sábado, 23 de janeiro de 2010

Os blogues dos outros


Confesso sentir alguma curiosidade sobre o funcionamento dos blogues de autoria colectiva. Sei que só consigo trabalhar em hierarquia - saber quem manda e a quem devo reportar, saber quem são os meus iguais e saber quem de mim depende - pelo que os colectivismos me apavoram e enchem de inibições. Eu decerto ficaria de fora numa estrutura desse tipo, pois não tomaria a iniciativa de "postar" em cima de um texto mais elaborado, produto de horas de reflexão e escrita, como ficaria revoltado se, cinco minutos após colocar um texto, alguém o cobrisse com uma coisa retirada do Youtube ou uma anódina fotografia de bolinhos, ramos de flores ou o Rato Mickey. Nunca me adaptei a estruturas informais e multicéfalas; daí a minha curiosidade.

Miguel Castelo-Branco, Combustões

Estou no facebook há pouco tempo: desde Maio de 2009. E, ao contrário do que insistentemente apregoa MST, aquilo até é coisa gira (se exceptuarmos aqueles que nos encontram sem que nós queiramos ser por eles encontrados). De há uns tempos a esta parte, venho reparando que muitas mulheres nessa rede social começam o dia escrevendo o nome de uma cor no seu perfil. A coisa repete-se todos os dias: ora azul, ora vermelho, outras vezes preto. Para quem, como eu, andava curioso sobre tal prática secreta e transversal a muitas mulheres no facebook, estou em condições de avançar que a cor corresponde ao tom do soutien que tais moçoilas envergam nesse mesmo dia. Humm, há quem diga que tal prática acicata a libido e os pensamentos pecaminosos; outros há que pensam que isto tem qualquer coisa de pateta e infantil; há ainda quem pense que isto é apenas um sinal dos tempos, uma forma electrónica de galderiar. Pela minha parte, acho que tal prática é coisa de continuar. E mais: se fosse possível, podiam também avançar com infomação sobre textura, tamanho e tecido. Assim, ao invés de fazer como o gajo da televisão que oferecia flores, pode ser que daqui em diante os desconhecidos (que já não vão atrás do impulse) passem a oferecer soutiens. É mais directo e evita tempo perdido com essa coisa tão antiquada - e tão pouco tecnológica - que dá pelo nome de sedução.

VICI, MACA(U)quices

Se a crise na justiça pudesse ser mensurável como são as consequências da crise financeira chegaríamos à conclusão que nesse capítulo a nossa situação estaria próxima da do Haiti, mesmo sem nenhum terramoto. No Haiti não há justiça porque não há estado, em Portugal era melhor que não houvesse justiça pois é quase uma anedota chamar justiça a essa coisa que só serve para destruir cidadãos e enriquecer magistrados. A escutas telefónicas é um instrumento de investigação de excepção pelo que representa em termos de violação de direitos de cidadania, a sua autorização deve ser cuidada e a utilização do resultado deve estar sujeito a um controlo rigoroso. Quando as escutas a Pinto da Costa (um dia destes serão as conversas entre Sócrates e Vara ou quaisquer outras escutas) são colocadas no Youtube só podemos chegar à conclusão que a justiça portuguesa é um mundo de canalhas sem princípios e sem o mínimo de valores para que possam exercer o poder que têm. A Pinto Monteiro só restam duas alternativas: ou toma uma posição firme contra o lodaçal que o rodeia ou apresenta o pedido de demissão.

Jumento, O Jumento

Apenas uma nota no futebolês para constatar as cenas lamentáveis para o lado de Alvalade, sinal que a equipa ainda não se tranquilizou, mas Eduardo Bettencourt esteve bem. Marginalmente correm na Internet os registos do Apito Dourado. Independentemente do formalismo da captação das conversas, o que ali se diz (e os ouvidos não mentem) revelam uma prática costumeira que viola toda a verdade desportiva. Não sei o que é o Secretário dos Desportos precisa para mandar instaurar um inquérito a estas práticas de acerto de resultados. Nada o impede e não me venham com o Segredo da Justiça; trata-se de verificar a existência ou não de práticas desta natureza no mundo do futebol. O Bastonário da Ordem dos Advogados já reagiu rijo; parece que o Procurador-Geral lhe mandou instaurar um processo. Não sei é porque não levantam um processo ao Procurador-Geral da República por "azelhice". Já não sei o que diga mais Compatriotas; vai triste o país, ai isso vai.

Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho

As revistas cor-de-rosa são um veneno que deviam ser abulidas do planeta. Não sei se haverá algo pior do que passar-se o tempo a tentar saber a vida íntima e as relações pessoais de cada um que passou a ser vedeta de televisão, cinema, teatro, político, escritor ou simplesmente companheira de um qualquer presidente de clube de futebol. Às publicações cor-de-rosa só interessa o casa-descasa, na cama com quem, a nova namorade de, os "palitos" da e do, a roupinha que veste ou que despe, a celulite de A ou B, a plástica da Caneças ou da Aparício, os cabelos brancos do Pedro Santana Lopes. E por falar em Santana Lopes, imaginem vocês que uma revista dessas até se deu ao desplante de noticiar nada mais falso que o veredor social-democrata ter mudado de companheira. Que teria deixado a avenida de Roma e que já estaria a viver com uma Dina de trinta e poucos anos. Deve ser uma invenção cor-de-rosa porque ainda anteontem vi Pedro Santana Lopes no café do costume junto à sua residência... só se foi buscar a mala.

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Hugo Chávez vai agora obrigar 24 estações de televisão por cabo da Venezuela a transmitir os seus inenarráveis monólogos presidenciais. Este comportamento totalitário não surpreende. Já há uns meses o mesmo Chávez perseguiu e encerrou uma estação privada de televisão por esta ter um estilo tipo TVI… Na altura, cá na terra, Mário Soares aplaudiu o ditador dizendo que “Chávez, não fechou um canal de televisão. Apenas, no final da concessão, não lhe renovou a licença. Era um canal de uma imensa agressividade e impertinência para com o Presidente da República eleito.”
Ficamos à espera de saber se Soares opta agora por se retractar e condenar mais esta flagrante violação do direito dos venezuelanos a uma informação livre e pluralista, ou se a defesa da liberdade de expressão lhe passou a merecer o mesmo silêncio que a candidatura do seu camarada Alegre.


Rui Crull Tabosa, Corta-Fitas

Há cinco anos pedi à EMEL um dístico de estacionamento. Não tendo garagem, e não existindo estacionamento gratuito num raio de três quilómetros, sou forçado a deixar o meu carro em lugar pago. Recebi o dístico gratuitamente, por um período de três anos. O ano passado, António Costa decidiu instituir novas regras: dísticos válidos por apenas um ano e pagos: 6 euros para os cofres públicos. Pedindo por estes dias a renovação venho a descobrir que tivemos um aumento de 100% em 2010: agora, o dístico custa 12 euros. Esta situação é inaceitável. A imposição de uma taxa apenas se justifica quando o utente tem uma alternativa. É assim que sucede nas auto-estradas, por exemplo. Quem quer andar mais rápido e confortavelmente, paga por isso. Quem não quer, opta por outras vias, gratuitas. O que está aqui em causa é um abuso puro e simples, dado que não me resta alternativa senão pagar a referida taxa. O que é taxado não é o meu luxo de estacionar em lugar pago na minha rua, mas sim o facto de eu existir e ter um carro próprio, algo que, pelos vistos, a Câmara Municipal de Lisboa considera ser uma violação do bem público, de tal modo que exige uma punição oficial. Resta-me perguntar: e se, no futuro, Costa decidir aumentar o dístico para 500 euros por ano? Ou 2000? O que devo fazer? Encontrar forma de suspender o meu carro sobre a via pública? Levá-lo no elevador para a minha despensa? Ou quiçá explodir o dito veículo nos Paços do Concelho? Se calhar ainda me saía mais barato e sempre deixava a Câmara tranquila, tendo eliminado um desses bandidos que se atreve a comprar um automóvel.

