Subiu hoje ao palco do Centro Cultural "Qui Pandalhada", a 22ª peça dos "Doçi Papiaçam di Macau", integrada no Festival de Artes de Macau. A homenagem de Miguel Senna Fernandes à "pandamania" que assolou o território no último ano marca também a renovação no elenco dos "Doçi", que não contaram em palco com alguns dos principais actores dos últimos anos: Germano Guilherme, José Luís Achiam, Paula Carion e Luís Machado. Para os seus lugares entraram Nuno Senna Fernandes (irmão mais novo do encenador), Ana Cardoso, Vanessa Gonzalez e Sharoz Pernancar nos principais papéis, além de duas outras estreias, como MSF tão bem referiu no final.
O argumento é talvez o menos bem conseguido desta rapsódia que foi "Qui Pandalhada". Duarte (Nuno Senna Fernandes) é manager do armazém da "Pandalândia", um parque criado para acolher as duas novas atrações da RAEM: os pandas "Kou Kou" e "Heng Heng" (os pandas originais chamam-se "Hoi Hoi" e "Sam Sam"). Tudo muda de figura quando Celina (Ana Cardoso) ocupa o lugar de Duarte, que é despromovido à sua posição inicial. Mais tarde vem-se a descobrir que Celina devia supostamente prostituir-se com os jogadores VIP (humor negro?), e os funcionários da "Pandalândia" resolvem ir protestar com a sua chefe.
A gerente desta "Pandalândia" é Grizelda (Babe Taborda, muito mais feminina que o habitual), coadjuvada por Martinho (Sharoz Pernencar, que esteve simplesmente brilhante). Grizelda e Martinho têm um plano: contratar 3000 trabalhadores do continente para construir campos de bambú nos lotes 7 e 8 do COTAI (ohohoh), e para isso precisam da autorização do director das Obras Públicas, um tal Hung Ka Sun (Shuen Ka Hung, get it?), interpretado pelo sempre cómico Herman Comandante. Para tal contrataram uma dançarina exótica colombiana (Vanessa Gonzalez), que supostamente seduzirá o director, Grizelda e Martinho tiram uma foto e depois fazem chantagem com Hung Ka Sun. Assim mais coisa menos coisa.
O argumento é no fundo o menos importante, pois "Qui Pandalhada" tem momentos bastante engraçados de crítica social a acontecimentos recentes do território. Assim tivemos piadas com os cheques, com a casa dos pandas, com as manifestações e até do recente protesto "face down" contra a qualidade do serviço da CTM, uma nota introduzida à última hora no guião, com toda a certeza. O grupo de pessoas que foi comigo considera esta a peça mais engraçada dos últimos anos. Eu concordo que terá sido a mais engraçada desde "Côza Dotor", de 2007, mas é difícil confiar no "risómetro" dentro do grande auditório do CC: a esmagadora maioria do público é amiga, conhecida ou até familiar dos actores.
Das interpretações só tenho bem a dizer. Nuno Senna Fernandes esteve competente no papel principal, ao mesmo nível de José Luis Achiam, uma nota abaixo de Germano Guilherme e uma nota acima de Luís Machado (curiosamente este peça não teve nenhum actor português nos papéis principais). Sharoz Pernancar foi, como já disse, a surpresa mais agradável. É a primeira vez que o vejo representar, e parecia um peixe na água, e tem imenso jeito para a comédia. Não sei bem porquê, mas fez-me lembrar um Mr. Bean dos melhores episódios. José Carion Júnior, Alfredo Ritchie, Sónia Palmer e Rita Cabral pintaram a manta, Nair Cardoso esteve óptima, e Carlos Alberto Anok Cabralf foi outra boa surpresa. Vanessa Gonzalez fez o papel de
femme fatale e esteve muitos pontos acima das suas antecessoras. Consegue ser bonita e sexy sem exagerar, e como dança a salsa, Deus meu. Um espectáculo dentro do espectáculo.
Os filmes foram mais uma vez de chorar a rir (a sério, com isto e com o ar condicionado, saí do CC com os olhos todos pegajosos). O primeiro é uma paródia do concurso "Quem Quer Ser Milionário", com Miguel Senna Fernandes e Luís Machado, o segundo é "Unchinho de Papiaçam", com Casimiro Pinto (Miro), e finalmente um "music video", com José Luís Achiam a interpretar uma nova versão de "Macau sã assi". Este último vídeo é não só hilariante mas muito bem conseguido, e rende homenagem a Macau antigo, de que todos temos imensas saudades. A peça foi mais curta este ano, e não incluíu os habituais vinte minutos de música ao vivo - uma decisão acertada, com respeito pelos músicos. Mesmo assim o espectáculo acabou perto das 11 horas. Gostei de "Qui Pandalhada", e renovo a confiança nos "Doçi Papiaçam" para nos divertirem e entreterem. Para o ano estou lá outra vez. Parabéns a todos!
PS: Não tivemos assim tantas piadas com "pandas" como seria de esperar, e a maioria já conheciamos. Mas só para recordar: sabem como se chama uma pessoa que trata dos panda? Um "pandalêro". E um remédio para a dor de cabeça dos pandas? PandaNol! Oh, oh, oh...
8 comentários:
Os manifestantes foi a coisa mais bem conseguida que já vi. Tal e qual como os verdadeiros, manifestam-se sob qualquer pretexto, sem saber muito bem sequer o que ali andam a fazer, e até se enganam no local sem dar por nada. Retrato fiel dos manifestantes idiotas de Macau.
Estás identificado, filho da puta!
Prepara-te para ficares sem os dentes, filho da puta!
Patético.
Esta malta passa-se? Qual é a necessidade disto anónimo das 11:25?
Ou mun ian tai lok chán.Traduzindo: Gente de Macau aldeão .
Ó anónimo das 11:25, estás a falar com o teu irmão?
A que proposito o comentario das 11:25?
É um palermóide que diz que sabe quem eu sou. Sou uma das mil e tal pessoas que estavam na sexta no CC. Se tivesse ido no Sábado dizia a mesma coisa. Tenho pena que esta secção de comentários não tenha servido para falar da peça. Paciência.
Cumprimentos.
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