segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

É só "côltura"


Fui há uns anos a uma espécie de concurso de dicção de inglês subordinada ao tema "My Macao", em que estudantes das escolas secundárias e universidades do território preparavam e recitavam um texto completamente em inglês sobre o que pensavam de Macau.

A prima da minha mulher conseguiu um honroso 5º lugar, de um total de dez finalistas apurados por dois processos de selecção. A iniciativa foi do Instituto Politécnico, que assim agradou ao pessoal anglófono do território, e o seu esforço visto à sua imposição como segunda língua.

Deverão existir em Macau muitos milhares de jovens entre os 20 e os 35 anos que falam bem inglês, graças ao esforço das instituições de ensino secundárias como o Colégio Santa Rosa de Lima, o Sacred Heart ou o Yuet Wah. Se não fosse pela heróica iniciativa destas nobres instituições de ensino, não era possível comunicar com as pessoas de Macau numa língua inteligível sem aprender o chinês.

Isto porque à espera de instituições de ensino portuguesas para agarrar o interesse dos jovens chineses, podemos esperar sentados. Lá agarrar, agarram, mas ideias como abrir um concurso público de dicção de português com prémios aliciantes, ou bolsas de estudo, raramente ou nunca aparecem.

Mesmo a Alliançe Française, não muito longe aqui de casa, tem conseguido cativar mais o interesse pela língua e cultura francesas do que o IPOR pela língua e culturas portuguesas - isto pesando o facto da França não ter estado quatro séculos no território.

É que enquanto continuarem a surgir rumores de desinvestimento, nomeações e politiquices, ou dúvidas sobre a importância da língua e cultura portuguesas no território, nunca arrancamos para mais este glorioso empreendimento ultramarino. Enquanto isso, vamos começando a parecer peças de museu.

PS: Já viram que naquelas bandeirinhas e puzzles da Lusofonia, nunca aparece Macau? Porque será...

5 comentários:

Anónimo disse...

Porque seria uma traição à pátria se Macau surgisse entre as bandeiras da lusofonia...

Anónimo disse...

" Deverão existir em Macau muitos milhares de jovens entre os 20 e os 35 anos que falam bem inglês, graças ao esforço das instituições de ensino secundárias como o Colégio Santa Rosa de Lima, o Sacred Heart ou o Yuet Wah."

E tambem gracas ao esforco da Escola Portuguesa!

Anónimo disse...

É verdade que o Estado Português de hoje e todas as instituições que dele dependem são uma vergonha. Mas a bandeira de Macau não aparecer não tem nada a ver. Não aparece porque não poderia aparecer.

O legítimo representante da Lusofonia é a CPLP, a qual é constituída por oito países-membros, pois só estados independentes o podem ser. Macau não passa de uma região pertencente à China e, mesmo para ter o estatuto de Observador Associado, está dependente da aprovação da China. Para mais, tanto quanto julgo saber, Macau nunca pediu oficialmente esse estatuto.

Para aparecer a bandeira de Macau, teriam de aparecer primeiro as da Guiné Equatorial, da Maurícia e do Senegal que, oficialmente, são para já os únicos Observadores Associados da CPLP.

E depois a China não gosta de ver a bandeira de Macau aparecer em lado nenhum isoladamente, sem ter a da China ao lado. Como diz o anónimo anterior, isso para eles (e para Macau também) seria uma traição à pátria. Por isso, a bandeira de Macau que se deixe estar no lugar que lhe pertence: por baixo da da China.

Leocardo disse...

Tem razão, anónimo das 14:14, era só uma provocaçãozinha. Vivendo eu em Macau e não "num país independente", sinto-me a menos, claro.

Anónimo das 14:06, com os da Escola Portuguesa podemos comunicar em português, dispensando-se o inglês, portanto.

Cumprimentos.

Guimaraes disse...

Com a divulgação da língua e da cultura entregues ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, por que esperava? Ainda se se tratasse de jantaradas...