domingo, 5 de dezembro de 2010

O homem dos sete instrumentos


Tenho estado ocupadíssimo para acompanhar as LAG deste ano, como gosto sempre de fazer, mas tenho recebido um pouco do que por lá é dito dos jornais. No final da semana que terminou ontem, esteve na AL o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U, um estreante nestas coisas de LAG. Cheong U herdou a pasta de que esteve encarregado durante dez anos o actual Chefe do Executivo, Chui Sai On, depois de ele próprio ter passado dez anos à frente do complicadíssimo CCAC.

Antes do fim do mandato de Edmund Ho como CE, adivinhava-se que esta pasta dos Assuntos Sociais e Cultura fosse dividida pelo menos em duas, uma para os Assuntos Sociais, e outro para a Educação e Cultura. Isto não aconteceu, infelizmente, e temos sentados na mesma bancada responsáveis por coisas tão díspares como a Saúde, o Turismo, a Educação e Juventude, a Acção Social, o Desporto e o Instituto Cultural. Questiono-me em que outro local do mundo o mesmo secretário ou ministro está encarregado ao mesmo tempo dos professores e dos médicos, dos artistas e dos operadores de turismo, dos assistentes sociais e dos desportistas. É uma tarefa herculea e ingrata, ser secretário dos Assuntos Sociais e Cultura.

Pedia-se que pelo menos a questão da saúde, que está na situação que todos conhecemos, ficasse a cargo de um técnico de saúde (chegou a sugerir-se o actual responsável pelos Serviços de Saúde), juntamente com a questão da acção social e do apoio aos mais desfavorecidos. Do outro lado podiam ficar a educação, a cultura, o turismo e o desporto. E mesmo assim seria algo difícil de gerir. Quanto à intervenção propriamente dita de Cheong U, não fica muito a dizer. O secretário que quando tomou posse disse que ia gerir a sua pasta “com transparência” (algo somenos importante que “competência”) sofreu da manifesta inexperiência em estar frente a frente com o hemiciclo.

Foi particularmente infeliz o apelo feito à população para que seja mais “grata” ao trabalho do Governo, pois só assim consegue ser “mais feliz”. Julgando o futuro pelos ciclos políticos da RAEM, certamente que se sairá melhor para o próximo ano, e ainda melhor no outro, e por aí fora. Cheong U foi o comissário do CCAC durante uma década, e tudo indica que a sua nomeação para esta pasta tenha sido uma espécie de recompensa. Compreendo e respeito esta mentalidade oriental da “face”, mas só não concordo que esta seja a decisão política acertada. Mas tudo bem.

Finalmente um pequeno reparo ao historial de pessoas encarregadas destas áreas. Durante o tempo do generalíssimo tinhamos o comandante (ou era almirante? Não interessa) Salavessa da Costa, no primeiro e segundo governo da RAEM tivemos Chui Sai On, e agora temos Cheong U. Os profissionais e amantes da cultura em geral são muito críticos da forma como se tem trabalhado nesse sentido, e quiçá gostariam de ter alguém com um pouco mais de sensibilidade nestas matérias.

Durante o período de Chui Sai On na frente desta pasta fez-se uma travessia do deserto, com Heidi Ho na frente do Instituto Cultural. Agora com Ung Vai Meng esperam-se coisas boas, e vejamos se não é já este ano que vamos assistir a uma verdadeira “Revolução Cultural” em Macau. No bom sentido, claro está.

6 comentários:

pedro china disse...

nos tempos da outra senhora, além da Salavessa da Costa nesta na mesma área tinha outro secretário-adjunto José Alarcão Troni...

Anónimo disse...

Digamos que é uma pasta que não tem tido resultados práticos muito evidentes ao longo dos anos. Macau não é um marco da cultura, do desporto e muito menos da educação. Resultados precisam-se. E já!

AA

Pedro Coimbra disse...

Quando li o título do post ainda pensei que era sobre o Matt Johnson :)

Anónimo disse...

que saudades de nadar no Mondego!

Pedro Coimbra disse...

Anónimo das 21:07,
Quando era garoto, foram muitos os finais de semana em que, juntamente com a família e amigos, fui para a Mata do Choupal fazer umas patuscadas e nadar no Rio Mondego ("Basófias").
Depois da construção do açude tornou-se perigoso (perdi um bom amigo por afogamento quando as comportas abriram de repente).
Mas as saudades, e as memórias, são mais que muitas.

Anónimo disse...

Coimbra sempre