segunda-feira, 19 de março de 2012

Levadas


As autoridades de Macau, em conjunto com as suas congéneres da China, desmantelaram uma rede de prostituição que operava dos dois lados das Portas do Cerco. Foram detidos sete homens e "salvas" 41 mulheres, a maioria delas a "trabalhar" em Macau. Acho muito bem que se desmantelem redes de prostituição, em que lucram apenas os grandes "tubarões", normalmente indivíduos ligados às tríades, e as mulheres são, naturalmente, exploradas. São as vítimas destas redes sem escrúpulos, não é isso que está em causa.

Continuo é a torcer o nariz cada vez que ouço falar em "tráfico humano". Isto é uma coisa demasiado séria para ser confundida com o que se passa nesta região do globo. Basicamente a coisa processa-se nestes termos: algumas mulheres do continente são "convidadas" a vir trabalha para Macau. Algumas sabem perfeitamente ao que vêm, outras nem por isso, mas no fim de contas muitas vezes nem se importam. Se quando são apanhadas dizem que "foram obrigadas a prostituir-se", isso é perfeitamente normal. Queriam que dissessem o quê? "Sempre sonhei ser puta, desde pequenina"?

Quando penso em "tráfico humano", vem-me à memória este filme comLiam Neeson no papel principal, o excelente "Taken". Neeson, um ex-agente da CIA, viaja até à Europa em busca da sua filha, raptada por uma rede de tráfico de mulheres. O filme é obviamente dramatizado, mas não fica muito longe da verdade. Estas redes malévolas raptam jovens mulheres, drogam-nas, usam-nas e no fim cortam-lhes a garganta e livram-se dos corpos. Parece cruel, mas quem disse que a realidade é sempre bonita? É o mundo que temos.

Em Macau a prostituição é um negócio paralelo ao jogo. É impossível pensar Macau sem a prostituição, e já que esta não é legal, é normal que aconteçam casos de exploração. E como este há muitos outros em que a PSP nem ninguém consegue deitar a mão. Quem sabe se estes proxenetas agora a contas com a justiça não tinham as ligações certas? Em Hong Kong, mesmo aqui ao lado, há casos semelhantes, mas nem por isso a RAEHK figura nas listas negras do tráfico internacional de mulheres. Mas daí a chamar a casos deste tipo "tráfico humano" vai uma grande distância. É um palavrão feio, este que nos estão a chamar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Oh Leocardo que machista.
Então não leu que entre as vítimas estavam menores? Também acha que as menores queriam vir para Macau prostituirem-se de livre vontade?
Há por aí muitas mulheres que são forçadas, enganadas, devia ter aprendido alguma coisa com o filme que cita.
Nem parece seu...

Leocardo disse...

Já tinha saudades desse "nem parece seu". Estavam menores sim, e possivelmente foram obrigadas a prostituir-se, quem disse que não? Mas Macau é alguma ilha deserta ou algum paquete no meio do oceano de onde é impossível fugir ou pedir socorro? Uma mulher que seja obrigada a prostituir-se e não queira mesmo fazê-lo pode muito bem recusar-se e fugir. Quanto ao filme, sugiro que o veja, que o caso é muito diferente do dessas "menores" da China continental.

Cumprimentos.