Um candidato a fiscal das finanças espreita o teste de um potencial Ao Man Leong.
Guilherme d’Oliveira Martins, antigo super-ministro dos governos PS que conquistou a simpatia dos portugueses devido à sua semelhança com Mr. Bean, é actualmente presidente do Tribunal de Contas, acumulando ainda a presidência do Conselho de Prevenção da Corrupção (CPC), que funciona junto daquele tribunal. Discursando no final da cerimónia de entrega de prémios do concurso “Imagens contra a corrupção”, aberto a estudantes dos três ciclos, Oliveira Martins abordou a questão do conflito de interesses, e falou na necessidade de sensibilizar os cidadãos de que “a corrupção pode começar num simples favor, e acabar num crime”. No fundo isto da corrupção é um pouco como a droga. Hoje recebem-se uns trocados para despachar um ofício, amanhã têm-se milhões de origem ilícita depositados nas Ilhas Caimão. O ministro da educação Nuno Crato, também presente na cerimónia, foi ainda mais longe. Referindo-se ao papel educacional de professores e pais na formação dos mais jovens, Crato referiu que o fenómeno da corrupção pode ser identificado “nos pequenos gestos”, dando como exemplo “copiar num exame”.
Deus nos livre destas teorias chegarem aos ouvidos dos responsáveis pelo combate à corrupção destas bandas. Da próxima vez que um aluno mais cábula espreitar o teste do colega de carteira, chama-se logo o CCAC. E não concordo com esta perspectiva. Um aluno estudioso e aplicado tem mais possibilidades de se tornar num grande corrupto, pois a sua eventual formação académica superior o fará mover-se pelos centros de decisão. Outro aluno mais preguiçoso que se vai safando nos estudos a copiar dos colegas será no máximo um pindérico que aceita meia dúzia de patacos para dar um carimbo. No fundo isto da corrupção tem muito a ver com o carácter do indivíduo, da capacidade de distinguir o bem do mal, e do próprio ambiente que o rodeia. Um funcionário que seja devidamente remunerado pelo seu trabalho dificilmente será corrompível. Mas com a recente austeridade que tem sido imposta aos portugueses, compreendo que estejam preocupados, lógico.
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