domingo, 22 de maio de 2011

...e o mundo continua


O mundo não acabou ontem, como previu aquela seita cristã norte-americana, e ainda bem, digo eu. Não há nada mais certo do que a morte, é verdade, e o mundo acaba todos os dias para alguém, mas qualquer dia acaba mesmo de vez, isso posso garantir. Só que não foi ontem. Paciência, que assim reforça-se a ideia de que todas estas igrejas malucas são compostas de gente louca.

Quando era chavalo ouvia falar do fim do mundo muitas vezes, e como estávamos em meados dos anos 80, era sempre “no ano 2000”. O tal ano 2000, que não significa absolutamente nada, porque como se sabe ninguém começou a contar do ano 1 de absolutamente nada, e nem existem garantias que Jesus Cristo nasceu mesmo há exactamente 2011 anos, cinco meses e vinte e dois dias.

Estávamos nos tempos da Guerra Fria, e sendo que as duas potências beligerantes eram ambas armadas até aos dentes com ogivas nucleares, o fim do mundo podia ser mesmo quando um deles quisesse. A Guerra Fria acabou mas o perigo nuclear mantem-se, mas felizmente nos dias de hoje não passa pela cabeça de russos e americanos em mandar isto tudo pelos ares.

Uma das coisas que constatei nesse tempo foi que as pessoas que defendiam a inevitabilidade de um holocausto nuclear eminente eram pessoas com uma certa idade. Os mais novos estariam certamente na casa dos 40 anos, e lamentavam-se porque “os miúdos [nós] já não vão ver isto; é pena”. Uma geração pós-guerra que um dia achou que ia chegar a sua vez, como aconteceu com os seus pais e avós.

O tal pastor Harold Camping, que previu este fim do mundo, é ele próprio uma pessoa com uma certa idade (89 anos), e provavelmente está-se nas tintas para o prazo de validade do mundo. O pior que lhe pode acontecer é ser considerado “demente”, o que também não deve estar muito longe da verdade. Se calhar queria que o mundo acabasse com ele.

Uma colega minha, que foi mãe recentemente, leva estas coisas das previsões do fim do mundo bem a sério. É daquelas pessoas que cada vez que se dão dois terramotos e um tsunami seguidos, lê naquelas revistas cor-de-rosas parvas e outros media que credibilidade duvidosa que isto “são prenúncios do fim do mundo”. Digo-lhe sempre que tenha calma, pois na eventualidade do fim do mundo não ia ficar cá muita gente para se rir dela.

É interessante como desconhecemos a quantidade de catástrofes horríveis que terão acontecido nos últimos 500, 1000 ou mesmo 10 mil anos, quando não tinhamos acesso a esta verdadeira auto-estrada da informação que nos traz os terramotos, tsunamis ou furacões ao segundo. O que pensariam os primeiros hominídios de uma simples trovoada? Devia ser fim do mundo quase todos os dias.

2 comentários:

Anónimo disse...

mais uma prova para os cristãos-palermas de que deus não existe....

Pedro Coimbra disse...

O gajo fez mal as contas outra vez.
O problema dele é a matemática, está visto :))