domingo, 21 de fevereiro de 2010

Olha! É "essa música"!


Este vídeo que temos em cima não é mais do que uma versão em cantonense do "My Sharona", dos The Knack, que como é sabido, o vocalista morreu a semana passada. O intérprete desta versão de "My Sharona" é Alan Tan, uma das estrelas pop da região vizinha de Hong Kong. Recentemente descobri dois ou mais cantores a interpretar uma versão de "A-Ba-Ni-Bi" em cantonense. Esta canção venceu o festival da Eurovisão em 1979 e é originalmente interpretado por Izhar Cohen. Já ouvi versões em cantonense de "Hallelujah" dos Milk & Honey, "Enola Gay" dos OMD, imitações chinesas dos Guns n'Roses, dos Aqua e mais recentememnte de Lady Gaga, enfim, estes gajos não param de se reeinventar. Ou será apenas roubar?

O problema desta apropriação de música estrangeira e a consequente adaptação aos gostos indígenas é incorrecta, pois não deixa qualquer pista de que a música não é original deles. A primeira vez que encontrei este problema foi enquanto ouvia "The Latest Trick" dos Dire Straits (c. 2001) e a minha mulher dizia-me que esta era a música de entrada de uma novela qualquer chinesa que passava na TVB na altura. O que realmente acontece é que os artistas pop de Hong Kong, os comediantes e as séries de televisão roubam descaradamente melodias estrangeiras já existentes, dão-lhes letras em cantonense e só faltava assinarem como suas, uma vez que ninguém se vai dar ao trabalho de procurar os intérpretes originais.

Um amigo contou-me que no início dos anos 80 passava um programa de vídeos da MTV muito bom na TVB ao Sábado à noite. Nessa altura era só preciso juntar uns amigos em casa, comprar bebidas, colocar o som do televisor no máximo, e fazia-se uma discoteca improvisada. Entretanto passados alguns anos, ao que parece, aprovou-se uma lei qualquer em HK que dava primazia aos artistas "da casa", e os adolescentes passaram a ouvir menos música anglo-saxónica. Chegaram mesmo a aparecer artistas que decalcavam completamente os temas de artistas como os Wham!, Prince ou Madonna completamente para chinês.

Isto levou a que por um lado os jovens tivessem menos contacto com a língua inglesa, e por outro lado levou ao aparecimento de artistas como Andy Lau, Jackie Cheung, Faye Wong ou o próprio Alan Tam, que produziam pop completamente em cantonense, e enchiam salas de concertos com milhares de fãs. Daí que tenhamos hoje estes artistas como Joey, Bosco, Bobo Chan ou Raymond Lam. Que nos emprenhem pelos olhos com progamas de entretenimento copiados dos horríveis game-shows japoneses é uma coisa, mas pelo menos podiam fazer qualquer coisa de novo e original com a música.

4 comentários:

Anónimo disse...

Início dos anos 80? Afinal, parece que a estupidificação começou em plena administração britânica. Curioso...

Leocardo disse...

Coisas da RTHK. Em Hong Kong também "sempre houve" patriotas.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Alguém sabe se estes artistas pagam direitos de autores pelas músicas que copiam?

Só um atrasadinho é que vai ouvir a versão copiada em vez da original?

AA

Anónimo disse...

È por isso que nunca gostei dos cantores e bandas de hong kong porque todos eles copiam musicas dos ocidentais.A unica banda de Hong Kong que realmente não copiava de ninguem era a banda BEYOND,a melhor banda de sempre de hong kong na minha opinião