Depois de ontem ter falado de fanáticos religiosos e apologistas dos direitos dos que não têm direitos porque nunca os poderiam ter (e nem querem, não se esqueçam que com "direitos" vêm os "deveres") hoje termino este pequeno sermão que resolvi publicar em duas partes, especialmente para a conveniência dos que se queixam da extensão dos artigos. Sinto-me honrado com o elogio, mas fico preocupado com esse laxismo, e sobretudo com a lógica implícita nessa "acusação" sem sê-lo que me fazem. Portanto, muitas letras assustam os meninos, é? Se calhar é maldade minha, pois não me custa nada, mas mesmo nada redigir os tais "lençóis", como vi num comentário à questão do gato queimado de Mourão - e a esses já nem digo mais nada. Preocupa-me que as pessoas olhem para um texto em que supostamente estariam interessadas, e venham dizer que "não leram" por ser "demasiado comprido". O que seria da literatura se tivessem o mesmo a Victor Hugo, ou a Tolstoi? Um leitor deixou um comentário parvo a querer passar por mordaz, dizendo que "mais vale ler 'Os Maias'", referindo-se ao artigo referente ao tal gato que foi "queimado vivo" mas não morreu-eu-eu. Mas nu aspecto concordo com aquele ignorante iletrado: mais vale ler a obra-prima de Eça de Queiroz, mas o problema é que nem isso ele vai fazer. E porquê? Porque "não tem tempo", aparentemente, e se calhar ganha mais em passar a tarde toda no Colombo em exposição, como se alguém o quisesse ver, coitado. A propósito, quem esperar ser qualquer coisinha na vida e não tiver o arcaboiço ou o estômago, ou as duas coisas, para se sujeitar a "rebolar no palheiro" com alguém que normalmente tapariam logo o nariz na sua presença, é bom que leiam qualquer coisinha - não precisa que seja algo que eu escreva, mas qualquer coisa. Estes ficam despachados, e quanto aos que gostam de comentar mesmo sem conhecer o conteúdo do que estão a "deitar abaixo" (falar bem implica ter lido e entendido), a esses só peço distância. Não é por nada, mas nem que lavem as mãos eu me consigo dar com qualquer tipo de masturbação, neste caso do tipo "mental".
Esta segunda parte do sermão fica reservado a um certo grupo de pessoas que às vezes fica tão absorta no que pensa ser "o seu grande momento", que se esquece completamente que não é uma divindade imortal e toda-poderosa. Falo daqueles tipos e tipas que, naquilo que julgam ser uma "demonstração de carácter", são assomados pelo espírito do jumento, e cometem a burrice de se esquecer que estão a escrever coisas que outras pessoas vão ler. Sim, apesar de estarem sozinhos e sós (duas coisas diferentes, portanto, mas que estes acumulam) em casa, quer nas redes sociais, quer nas caixas de comentários, bem como nos "chat rooms" deste e daquele "site" há pessoas de carne a ler o que vocês escrevem, e podem não gostar. Há uns valentões de arengue que pensam que basta passar por anónimo para dizer o que lhe vai na gana, e que nunca coragem de dizer na cara de outros, com receio da sua ficar seriamente danificada (cara, entenda-se) - mas aqui se forem bons meninos e deixarem o senhor "desabafar", podem acusá-lo vocês de um crime, já lá vamos a seguir. Entretanto outros "dão a cara", e julgam ficam imunes a qualquer tipo de repreensão ou punição pela lei. Não, e o que acontece é que a sociedade não são regidas por "teimas" ou descaramentos ou códigos de honra elaborados por uma única pessoa, guardados apenas dentro da sua própria, e que só a ela interessa - nem devia, enfim, presunção e água benta, cada um toma quanto achar melhor. O que acontece dando a cara num processo em que estão insultar, ameaçar ou de alguma forma atentar contra a dignidade da pessoa do outro lado do vosso "santuário" é apenas isto: ficam mais fáceis de identificar. Escolhendo ser anónimos, e mesmo assim pessoa decidir apresentar queixa contra desconhecidos, é dar mais trabalho à polícia - mas olhem que é muito provável serem apanhados! Vamos ver primeiro o que diz a lei.