José Gomes André, Delito de Opinião

A «Agência Ecclesia» noticia que o Papa Bento XVI visitou este Domingo a Sinagoga de Roma, e defendeu que «o Vaticano ajudou os judeus, muitas vezes de forma “escondida e discreta”, durante a II Guerra Mundial». E pronto: numa única e singela frase este Papa imbecil insultou a memória e vilipendiou a coragem, a honra e a dignidade de milhares de pessoas – sim, muitas delas católicas – que durante a noite nazi e o pesadelo do Holocausto ajudaram tantos e tantos judeus, se virmos bem todas elas bem conscientes de que o faziam frequentemente com o risco das suas próprias vidas. Na sua cegueira fanática de limpar a imagem de Pio XII, o Papa de Hitler, com o óbvio fito de o canonizar mal lhe arranje uma curazinha milagrosa a uma maleita qualquer, Ratzinger tem o autêntico desplante de fazer de conta que não sabe que a política oficial do Vaticano foi tudo menos ajudar os judeus. Muito pelo contrário, é perfeitamente conhecida a ajuda dada aos nazis fugitivos no final da Guerra – de Eichmann aos mais sanguinários comandantes de campos de extermínio – a quem foram concedidos passaportes diplomáticos do Vaticano que lhes possibilitaram a fuga para países da América do Sul. Não sem antes Pio XII ter tido o cuidado de celebrar uma Concordata com a Alemanha de Hitler, como sempre procurou fazer com todos os ditadores, o Vaticano ia mantendo um silêncio confrangedor tanto à «Noite de Cristal» como às atrocidades nazis que o mundo ia conhecendo com o desenrolar da Guerra. E se em 1939 o Vaticano concedeu vistos a cerca de 3.000 judeus que pretendiam fugir da Alemanha, só o fez depois de ter obtido garantias de que todos eles se tinham convertido ao catolicismo e já tinham sido convenientemente baptizados! Pois bem: Se Bento XVI sabe tudo isso muito bem, quando tem a autêntica lata de vir afirmar que «o Vaticano ajudou os judeus» isso só demonstra que este Papa não é sério e é de uma desonestidade intelectual a toda a prova. Só resta saber quem é que ainda se revê nesta tão curiosa espécie de «líder espiritual»…

Luís Grave Rodrigues, Diário Ateísta

Começa hoje um julgamento crucial para a nossa civilização. Gert Wilders, que vive rodeado de guarda-costas, que dorme em diferentes casas seguras, que é ameaçado de morte todos os dias, enfrenta, paradoxalmente, a acusação de "hate speech". Ou seja a pessoa que é de facto perseguida, é acusada de incentivar à perseguição. GW é importante porque é o mais emblemático político europeu que entendeu a natureza da ameaça que pesa sobre o nosso modo de vida e os nossos valores, sabe que a Europa balança entre os seus valores históricos e a possibilidade de vir a transformar-se num espaço islamizado e influenciado pela sharia, e decidiu agir. É importante, porque o seu partido passou de 6 para 16 % e é provável que a curto prazo se transforme no maior partido holandês, sendo possível que, como, 1º Ministro holandês, GW possa ter um papel histórico na liderança da reacção contra a ameaça que se avoluma sobre o continente. É importante porque é um libertário de direita e aquilo que defende é afinal a bandeira de Pim Fortuyn, um esquerdista, ex-comunista, homossexual, morto por um esquerdista intolerante, aliado objetivo do Islão. Gert Wilders é importante, porque é o exemplo do modo obsessivo como a aliança Islão-esquerda tenta demonizar todos aqueles que defendem ideias que não estão de acordo com a sua ortodoxia, insultando-os e adjectivando-os de "extrema-direita", "fascistas", "radicais", "islamófobos", etc. Neste julgamento, GW pode ser condenado e preso por incitamento, ele que passa a vida a fugir, justamente por temer as consequências do incitamento contra ele. É paradoxal, mas é isto que se passa na Europa. Um dirigente político, pode ser preso, por ser politicamente incorrecto e dizer livremente aquilo que pensa acerca da natureza da ameaça politica que o seu país enfrenta. Neste julgamento, ele representa todos aqueles que consideram que a sua civilização é melhor e deve ser defendida. Representa-me a mim.

O-Lidador, Fiel Inimigo

Nos outros clubes são os adversários que levam porrada nos túneis. No Sporting é entre eles e no balneário. É outra cultura. É civismo.

João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

2 comentários:

joãoeduardoseverino disse...

Pelo destaque com que me brinda, sempre a agradecer-lhe com sinceridade.
Aos amigos que ainda tenho em Macau (acreditem que tenho) envio um abraço.

Anónimo disse...

Estou a 100% com O Lidador e com Gert Wilders. Wilders também me representa a mim. A Europa transformou-se na casa de todos, excepto dos europeus. Todos vimos os cartazes de fundamentalistas muçulmanos em Londres, aquando da crise dos "cartoons" dinamarqueses sobre Maomé. Diziam coisas como "Vamos destruir a Europa" e ninguém se importou.

A única conclusão óbvia é que a Europa é o continente com maior liberdade de expressão, mas desde que não se seja europeu. Um continente que passou a estar a cargo de idiotas, portanto.