Agnes Lam deu uma entrevista na edição de hoje do Ponto Final, em que disse mais do mesmo. A única diferença é que esta é a primeira entrevista da professora de Comunicação da UMAC em ano de eleições, em que se posiciona, tal como se esperava, a um lugar na Assembleia Legislativa. Agnes Lam é uma personagem que tem nos últimos anos tem falado, estudado, lido, realizado estudos e feitos estatísticas. Tem feito uso da máxima "quem tem um olho é rei" (bem como outra gente bem mais modesta) e tem-se mostrado "anti-sistema", acenando com as bandeiras das liberdades e da representatividade política da tão falada "maioria silenciosa". O ano passado fundou a Associação de Energia Cívica de Macau (AECM), que parece uma sigla parecida com a Companhia de Electricidade de Macau (CEM), mas cívica.
Se a intenção inicial em formar esta associação não foi uma eventual candidatura à AL, então porquê formá-la? Não tinha Agnes Lam já protagonismo suficiente? Foi recentemente uma das "estrelas" da discussão da lei de segurança do estado, que veio mesmo a calhar. Não era já tida e ouvida? Não era já uma afirmada "so called" analista política? Até reconheço a legitimidade da senhora se candidatar à AL, mas porquê continuar a dar o dito por não dito, se a AECM não é mais que um pretexto para lançar uma candidatura? É óbvio.
Aliás Agnes Lam é especialista em constatar o óbvio: que o sistema não permite que uma grande fatia da sociedade esteja representada na AL, que o hemiciclo está cheio de empresários, que existe um gritante desinteresse da população (principalmente da mais jovem) pela política. Mas que contributo pode Agnes Lam e a sua associação dar de dentro para fora da AL? Mudar o sistema? Ser mais um voto ao lado do sector democrático (duvido)? Que novidades vai trazer a AECM junto de empresários, operários e kai-fong? Quando diz que "não pode estar a julgar e a jogar ao mesmo tempo", tem razão. É incompatível, mas ao mesmo tempo tentador.
E depois junto de que eleitorado se pode posicionar a associação a que Agnes Lam preside? Não será muita presunção pensar que há por aí uma espécie de eleitorado perdido, uma mina de ouro à espera de ser explorada por quem perceba realmente de política? Existirá assim tanta educação cívica que premeie quem queira trazer as necessidades reais da população e que peleje pelos seus direitos? Há vida no sector democrata além de Ng Kwok Chung ou Au Kam San? Ou muito me engano, ou em Setembro vamos ficar a saber.
Finalmente quanto à questão da eleição do próximo CE, Agnes Lam conjectura, adianta condicionantes e vantagens ou desvantagens que os eventuais candidatos possam ter, e lança uma semi-critica ao facto de nenhum dos candidatos ter apresentado um programa ou debatido ideias, ou de como ninguém "se assume". Numa coisa tem Agnes razão: a última palavra pertence a Pequim. E contra esse argumento não há tratados de ciência política que resistam.
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