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1) Estava esta tarde a ler a revista “Macau Business”, quando dou com uma série de lugares assim caruchos que os mais abastados costumam frequentar. Eu não sou muito de saídas, adoro cozinhar em casa e quando saio vou sempre aos mesmos sítios, assim qualquer coisa de castiça e baratinha, ou “classe-média alta”. Já não me lembro da última vez que paguei menos de 40 patacas por um almoço, tal é o grau de exigência, quando ainda há alguns anos andava aí pelas ruas a comer mins de 15 paus. Em todo o caso, é verdade: não conheço muitos restaurantes ou bares de cinco estrelas que agora pululam pelos hotéis do território. Devem-se contar pelos dedos de uma mão as vezes que entrei no Venetian, MGM, City of Dreams e afins, se bem que frequento regularmente o Grand Lisboa para atender aos jantares de família. Depois vejo as fotografias, as entrevistas e tudo mais, e pergunto à minha cara metade quem são estas pessoas e que sítios são estes. Daí que me desarma com um seco “sítios onde tu não entras e pessoas que tu não conheces”. E não entro mesmo, que a minha natureza rústica não se coaduna com o ambiente. Congratulo-me que muitos dos nossos compatriotas tenham chegado aí com todo o ar de quem acabou de colher um quintal de batatas, e que num estalar de dedos integram-se em ambientes VIP. Não os desprezo, antes pelo contrário, nem os invejo. Respeito mais as pessoas que subiram a pulso e a esforço do que aqueles que têm tudo de mão beijada, mensagem que espero que os meus filhos, por exemplo, aprendam. Só que para mim, não dá. Quem já andou de joelhos e descalço a limpar currais de vacas não senta o rabinho no Il Teatro assim tão facilmente. A propósito, já vos disse que o Pizza & Company é mesmo “muita” bom?
2) Estava a olhar para a lista do PIB nominal per capita relativa a 2008, e apercebo-me que o PIB per capita de Macau é o 22º do mundo, à frente de países como Itália, Espanha, Singapura e Japão, e próximo de países como os Estados Unidos, Canadá, Reino Unido ou Alemanha. O PIB nominal per capita de Macau é de 40400 dólares norte-americanos, ou seja, 320 mil patacas por ano. Qualquer coisa como 26 mil patacas por mês! Isso até é quase mais do que eu ganho. Com toda esta produção, porque será que não conseguimos viver com a mesma qualidade da população do Japão, Alemanha ou Canadá, por exemplo? Claro que há factores como a balança comercial negativa, a despesa pública e tudo mais, mas perdoem-me a inguinidade, preciso de uma opinião académica. Talvez a vida da população de Macau seja comparável a Jersey, uma ilha no Canal da Mancha com uma população de 90 mil e que se encontra no 11º lugar da tal lista, logo atrás dos Emirados Árabes Unidos.