Esta é para os valentões que acham que tudo se resolve ao murro, como se fosse de batatas do Bacalhau à Lagareiro que estivessem a tratar. Aprendi através de muita observação que este tipo de "convites" para a porrada são em 99% dos caso conversa para boi dormir - é possível que isto seja causado por algum desequilíbrio hormonal temporário, nunca se sabe. Contudo, quem passar das palavras aos actos, não festeje caso tenha "limpo ao sebo" ao adversário, e que ele "nem piou" ou "ficou ali a levar, para aprender", pois quem se prepara para aprender a comportar-se como uma pessoa civilizada e não e um neandertal vão ser vocês. E arriscam-se a ter muito tempo para pensar no assunto. Sossego é que não prometo.
Mas atenção, pois mesmo que seja "só conversa", o paleio pode sair mais caro do que um telegrama exaustivamente descritivo - muito mais, mesmo. Peguemos no exemplo de gato de Mourão, que saiu do anonimato feliz para me arranhar o juízo. As pessoas que escreveram abertamente no Facebook coisas como "eu vou lá e faço ou mesmo", ou "vamos queimar a velha" e outros mimos onde não se acrescenta "just kidding" ou "oink! oink!", ou nada que dê a entender que estão a brincar arriscaram-se a ser acusados do crime de ameaça. E outra vez, e nunca me canso de dizer isto, "crime" é tudo o que vem contemplado no Código Penal. Atirar lixo para o chão e outras banalidades são regidas por legislação, ou por vezes nem isso - podem ser uma mera regulamentação. Mas a seguir vamos ver com as sensibilidades podem ser tocadas, mesmo sem se saber como.
Aqui está: gestos, imagens, qualquer meio de expressão, e se estiver escrito, seja num guardanapo de papel ou numa janela do Facebook, ainda melhor. Reparem que têm se ter até cuidado quando se fala dos falecidos! Pelo menos até 50 anos depois de falecerem, portanto, se tiverem paciência para esperar tanto tempo, e forem vocês próprios vivos, "be my guest". Claro que há limites, e é possível se alguém se queixar que vocês lhes fizeram um manguito não aconteça nada, mas se for uma pessoa com más intenções contra vocês, dota-se de um causídico espertalhão, e de uma grande carga de trabalhos já não se conseguem livrar - e as sensibilidades são o que sabe; ninguém vem com o limite do tolerável imprimido na testa. Agora digam lá, acham que vale a pena, ou é melhor ser um pouco cuidadoso e não se entusiasmar nos comentários? Não confundam o que estou com alguma restrição aos limites da liberdade de expressão, pois não se trata aqui disso. A liberdade não chegou ainda ao ponto em que podem gratuitamente insultar alguém, mandá-los ao carvalhos ou às portas que partiu. Pensem lá bem nisso.
Finalmente, para aqueles "brincalhões" que acham graça em espreitar o Facebook do Zé, da Maria e da Francisca, saiba que este é um crime que em Macau se tem levado bastante a sério, especialmente desde que entrou em vigor a legislação da protecção dos dados pessoais. Sim, pode ser que não tenham nada a esconder, eu não acredito mas vamos fazer de conta que sim, que são uns anjinhos, mas o que vocês guardam no vosso PC só a vocês diz respeito, e o que quiserem partilhar fazem-no nas redes sociais - e aí não há desculpas: se alguém usou uma imagem vossa com maus intentos, mas sem dolo criminoso, paciência, tenham mais cuidado da próxima vez. Portanto o mesmo se passa com toda a gente, o privado é sagrado, e recordo que em Macau são todos anos abertos mais de 200 processos relativos à criminalidade informática. Por muito boa que seja a desculpa, muito válido que seja o pretexto, invadir a privacidade alheia nunca vos vai livrar de uma grande dor de cabeça. É para isso que temos as autoridades, para mexer onde dá choque.
E é com esta nota que concluo este sermão, e espero que não tenham interpretado isto como algum aviso ou qualquer "esperteza saloia" da minha, pois a intenção, garanto, é a melhor da minha parte. Se conseguir fazer alguém pensar duas vezes antes de fazer um disparate, é uma vitória, e não é preciso agradecer. Para mim é só mais uma entrada deste alfarrábio que combina o disparate com o sincero, mas sempre de boa fé, e mais uma vez relembro que seja qual for o problema, a porta está sempre aberta para resolvê-lo como fazem as pais. Sou mais que um pai p'ra vocês, defs ☺
Portai-vos com juizinho.
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