sexta-feira, 3 de julho de 2015

Provedor do leitor (softcore) - parte I



Como tinha prometido aqui estou para atender aos comentários do artigo de segunda-feira intitulado Mas o  Gato-to não morreu-eu-eu, dedicado à polémica derivada de uma notícia que foi empolada "to the max", sobre a tradição da queima de um gato nas festas de S. João numa aldeia oculta entre as montanhas de Trás-os-Montes. Pronto, não foi nada "empolada", foi muito grave, e as parangonas onde se lia "QUEIMAM-SE GATOS NO S. JOÃO EM PORTUGAL" ou "GATO QUEIMADO VIVO" são perfeitamente justificadas, tal foi a gravidade daquele assunto que devia obrigado a reunir o Conselho de Estado, para declarar "estado de calamidade"..."felina". Porreiro, assim quando um estrangeiro me perguntar  se "é verdade que queimam gatos em Portugal durante o S. João", posso responder "Sim, claro, não me diga que conhecia os nossos "hot-cats with mustard, uma especialidade!". O "Gato Queimado Vivo" inaugura uma nova modalidade de queimadura: define quando nos queimamos durante o período de vida, portanto, enquanto "estamos vivos", continuando nesse estado após o choque térmico, com possibilidade de labareda de média a pequena vaga. Quando antes à pergunta "...e morreu?", quase uma redundância,  a única resposta possível de se deduzir dela era um firme "claro", agora existe um "não necessariamente" - é como quando dizemos "estou a morrer de sede", não implica que seja necessário chamar o INEM para nos salvar a vida, ou numa situação de maior esforço dizer "cheguei morto de cansaço", ter a sala inteira a mudar de expressão, como se tivessem visto um fantasma, será uma interpretação muito literária. Portanto, se virem algo deste género:



Reparem nesta notícia tão incompleta, que me leva a questionar até onde vai o jornalismo em Portugal, longe dos gloriosos tempos do Jornal O Crime, ou o Jornal do Incrível, as minhas leituras predilectas da infância, quando queria ficar bem informado. Vejam só, "Exército do Sudão do Sul violou raparigas e queimou-as vivas" - começa e acaba mal. Foi o exército inteiro, com um contingente de 180 mil homens, ou "alguns soldados do exército"? Não é por nada era preciso muita mulher para isto tudo, ou então houve aqui um recorde mundial do maior "gangbang" de que há memória, e ninguém estava lá para registar nos anais e nos vaginais da História. E depois, perante o novo Acordo Ortográfico idealizado pela gentinha desonesta e mesquinha que fez um caso de violência contra animais um segundo massacre de Srebrenica, é necessário deixar claro se depois de queimadas vivas as raparigas sobreviveram, ou não. Parece que não. Assim o título correcto devia antes ser "Parte do Exército do Sudão do Sul violou raparigas e queimou-as vivas, causando-lhes a morte". E que tal, "ganda pinta", pá.

Humor negro, pois, e as pessoas são muito sensíveis a este tipo de violência, de nada tendo servido a formação que tiveram em Tauromaquia desde tenra idade, quando aos 6 anos já lhes era permitido ir ver uma corrida de touros. Estando eu longe de Portugal, aprendo muita coisa, como por exemplo que convém alterar essa idade mínima para entrar numa Praça de Touros para ver uma corrida, dos tais 6 anos para 12. Parece que essa medida agrada à maioria dos pais, e acho bem, cansados de implorar aos filhos de 7 e 8 anos que "não vão à tourada", ao que eles retorquem "vou sim, e tu não me podes impedir, estás a ouvir???". São mais precoces as crianças em Portugal, agora, e ainda bem que temos celebridades que usam a sua influência para mudar este estado de coisas, pois nem todos os portugueses têm o discernimento e luminosidade deles, e precisam que se altere a idade mínima para frequentar um espectáculo sangrento, caso contrário vão lá - ainda confundem "possibilidade" com "obrigatoriedade", coitados. Devem ser resquícios do tempo do fascismo.

