Portugal está pela primeira vez numa final de um campeonato mundial de futebol sénior masculino da FIFA! Belisquem-me, pois devo estar a sonhar; de facto a nossa selecção venceu duas vezes o mundial de futebol de jovens sub-20, mas o mundial foi no ano passado, e quem ganhou foi a Alemanha, certo? Certo, então estamos a falar de quê? Futsal? Detesto futsal. Não? O quê? Mundial de Futebol de Praia? Essa é boa, já tinha falado aqui dessa pitoresca realidade que é o mundial de futebol feminino, só que aí não há nada a fazer: o género é atribuído aleatoriamente a certo ponto da concepção...mas futebol de praia? Se forem assim tão bons passam para o relvado, com chuteiras, e relva e tudo o que há direito, não precisam de ficar ali na praia, onde não "morrem" propriamente, mas também não dali até muito longe. Mas escárnio à parte, recordo-me quando o futebol de praia começou a ser levado a sério, em finais do século passado. Inicialmente as selecções que desde 2005 disputam o mundial da FIFA de dois em dois anos jogavam todos um "grande prémio mundial", que teve dez edições entre 1995 e 2004, nove ganhas pelo Brasil, e uma por Portugal, em 2001. Valia o que valia, pois não havia um sistema de ligas e torneios entres confederações para se justificar uma competição mais séria, mas passou a haver. Assim hoje o futebol de praia é profissional, imaginem, e depois do Brasil ter vencido os primeiros quatro mundiais, os últimos dois torneios foram conquistados pela...Rússia. A sério. Ah, praia, futebol, Copacabana...Gorky Park, Kremlin...faz tudo sentido, não faz?
Mas seja futebol de praia, construção de castelos na areia, ou lançamento de um disco de plástico com um cão a correr para um lado e para o outro, se Portugal joga, o povo vibra, e se Portugal ganha, é festa na certa. Se perde...é festa na certa, ora, não vão ficar aí esses pipis no prato e essa cervejinha a perder a graça por causa desses CHULOS, PÁ!...que deviam era trabalhar nas obras, quando na mesma manhã desse dia eram uns "heróis, de uma fibra que já se não vê por aí, pá"! E agora a selecção dos "brinca-na-areia" chegou a final, vencendo nem mais do que a Rússia, a bi-campeã mundial, por 4-2, e...porque é estes portugueses estão ali a comemorar? Viajaram para acompanhar a selecção de futebol de praia?!?! Ah, não esperam lá, este mundial é em Espinho, no estádio do...praia de Espinho. Detalhes de somenos importância. Destes adeptos que vibraram com a vitória de Portugal, um deles destacou-se, ao fazer uma análise sóbria e profissional do que passou dentro das...de um rectângulo na praia? "Portugal jogou muito bem, mereceu ganhar, mas atenção! Atenção, ah? A Rússia é uma boa equipa, que faz um jogo muito táctico". Pois é pessoal, atenção portanto da próxima vez que jogarem a Rússia: eles conhecem as melhores dunas do campo de onde rematar. Para aquele jogo que já ganharam ontem este "aviso" fica um bocado...sem sentido. É apenas a minha opinião, portanto.
O seleccionador de Portugal é Mário Narciso, que vemos na imagem, e a escolha não podia ter sido mais bem feita; este técnico setubalense responsável pelos "beach boys" lusitanos tem todo o ar do "tio" que vendia os famosos sorvetes na praia. "É frutóóó chocolaaaate!". Nem uma, nem outra: é Taiti - Portugal vai jogar a final contra essa poderosa selecção da Polinésia, que também deve estar nas suas sete quintas, com gente a dançar nas ruas de Monói (quem apanhar esta ganha um doce). Aliás ouvi dizer que naquele país passam especiais sobre a selecção de futebol praia portuguesa, nos intervalos das transmissões de dança do Limbo ou de saltos de virgens para o vulcão, desportos nacionais do Taiti. Parabéns a todo o departamento técnico por esta final, que é o fruto de anos de trabalho e de formação, na praia, desde os levam os bebés a chapinhar na água pela primeira vez, aos que mandam aquelas "chouriçadas" do meio da areia que acabam num "golo espectacular".
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