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O “balut” é um petisco muito popular em alguns países do Sudeste Asiático, principalmente nas Filipinas e no Vietname, e também pode ser encontrado em certas partes do Laos e do Cambodja. Este “balut” consiste num ovo de pato cozido com o embrião da ave já em avançado estado de gestação. Sim, eu sei, isto não é para todos, e os defensores dos direitos dos animais vão trepar pelas paredes, mas trata-se de um aspecto cultural, e a meu ver menos cruel que a tourada, a até que a criação de frangos de aviário – estes pelo menos nunca chegam a sofrer.
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O “balut” pode-se ser adquirido junto de vendedores ambulantes ou em pequenas mercearias, e pode-se dizer que é uma iguaria de fabrico caseiro. O tempo que uma galinha ou uma pata levam a chocar um ovo é normalmente de três semanas, ou seja, 21 dias. Para evitar uma crueldade ainda maior, os ovos são chocados numa incubadora, e ao fim de nove dias são expostos a uma luz fluorescente para confirmar a presença do embrião. Por essa altura e até aos 12 dias, este embrião ainda não está completamente desenvolvido, mas há quem os consuma na mesma, e esta versão do “balut” é conhecida por “penoy”.
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Para os filipinos o tempo ideal de gestação para se confecionar o “balut” é de 17 dias, quando o embrião está envolvido por uma camada branca – e “balut” significa isso mesmo: “embrulho”, nos idiomas filipino e malaio. No Vietnam preferem esperar pelos 19 dias, e às vezes até ao último, e desde que o patinho não saia da casca, pode ainda ser cozido. Nesta versão mais radical é possível identificar praticamente toda a anatomia da ave. Esta versão na imagem é a filipina, e podemos identificar o embrião encolhido (com uma penugem preta), evolto na tal camada que parece conter partes da gema e da clara.
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Aqui podemos ver a placenta, presa na casca de onde saiu o embrião. Para se consumir este “balut”, que pode ser adquirido todas as sextas-feiras em algumas lojas filipinas de Macau por 10 patacas cada, começa-se por fazer um pequeno orifício na casca, e bebe-se o líquido amniótico. De seguida descasca-se lentamente, para evitar desfazer o embrião, e vai-se comendo, de preferência acompanhado de cerveja. O “balut” tem um elevado valor proteico, e os filipinos acreditam que dá energia, e serve ainda de afrodisíaco.
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E aqui está a cabecinha dele, como quem diz “Do que estás à espera? Come-me!”. Nas Filipinas o “balut” é confecionado de várias formas, desde frito ou em omelete, ou simplesmente com molho de chili e vinagre. Em alguns restaurantes é servido como aperitivo, e entra no recheio de alguma da pastelaria em certas regiões. Apesar do aspecto algo estranho, não tem um sabor agressivo, e a clara é muito mais rija que num ovo cozido convencional. Estômago todos temos, agora se o seu for resistente, prove o “balut”, se for capaz.
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