Do tempo do fascismo é também o nosso pluralismo e respeito pela opinião alheia,  e reconhecimento do direito ao contraditório. Estiva ontem e hoje (finalmente) a responder aos simpáticos comentários dirigidos à minha pessoa no Facebook, e permitam-me que me repita: aprendi imenso. A sequência mais frequente de raciocínio foi "aquele gajo é estúpido/não li o artigo/LOOOOL". Achei especialmente interessantes os comentários vindos de utilizadores daquela rede social que diziam "querer falar comigo", e depois de eu entrar em contacto com eles demonstrando a minha total disponibilidade para esclarecer qualquer dúvida que tivessem, fugiram! O destaque foi para uma tal Cristina Talento, da Charneca da Caparica, que tem por "hobby" (ou profissão, não sei bem) fazer artigos em feltro, desde bolsinhas, cadernos, etc., achei tudo tão adorável, e atendendo ao facto que tem uma empresa onde vende o seu artesanato, desejo-lhe as maiores felicidades. Fico é sem saber o que tinha para me perguntar:



Bom, não sei que comentário ela deixou, mas com toda a certeza foi anónimo, pois não vejo lá o nome dela nem nada que se pareça. No entanto ao aperceber-me que "gostava tanto" de me fazer uma pergunta, contactei-a DIPLOMATICAMENTE (e tenho os logs, deixem-se de merdas que hoje precisei de dispensar uma boa parte da minha infinita paciência com parvoíces), e ela...bloqueou-me. Sem mais, e vai-se a ver, a seguir vai dizer que eu a "assediei" ou qualquer coisa do género. Não devia ser assim tão "simples", o que ela tinha para me perguntar, e suspeito ser o mesmo do quanto ela leu do meu artigo para poder produzir uma opinião a meu respeito: nada. Ah sim, é alegadamente licenciada em Direito. Ahem. Adiante.

