um serviço que depois, uma ou duas vezes por ano, não funciona! É de fartar vilanagaem! Meus amigos, tenham calma. Façam os vossos aparelhos trabalhar para vocês, e não o contrário.

4 comentários:

Hugo disse...

Se eles vivem para os telemóveis é normal que fiquem desesperados quando acontece algo deste género.

VICI disse...

Ora bem, o meu telemóvel raramente sai de casa. Funciona essencialmente como telefone fixo para comunicações com a família. Quem me quer encontrar já sabe que ou telefona para o escritório (onde passo cerca de 12 horas do dia) ou então envia um email. Como tal, não poderia estar mais de acordo. Nunca vou perceber a telemóvel-dependência.

P.S.: O que não invalida que os serviços oferecidos em Macau sejam de facto muito maus!

Anónimo disse...

Uau! Quando for grande quero ser como tu!

Anónimo disse...

Não é uma questão de ser telemóvel-dependente ou não.
Estas operadoras de telecomunicações têm a obrigação de prestar um serviço de qualidade e fiável.

Há situações em que é indispensável estar contactável como um médico (antigamente usavam os pagers/bips).

E o que dizer se um agente imobiliário perder um negócio por estar incontactável e o cliente resolver procurar outro agente? Ou um investidor da bolsa que não recebeu uma chamada de aviso de preço?

Quem é que se responsabiliza pelos prejuízos? São estas empresas?