quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A intifada da Rua Central



1) Fiquei sem perceber muito bem o desenlace do caso do ex-agente da Polícia Judiciária (PJ) que chamou a imprensa e ameaçou imolar-se pelo fogo em frente à sede daquela instituição pública de combate ao crime, na Rua Central. Fiquei abismado com a "coragem" do indivíduo que se inspirou em Thich Quang Duc para fazer activismo, e depois pelo seu currículo: entre 1999 e 2004, tempo que trabalhou na PJ, teve 10 (dez) processos disciplinares. O director da PJ veio hoje a terreno explicar melhor a situação, deixando-nos saber que o ex-agente respondeu por faltas gravíssimas como desobediência a superiores e agressão a um cidadão. Quer dizer, quantas faltas disciplinares são necessárias para que se demita um funcionário público? Pensava que uma já chegava para pelo menos uma suspensão, demérito ou qualquer coisa assim. A PJ garante que sempre foi tolerante com o ex-agente (e foram mesmo), que sempre o trataram bem, e que ele sofre de uma "doença", mas não revelaram qual. É mais complicado tentar perceber foi como poderam deixar o combate ao crime nas mãos deste indivíduo durante cinco anos.

2) Ainda a propósito, fico incomodado com sugestões de que este ou aquele indivíduo é louco, e requer tratamento psiquiátrico. Já diz o velho provérbio, "de poeta e de louco temos todos um pouco", e se há alguém que se pode orgulhar de nunca ter "perdido a cabeça" é porque provavelmente nunca foi submetido a uma situação de pressão intensa. Eu não sei quantas vezes já me passou pela cabeça partir uma janela com uma cadeira, ou atirar a mesa da cozinha pela varanda, ou uma bilha de gás para o ecrã plasma. Quantas vezes já não tive a curiosidade de saber o que aconteceria se deixasse as latas de Shelltox no micro-ondas alguns minutos? Enfim, todos temos um dia ou outro em que só faltou mesmo uma gota. Além disso, parece um pouco infantilóide chamar as pessoas de "malucas" só porque às vezes não se concorda com um ponto de vista. Deixem-se lá de ideias de hospícios, e manicómios, e psiquiatras e coisa e tal. Já não temos uma prisão, e parece que até vão construir outra? Remédio santo.

8 comentários:

Anónimo disse...

A doença dele tem um nome,chama-se:
"Não ser corrupto com os outros"

Anónimo disse...

"...fico incomodado com sugestões de que este ou aquele indivíduo é louco." (palavras do Leocardo neste post).

"O LOUCO" (título de um post de há 3 dias do mesmo Leocardo a propósito de Hugo Chávez)

Moral da história: o Leocardo fica incomodado quando se chama louco a alguém, a não ser quando esse alguém é um dos seus ódios de estimação.

Anónimo disse...

"Não ser corrupto como os outros".Assim que está correcto

Anónimo disse...

A PJ fez bem em ser tolerante com o tal homem, sempre no sentido de o recuperar para a sociedade. Quando a coisa se tornou insustentável, foram tomadas medidas que resultaram no despedimento desse homem. Sei que o homem recorreu da decisao, mas aqui funcionou a separacao do poder judicial, porque nao foi a PJ que confirmou a sentenca. Chan Sio Chak está de parabens pela forma como conduziu este caso e tambem pelos esclarecimentos que prestou sobre o mesmo, revelando abertura à sociedade.

Anónimo disse...

ENGANEI-ME (Anónimo das 19:00): Ao referir-me ao director da PJ, em vez de Chong Sio Chak, queria dizer Wong Sio Chak !

Leocardo disse...

A diferença é que o Chavez faz questão de deixar saber ao mundo que é louco, e toda a gente conhece o Chavez e sabe quem ele é. Eu não conheço o ex-agente da PJ de lado nenhum, e não sei se é ou não louco. É engraçado que quem tanto apregoa o segredo de justiça ou a "ordem jurídica" venha depois com tanta facilidade julgar na praça pública e sugerir internamentos psiquiátricos a pessoas que não conhece.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Então um gajo quer queimar-se a si proprio e o leocardo não sabe se o gajo é maluco ou não??Ora esta é boa.Ca para mim o gajo é normal,como diria o Artur Jorge,é perfeitamente normal,perfeitamente normal eheh

Anónimo disse...

A coisa já foi explicada: não é louco, é kamiquase.