Aqui vou tratar dos comentários do blogue que merecem resposta, e nem todos são a "dizer bem", que já sei que é que o vai nessas cabecinhas, pois quem teve o mínimo de decência e de pejo identificou-se, e eu respondo-lhe tratando-o/a pelo nome. Num outro post que vou deixar a seguir vou responder a todos os que só conhecem a linguagem do insulto, e dos cobardes patetas que mandam insultos infantilóides e depois mostram aos amigos: "tás a ver, tás a ver? aquele ali sou, eu, "anónimo", ao que os outros grunhos respondem "ia, man, ouve lá, és bué da rad". Não me surpreende que na sua rotina Nuno Markl inclua tantas vezes sons como "duuuuhhhh" e "def, tipo, duhhh" e outros que mais parecem murmúrios de doentes mentais - faz tudo pelo seu público, o homem. Passando ao que interessa...
Blogger Rita Teles disse...
Não percebo a necessidade de dedicar mais tempo a algo que diz ter mediatismo a mais. Se calhar era melhor investir em causas que julga mais justas e merecedoras do seu tempo. Ou seja, em vez de andar a dizer mal do "povinho" construa qualquer coisa positiva. Fica o conselho. Cumprimentos.
Confesso que gostei do comentário da Rita Teles, que foi educada, cordial, e não me incomoda de todo o tom paternalista. Só fico é com uma dúvida: isto era para mim, ou para o Markl? É que não fui eu quem chamou de "gente má" aos habitantes de Mourão, nem de "palerma" a quem lhe explicou que o gato "só apanha um susto" (quando já vimos aqui que o gato "sobrevive queimado vivo"). Não fui quem deu cobertura mediática ao caso, mas tem razão quando diz que "perco o meu tempo", já o Markl, arranja tempo para insultar, não, perdão, "mandar umas bocas", agora sim, a uma aldeia de rústicos cuja existência desconhecia por completo três ou quatro dias antes. Veja lá que ele é tão ocupado que nem tem tempo de se demarcar das pessoas que acham correcto usar a violência como forma de "educar" os aldeões, e que verificando pela linha de pensamento na secção de comentários da sua página do Facebook, vêem no seu artigo dedicado ao tema uma espécie de "inspiração". Sabe como se chama a este tipo de comportamento? Em rigor também não sei, mas tenho a certeza que se trata de uma forma de TERRORISMO. Upa, upa. Convido quem quiser vir tomar a seguinte afirmação como falsa: "É errado incitar à violência, ou propor, sugerir ou considerar a violência como solução, esclarecendo atempadamente, caso necessário, que não se apoia a prática de quaisquer actos à margem da lei ou de crimes contemplados pelo Código Penal em vigor, bem como qualquer tipo de acção em substituição das autoridades competentes para o efeito". Nunca a expressão "quem cala consente" teve tanta razão de ser como neste caso em particular.
Sofia disse...
Eu nem vou comentar o que está a dizer... só quero dizer que o gatito tem o direito à vida como qualquer um de nós, e nem por isso acho que deveriam de pôr um ser humano lá em cima a "tostar".
Engraçado Sofia, sabe uma coisa? Essa última parte coincide com o conteúdo do meu artigo na ordem dos....deixa cá ver...100%? Só que de forma um bocadinho de nada mais elaborada. Agora não comenta o que estou a dizer porquê? E nesse caso qual é objectivo do seu comentário, que começa por anunciar que não vai acrescentar nada e depois nada acrescenta? Bom, é capaz de ser pela mesma razão de muitos outros leitores e comentadores dos dois lados da discussão. O primeiros são os que não leram e falam mal por falar - e dentro desses temos dois sub-grupos: os que sabem que eu tenho razão mas isso não interessa então em vez de argumentar partem para o insulto gratuito (reparei que os fluidos corporais, nomeadamente aqueles provocados pela disenteria, usam-se muito este Verão em Portugal) e os outros que pegam em partes avulsas da minha argumentação, usando-as completamente fora de contexto, ou fazendo segundas leituras (e terceiras, e quartas e décimas oitavas) e/ou interpretações que eu chamaria de "abusivas", mas como não me sinto "abusado", prefiro descrever por "fantasiosas". Eu devia sentir-me era insultado, isso sim, eu e toda a gente. E porquê? Exactamente por falar em toda a gente:
Eduardo disse...
Que texto de bosta. Não percebi onde o autor quer chegar, está toda a gente errada menos ele? É isso? Pela quantidade e natureza das criticas, cinismo e insultos, a tese deste texto a mim parece-me ser que apenas o autor é imaculado o suficiente e a única pessoa que existe numa dimensão intelectual e astral suficientemente alta para ter o direito de opinar sobre este assunto. De todas as opiniões e comentários que ouvi sobre a recente vaga de oposição a violência animal acho que o senhor foi, até agora, quem se pôs no pedestal mais alto, nem os veganos ousam ser tão condescendentes. Muitos parabéns, deve ser um ser deveras iluminado.
A parte dos "parabéns" dispenso, obrigado, e julgo que não lhe pedi nada; gostei dessa do "ser um ser", fica muito bem ter essa cacofonia como complemento ao resto do verbatim dos pobrezinhos, que muda na forma mas nunca na essência. Agora quanto ao resto, ainda bem que começa o seu comentário fazendo uso da palavra "bosta", caso contrário ia estranhar o cheiro daquilo que viria a seguir, e assim já não fui apanhado desprevenido. De facto acho-me no direito de transmitir a minha opinião sim, e você tem a opção de a ler ou não, e em caso afirmativo, concordar ou discordar. O que você faz é, contudo, não ler e discordar, que é outro direito que lhe assiste: o direito a ser um idiota. Era para não comentar, e vejam como até fui tarde, pois a notícia do gato queimado propriamente dita não tem muito que se lhe diga, o que mesmo assim não impediu a "gente bonita" aí da praça de apressar-se a trepar a bananeira do "politicamente correcto", encontrando ali uma oportunidade de marcar pontos junto daquilo que infelizmente mais há por aí: gente que se indigna muito facilmente e sai em apoio das causas, especialmente se o mote for "criatura frágil e indefesa atacada por trogloditas que ainda tentam justificar a barbárie que cometeram alegando que se trata de uma "tradição". "Ena, isto está para mim", pensou o Markl - "pensou", ou seja, fez aquilo que muitos dos seus fãs e seguidores incondicionais não fazem, e para estes basta saber que o seu ídolo diz que o outro é "imbecil", que aquele é "um idiota", e que os aldeões de Mourão "são más pessoas", e a partir daqui a palavra "pessoas" deixa de ter qualquer significado ou importância, e passa a ser legítimo defender que "barrotes a arder pelo cu acima", ou "assar a velha dentro do pote" são soluções para que aquela população repense na forma como trata os animais.

(continua)

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